SEMELHANÇA, OU MERA COINCIDÊNCIA?

Com assombro assistindo ao fervilhar avassalador das notícias que são transmitidas pelos meios de comunicação em nosso País, percebemos que a situação politica e o jogo de intrigas provocadas pelas narrativas dúbias (pouco confiáveis) estão corroendo o tecido social, criando entre nós uma sociedade amorfa e medrosa.

Quais seriam as razões que têm mantido o povo brasileiro num estado de subserviência, refém dessa “síndrome do capacho”? Um estado de coisas em que os que têm o poder de decisões pisam e limpam seus pés sobre o povo, denegrindo a imagem sagrada do Divino no ser humano… Uma perda do respeito e da dignidade frente ao próximo. Pessoas são tratadas como objetos descartáveis, destinadas a satisfazer mórbidas vontades: após o seu uso e abuso, lixeira! Pensemos!

Como podemos fazer despertar, conscientizar e mobilizar uma população para torná-la cada dia mais responsável pela qualidade de vida e o bem-estar de todos, incluindo a ecologia? Para isso temos diante de nós alguns questionamentos pertinentes à realidade em que vivemos, e que nos desafiam.

O que dizer das toneladas de lixo que ficam espalhadas pelas praias nos fins de semana, ou após os shows ou outro tipo de concentrações populares? Como explicar o índice crescente de acidentes de trânsito que têm em sua causa a embriaguez alcoólica, ou o uso de drogas?

E os motoristas sem habilitação fomentadores de rixas e brigas no trânsito? E o que dizer do suborno oferecido àqueles que fiscalizam e são responsáveis pelo serviço público ou privado, que se encontram à frente dos órgãos governamentais a serviço da população garantindo a segurança e o exercício dos direitos dos cidadãos?

Como explicar o aumento dos índices de violência urbana, acentuada no âmbito doméstico, em que crianças e mulheres são agredidas, violentadas e mortas por homens violentos e justiceiros que vivem soltos, aterrorizando e fazendo novas vítimas?

Incrível é ver nos coletivos das grandes cidades o descaso para com os idosos, as grávidas, as pessoas com necessidades especiais, sendo desprezadas e submetidas a viajar em pé, uma vez que não lhes é respeitado o direito preferencial ao assento nos coletivos, conforme prescrito em lei.

E o que dizer dos maus tratos aos animais que, indefesos, são abandonados, totalmente perdidos e entregues à própria sorte? O que dizer dos crimes contra a ecologia: a contaminação dos rios e córregos, o lançamento de lixos e esgotos a céu aberto, o descaso com as plantas e árvores, os jardins abandonados… e as queimadas provocadas por interesses financeiros e pela maldade humana.

E o mais inacreditável é ver, escutar e presenciar a postura de uma parcela desses representantes do povo em todas as esferas da estrutura da sociedade, somando-se as pessoas influentes e com poder decisão… Um posicionamento atrelado aos meios de comunicação e à imprensa negacionista com sua rede de colaboradores trabalhando para manter a população informada e mal-formada, através de suas narrativas falsas, e suas criativas e mirabolantes fakenews.

As grandes emissoras de telecomunicações elaboram programas de entretenimento que são verdadeiros anestésicos das consciências e deturpadores da liberdade e mantendo o povo como verdadeiros escravos de um sistema ideológico e corrupto a serviço do Mercado e das grandes oligarquias mundiais criando o grande e vergonho escândalo que é o abismo entre os pobres e os trilionarios do mundo

Esse flash acima exposto, das feridas abertas da sociedade em que vivemos pode servir como um chamado às consciências. Uma motivação para um despertar dessa força do Bem que cada um de nós carrega como um DNA genético, e que se encontra hibernando, inerte e paralisado pela crença do fatalismo que, ao longo da História, tem justificado que “um dia tudo ficará melhor”’. E, assim o inconsciente coletivo (cabeças feitas) procura justificação no determinismo religioso com a crença de que “no céu ninguém mais irá sofrer e não mais irá chorar”…

Mas, no silêncio do coração, bem lá no profundo, a voz do Altíssimo se faz ouvir: “Onde está o teu irmão Abel”? Podemos até ouvir a voz de Caim, respondendo ao Senhor: “Não sei. Eu, porventura, sou o guarda do meu irmão”? “Vós sois todos irmãs e irmãos.” (Mateus 23,8). Assim, qualquer semelhança é mera coincidência…

Padre Luiz Roberto Teixeira Di Lascio

Arquidiocese de Campinas – São Paulo

Assessor da Pastoral Carcerária Arquidiocesana

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