Servos do Rebanho, não Senhores

    Os discípulos foram enviados por Jesus para que pregassem o Reino de Deus, ou seja, para que todos os homens e mulheres fossem chamados para fazerem parte da família de Deus, porque todos são objeto do amor misericordioso e compassivo de Deus, acima das fronteiras, culturas, línguas e, inclusive, das religiões. Essa é a grande mensagem profética de Jesus.
    Isso é o que nós, discípulos de Jesus do século XXI, devemos pregar. Somos profetas a serviço da reconciliação e da união no seio da família de Deus.
    Não somos profetas de desgraças nem de divisões, mas do encontro e da fraternidade.
    A primeira e a segunda leitura do décimo sexto domingo do Tempo Comum iluminam esse aspecto de nossa missão. Na primeira leitura, Deus se dirige aos líderes do povo. Não cuidaram do rebanho, dividiram-no e o dispersaram. Por isso, Deus anuncia que reunirá as ovelhas dispersas e que colocará à frente do rebanho pastores que cuidem dele e o mantenham reunido. A leitura é concluída com o anúncio da chegada de um rei pastor que fará justiça ao rebanho. É a justiça de Deus que consiste em dar a cada um não o seu, mas tudo o que necessita para crescer, realizar e desenvolver de maneira plena esse imenso dom que o próprio Deus nos deu de presente: a vida.
    E a carta aos Efésios fala de Cristo como o eixo ao redor do qual se reconciliam os dois povos que estavam separados: o judaico e o pagão. Era a grande divisão que se vivia no tempo de Jesus. De um lado estavam os que se sentiam proprietários das promessas de Deus, do outro, os excluídos. Havia incompreensão e inimizade entre os dois povos. A mesma leitura afirma que Jesus reuniu, por seu sacrifício, os dois povos, derrubou o muro que os separava e que fora feito de ódio, fez as pazes entre os dois e criou um novo povo, que deve trazer a paz.
    É Cristo quem reconcilia os povos. É aquele que a todos atende cheio de compaixão porque os vê como “ovelhas sem pastor”. A nós cabe continuar sua missão e ser profetas a serviço da reconciliação.
    No mundo e em nossa nação, em nosso bairro e em nossa família, cada vez que conseguimos que alguém se reconcilie, estaremos sendo cristãos de verdade. Ser cristão é ser criador de perdão, fraternidade e reconciliação.