Ser Sal da Terra e Luz do Mundo

    Ao refletirmos sobre o chamado de Deus para cada um de nós, cristãos católicos batizados, é importante reconhecer que a vocação não se limita apenas ao sacerdócio ou à vida consagrada. A vocação leiga religiosa é uma parte vital e indispensável da missão da Igreja. Os leigos, como participantes da missão de Cristo, são chamados a ser “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13-14), vivendo sua fé no meio do mundo e transformando-o à luz do Evangelho.

    Desde os primeiros tempos da Igreja, os leigos desempenharam um papel essencial na difusão do Evangelho e na construção do Reino de Deus. No Concílio Ecumênico Vaticano II, a Igreja reafirmou a importância e a dignidade da vocação leiga, reconhecendo que todos os batizados, em virtude do seu batismo, são chamados a ser discípulos missionários de Cristo. A vocação leiga religiosa, portanto, é uma resposta ao chamado de Deus para viver a santidade no dia a dia, no trabalho, na família e na sociedade.

    Os leigos são chamados a santificar o mundo a partir de dentro, levando a presença de Cristo aos diversos ambientes em que vivem e trabalham. São chamados a ser testemunhas vivas da fé, da esperança e da caridade, transformando a sociedade com os valores do Evangelho. Esta missão é tão nobre e necessária quanto a dos sacerdotes e religiosos, pois é através dos leigos que o Evangelho penetra em todos os setores da vida humana.

    A vocação leiga religiosa se manifesta de muitas formas. No seio da família, os leigos são chamados a viver o amor conjugal e familiar como um reflexo do amor de Cristo pela Igreja. No local de trabalho, são chamados a ser honestos, justos e caridosos, agindo sempre de acordo com os ensinamentos de Cristo. Na vida social, são chamados a ser promotores da paz, da justiça e da dignidade humana.

    Os leigos têm uma responsabilidade especial em trazer os valores cristãos para a esfera pública. Eles são chamados a participar ativamente na vida da sociedade, promovendo o bem comum e defendendo os direitos dos mais vulneráveis. Na política, na economia, na educação e na cultura, os leigos têm a missão de ser fermento que leveda a massa, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

    Para viver plenamente sua vocação, os leigos precisam de uma sólida formação espiritual e doutrinal. A Igreja oferece inúmeras oportunidades para essa formação, através de grupos de oração, cursos, retiros e movimentos eclesiais. É essencial que os leigos busquem constantemente aprofundar seu conhecimento da fé e sua vida de oração, para que possam ser verdadeiros discípulos missionários.

    Além disso, os leigos são chamados a participar ativamente na vida da Igreja, colaborando com os pastores em diversas atividades pastorais e de evangelização. Muitos leigos exercem ministérios como catequistas, ministros extraordinários da Comunhão Eucarística, e em diversas obras de caridade. Através de seu apostolado, os leigos são instrumentos de Deus para levar a mensagem do Evangelho a todas as pessoas, especialmente àquelas que estão distantes da fé.

    A vocação leiga religiosa é, acima de tudo, um chamado à santidade. Cada leigo é chamado a buscar a perfeição cristã, vivendo o Evangelho de forma radical e comprometida. O Papa Francisco nos lembra frequentemente que todos somos chamados a ser santos, e que a santidade se vive nas pequenas coisas do cotidiano: “A santidade é o rosto mais belo da Igreja”.

    Os leigos são chamados a ser santos na simplicidade do dia a dia, sendo fiéis a Deus nas pequenas e grandes escolhas da vida. São chamados a viver uma vida de oração, frequentando os sacramentos, especialmente a Eucaristia e a Confissão, e a cultivar uma profunda relação com Cristo. Assim, poderão ser verdadeiras testemunhas do amor de Deus no mundo.

    Caros irmãos e irmãs, a vocação leiga religiosa é uma expressão do amor de Deus por nós e de nossa resposta a esse amor. É uma vocação nobre e necessária, que enriquece a Igreja e transforma o mundo. Que cada leigo, consciente de sua missão, possa viver plenamente sua vocação, sendo sal da terra e luz do mundo.

    Peço a Deus que todos os leigos, consciente da missão sinodal que somos chamados pelo Papa Francisco, neste ano da oração, em preparação para o Grande Jubileu da Esperança em 2025, possam ser abençoados e fortalecidos em sua caminhada de fé. Que Maria, Mãe da Igreja, interceda por todos nós, para que possamos responder com generosidade e alegria ao chamado que Deus nos faz.

    +Anuar Battisti
    Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

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