Síria, um pedaço da guerra mundial

O Papa Francisco chama a atenção para o sofrimento extremo do povo sírio e, ao mesmo tempo, lembra aos líderes mundiais e a todos nós que o conflito na Síria não terminou.

Silvonei José – Cidade do Vaticano

Nos dias passados o Papa Francisco demonstrou mais uma vez quanto o destino da população da Síria está presente no seu coração e pensamento, e quanto segue com atenção e oração o sofrimento deste povo que há 9 anos vive a tragédia da guerra dentro de casa. O Santo Padre enviou uma carta ao presidente sírio Bashar al-Assad, entregue em Damasco pelo card. Peter Turkson, prefeito do Dicastério para o desenvolvimento humano integral, acompanhado pelo núncio na Síria card. Mario Zenari.

Entre os muitos líderes mundiais, como de costume, é o Papa Francisco quem mostra a maior preocupação para com a tragédia do povo sírio e do Oriente Médio. O Papa exprime profunda preocupação pela situação na Síria, com especial referência às condições humanitárias da população civil em Idlib.

O Papa Francisco chama a atenção para o sofrimento extremo do povo sírio e ao mesmo tempo, lembra aos líderes mundiais e a todos nós que o conflito na Síria não terminou. A atenção dada pelos meios de comunicação internacionais está diminuindo drasticamente. E após nove anos de guerra, a situação continua dramática. E se em muitas áreas as armas se silenciaram, o grito desesperado da miséria não para. Se das bombas se pôde procurar abrigo, ninguém escapa da pobreza. Na Síria, o povo, mesmo onde as bombas já não caem, está sob ameaça de uma guerra econômica. As bombas já não caem em Damasco, Homs e noutros lugares, mas há a bomba da pobreza. De acordo com a ONU essa bomba atinge 80% da população síria, forçada a viver abaixo do limiar da pobreza.

Segundo o núncio a “Síria é um pedaço desta guerra mundial que é verdadeiramente muito, muito preocupante”. Basta pensar na Segunda Guerra Mundial que durou de 1939 a 1945. Na Síria entramos no nono ano de conflito com imenso sofrimento para a população de todas as religiões e etnia. Devido às suas grandes proporções de mortes, feridos, deslocados, esta guerra é a maior e mais grave catástrofe humanitária provocada pelo homem desde os tempos da Segunda Guerra Mundial. Há mais de seis milhões de pessoas deslocadas internamente, 5 milhões delas nos países vizinhos. Nos últimos três meses são mais de 300 mil os deslocados em Idlib.

A carta do Santo Padre ao presidente sírio tem, antes de tudo, um valor humanitário e de proximidade ao sofrimento da população civil,  em particular a da província de Idlib, onde, se não se detém os combates, corre-se o risco de uma catástrofe humanitária de enormes proporções, disse o núncio. Na área, de fato, há cerca de 3 milhões de civis encurraladas entre duas potências de fogo.

A primeira coisa, então, é a proximidade ao sofrimento e o apelo à observância do direito humanitário internacional que, entre outras coisas, prevê a proteção da população e infraestruturas como escolas, hospitais, mercados. Do ponto de vista diplomático a carta é um convite a redobrar os esforços, antes de mais nada, para deter o imenso sofrimento da população civil e para protegê-la, e então encontrar uma solução política.

Em seis anos de Magistério, são muitas as imagens que o Papa Francisco ofereceu ao mundo para que não se esquecesse da desumana guerra na Síria. O Papa se faz voz da esperança, de paz, de compromisso não escondendo as dificuldades do diálogo entre as partes e o grande risco de transformar o conflito em uma “perseguição brutal” das minorias religiosas.

A preocupação do Pontífice é dirigida também aos refugiados e aos deslocados que fogem da guerra e da violência que “cria novas feridas, cria novas violências”.

Dezoito dias depois da sua eleição, na mensagem Urbi et Orbi o Papa recordou “a amada Síria” e a população ferida pelo conflito, mas também “os numerosos refugiados, que esperam ajuda e consolo”.

“ Quanto sangue foi derramado! E quantos sofrimentos ainda deverão acontecer antes que se consiga encontrar uma solução política à crise? ”

Um pergunta muito repetida com o passar dos anos e que ainda espera uma resposta.

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