SÓ JESUS NA CAUSA

                Nunca antes o mundo sentiu tanta necessidade de Deus quanto nos dias atuais. Até na vida política, até nas causas tidas como efêmeras, circunstanciais ou alheias às questões de fé. O bordão repetitivo e oportunista de certas campanhas grita aos ouvidos moucos de muitos ouvintes indiferentes: queremos Deus, queremos Paz, queremos Justiça, queremos fraternidade!… Onde está Cristo e sua doutrina de amor e solidariedade? Onde está a fé do povo que se diz cristão? E Paulo, diante do caos que dominou Roma e domina todos os sistemas servientes aos poderes humanos, ousou proclamar em alto e bom som: “A fé vem da pregação” (Rom 10,17).

                Exatamente essa é a questão levantada nesse mês missionário e Dia Mundial da Missão (23.10.2022) além do Ano Jubilar Missionário que estamos celebrando. Diz o lema desta Campanha que “A Igreja é missão” e nos convida a refletir sobre a grande responsabilidade missionária do cristão diante da realidade do mundo: “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Nesse desafio reside a fé da Igreja. Papa Francisco, conhecedor da força e das fraquezas que permeiam as ações eclesiais, aponta-nos os pilares que sustentam a obra cristã. “Por isso, na evangelização, caminham juntos o exemplo de vida cristã e o anúncio de Cristo. Um serve ao outro. São os dois pulmões com que deve respirar cada comunidade para ser missionária. Esse testemunho completo, coerente e jubiloso de Cristo será seguramente a força de atração para o crescimento da Igreja” … escreve em sua mensagem para esse dia. Exorta-nos a retomar duas das virtudes dos primeiros evangelizadores: coragem e ousadia!

                Ao assumir com coragem os desafios que a fé exige, um só é nosso sentimento, a alegria. Da mesma forma a ousadia da fé coerente nos proporciona esse mesmo sentimento, alegria. Portanto, alegria e ousadia ou coragem e alegria tornam-se sinônimos da verdadeira vida de fé. De qualquer forma, a alegria estaria sempre presente. Diz o Papa: “Com efeito, segundo a narração de Atos, foi precisamente a seguir à descida do Espírito Santo sobre os discípulos de Jesus que teve lugar a primeira ação de testemunhar Cristo morto e ressuscitado, com um anúncio querigmático (de alegria) o chamado discurso missionário de São Pedro aos habitantes de Jerusalém. Assim começa a era da evangelização do mundo por parte dos discípulos de Jesus, que antes apareciam fracos, medrosos, fechados”.

                Mesmo em situações aparentemente caóticas e contraditórias com sua fé, ao cristão exige-se a transparência de uma esperança imorredoura. A incerteza bate à porta? Coragem! As contradições turvam o melhor caminho? Ousadia na escolha ainda é uma opção coerente! Não lhe sobram alternativas? Jesus assumiu sua cruz por livre e espontânea vontade; tinha poderes para afastá-la! Enfim, seja qual a encruzilhada que os caminhos da fé nos apresentem na vida, há sempre uma alternativa que a pregação cristã nos inspira a trilhar, desde que nos deixemos guiar pela ação do Espírito da Verdade. Nada disso foge dos ensinamentos de nossa fé, pois é ela a luz que não se esconde. Como diria Jesus: “O Advogado, que eu mandarei para vocês de junto do Pai, é o Espírito da Verdade que procede do Pai” (Jo 15,26). Ou, como nos escreve hoje nosso Papa: “O Espírito é o verdadeiro protagonista da missão: é Ele que dá a palavra certa no momento justo e sob a devida forma”. Portanto, Igreja não faz proselitismo, nem política…  Igreja missionária apenas prega, repete o que Cristo nos deixou como doutrina. Nada mais! “Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça!”

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