O célebre Doutor da Igreja Santo Tomás de Aquino afirma: “A soberba, mais do que um pecado capital, é rainha e raiz de todos os pecados. A soberba geralmente é considerada como mãe de todos os vícios e, em dependência dela, se situam os sete vícios capitais, dentre os quais a vaidade é o que lhe é mais próximo: pois esta visa manifestar a excelência pretendida pela soberba e, portanto, todas as filhas da vaidade têm afinidade com a soberba”.
Foi sob a forma de orgulho que o pecado entrou pela primeira vez no universo, por meio do coração de Satanás, e produziu frutos imediatos de voluntariosidade e rebelião (Is 14,12-14; Ez 28, 12-17). Foi por meio da tentação do orgulho que Satanás primeiro seduziu Eva (Gn 3, 6) e, assim, soprou esse veneno mortal na raça humana. O orgulho se manifesta na exaltação e justificação de si mesmo diante de Deus e do homem. É a sutil e evasiva influência por trás de muitas das obras da carne. Leva rapidamente à desobediência a Deus. Quando contrariado ou humilhado, dá lugar a inveja e amargura. A fim de justificar-se, não hesitará em caluniar ou falar mal dos outros. Para atingir seus fins, pode facilmente rebaixar-se a hipocrisia e engano (1 Tm 4,2).
O orgulho é fecundo em todos os tipos de distúrbio e divisão entre o povo de Deus. É, talvez, o maior inimigo do avivamento e o mais difícil de diagnosticar e tratar. A coisa mais enganosa no mundo é o coração do homem (Jr 17, 9), e só Deus pode realmente conhecê-lo. O orgulho está na constituição, no DNA da natureza humana, e somente o Espírito de Deus pode expô-lo. Não adianta tentar sondar o próprio coração, mas só clamar a Deus como Davi: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139,23.24).
Muitas das aflições que surgem no nosso caminho, quer espirituais, quer mentais ou físicas, são apenas a poderosa mão de Deus sobre nós com o objetivo de nos quebrantar diante dele. “Recordar-te-ás de todo caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou… para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração…” (Dt 8, 2). Se tais experiências de deserto servirão a esse propósito divino ou não vai depender da nossa atitude para com a mão que nos aflige. Se nós pudermos beijar essa mão e dizer: “e que com fidelidade me afligiste” (Sl 119,75), seu propósito será, seguramente, alcançado. Mas a mão que amolece um coração pode endurecer o outro, assim como o sol que derrete a cera endurece, ao mesmo tempo, a argila.
Você está resistindo ao tratamento de Deus na sua vida? Lembre-se, os poderes de resistência divinos são infinitamente maiores do que o seu. “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Sujeitai-vos, portanto, a Deus” (Tg 4, 6-7). Se você está consciente de qualquer espírito de orgulho, agora é a hora de lidar com ele. Antes de ler mais um parágrafo, curve os joelhos diante do Pai e confesse tudo o que sabe sobre isso. “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte” (1 Pd 5, 6).
Tiago nos lembra que deve haver honestidade transparente, sinceridade e abertura sobre este passo, pois diz: “Humilhai-vos na presença do Senhor” (Tg 4, 10). Se nós simplesmente fizéssemos isso perante os homens, poderíamos ser secretamente orgulhosos da nossa humildade; mas não se pode brincar com Deus, pois “o homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração” (1 Sm 16, 7), e ele “pesa todos os feitos na balança” (1 Sm 2, 3).
Humilhar a si mesmo não é tomar um lugar mais baixo do que o que nos convém, mas simplesmente tomar o lugar que nos é adequado diante de Deus; não pensar de nós mesmos mais do que devemos pensar, mas pensar “com moderação” (Rm 12, 3). Isso significa que ocupamos aquele espaço que nos convém como criaturas diante do nosso Criador, como pecadores diante do Deus Salvador, como filhos diante do Pai Celestial. Será que estamos dispostos a tomar esse lugar? Este é o lugar onde arar o solo endurecido começa. Este é o primeiro passo, dispendioso, mas indispensável, para que venha o avivamento; e aqueles que estiverem indispostos a enfrentá-lo devem também deixar de pensar ou falar mais sobre buscar o avivamento.
Você reconhece a importância do passo, mas sente que a exortação não se aplica a você? Então, você pode ser um dos que mais precisam dar atenção à ordem: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar… então, eu ouvirei dos céus, perdoarei… e sararei.” (2 Cr 7, 14). O avivamento sob Josias ocorreu quando o rei teve a iniciativa de humilhar-se perante Deus: “Assim diz o Senhor, porquanto o teu coração se enterneceu, e te humilhas-te perante Deus… também eu te ouvi, diz o Senhor” (2 Cr 34, 26.27). Esse tem sido sempre o caminho para a bênção. Quando o povo de Deus se humilha em arrependimento, ele os exalta em avivamento (Jr 33, 6).
Escreveu o renomado avivalista Rev. Arthur Wallis: “Deus não apenas aviva “o espírito dos humildes”, mas também “o coração dos contritos”. Quando em humildade tomamos nosso devido lugar diante de Deus, ele pode, então, trabalhar conosco de uma maneira que teria sido impossível antes. O coração fica preparado para esse quebrantamento (ou aração) que gera o avivamento. Para o coração humilhado diante de Deus ou, pelo menos, pronto para ser humilhado, chega uma nova revelação da infinita santidade de Deus e da excessiva maldade do pecado”.
De forma abissal disse o Príncipe dos Pregadores Charles H. Spurgeon: “Vocês podem ficar com suas visões, êxtases, danças e arrebatamentos para vocês; o único sentimento que eu desejo ter é profundo arrependimento e fé humilde”.
De fato, o coração quebrantado, humilhado diante de Deus e a mente tomada pela fé humilde, o avivamento é a certeza de uma vida que vai transferir pelo exemplo e pela pregação da Palavra de Deus a poderosa renovação e muito mais, o reavivamento que todos nós necessitamos. É urgente um grande reavivamento! O mundo precisa contemplar vidas profundas com Deus!