O ano de 2025 surge no horizonte como uma especial oportunidade dada pela providência de reavivar nos corações a chama da esperança. Na noite de Natal, o Papa Francisco abriu na Basílica de São Pedro a Porta Santa, inaugurando o Jubileu do ano santo de 2025, ressaltando que com a vinda do Salvador “a porta da esperança foi escancarada para o mundo” e a partir de então “Deus diz a cada um: há esperança também para ti! Há esperança para cada um de nós.”[1]Em nossa arquidiocese nós abrimos o Ano Santo no Domingo da Sagrada Família em uma belíssima celebração desde o Largo da Carioca (diante do Convento Santo Antônio) até a grande participação em nossa Catedral Metropolitana com a entrega dos símbolos às igrejas jubilares e às todas as paróquias. Começamos a viver o nosso Ano Santo da Esperança.
É dentro desse contexto jubilar que nossa arquidiocese se prepara para celebrar no próximo dia 20 de janeiro a festa São Sebastião com a trezena de 7 a 19 de janeiro. A vida do padroeiro dos cariocas surge como um verdadeiro testemunho de esperança cristã. Vivendo num momento de grande adversidade, dado o contexto da perseguição do Império Romano aos cristãos, demonstrou coragem, intrepidez, perseverança e fidelidade à fé. Seu duplo martírio, primeiro pelas flechas, depois com a decapitação, poderia ser visto, na lógica humana, como uma derrota. Os olhos da fé, porém, nos fazem ver adiante. No primeiro martírio, a esperança surge com um gesto solidário: jogado no rio como se estivesse morto, foi resgatado por Santa Irene, cuidado de suas feridas pela comunidade cristã. No segundo martírio, a esperança é a promessa do encontro com Senhor mesmo que disse: “para que onde eu estiver, estejais também vós” (Jo 14, 3).
Também hoje, muitas são as adversidades enfrentadas pelos cristãos. Perseguições, contravalores, ideologias, polarizações e outras atitudes que tentam enfraquecer a fé são postas como barreiras à esperança. Também no âmbito social a desesperança surge com a violência, a pobreza e tantas outras situações que parecem ter a última palavra. São Sebastião, porém, nos ensina que a vivência das virtudes teologais da fé, da esperança e da caridade é a resposta efetiva daqueles que encontraram a vida nova trazida por Cristo Jesus.
Desde o início, essa cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, que em 1º de março de 2025 completa seus 460 anos, testemunha que a intercessão de seu padroeiro é um constante sinal de esperança. Já o demonstra a antiga tradição da batalha das canoas, onde diante da adversidade da invasão estrangeira, São Sebastião surge do céu para defender o povo carioca. E em outros momentos, como nos períodos de pestes e enfermidades, tais como a gripe espanhola no início do séc. XX, ou a pandemia de COVID-19 em 2020, o Rio de Janeiro sabe que tem no céu um especial protetor que roga por essa cidade, tão ferida por muitas flechas, mas com um povo que sabe contornar as dificuldades com alegria, fé e esperança. O exemplo de São Sebastião faz do carioca um forte diante das vicissitudes que viver nesta bela cidade, porém com suas mazelas e violências.
O Jubileu de 2025 nos convida a recordar que somos “peregrinos de esperança.” Ao longo da trezena, São Sebastião peregrina com a réplica de sua imagem histórica pelas mais diferentes realidades de nossa grande cidade. São paróquias e capelas em bairros de todas as regiões, hospitais, presídios, asilos, centros de socioeducação para menores, escolas, instituições culturais, repartições públicas, enfim, tantos são visitados pela imagem missionária, convidados a ver em nosso santo soldado um sinal de que a luta cristã pelo bem não é perdida, mas é vencida pela esperança que, como nos ensina o Apóstolo, não decepciona (Rm 5, 5). O nosso pedido a São Sebastião, nesse ano santo jubilar, pode ser resumido naquele trecho de seu hino, que com tanto fervor cantaremos no dia 20: “Grande fé, esperança e fortaleza/ pelos lares cristãos acendei!”.
É um tempo de missão popular que abre o novo ano, este ano da esperança de 2025! Uma missão que atinge a todos e nos convida para sermos aqueles que levam o Cristo como esperança para nossa cidade. Que a Igreja unida assim viva e assim caminhe servindo como sinal para o povo que aqui vive e caminha.
Uma Santa Trezena para todos! E no dia 20 vamos demonstrar nosso entusiasmo e compromisso com a grande procissão da tarde pelas ruas centrais de nossa cidade com São Sebastião, peregrino da esperança.
[1] Papa Francisco, Homilia na Missa da noite de Natal, 24 de dezembro de 2024.