São José, homem justo!

    Durante a Quaresma, temos algumas festas solenes que nos ajudam a viver ainda mais a renovação de nossa vida cristã nessa caminhada de conversão. Uma delas, que vivemos há poucos dias, é a de São José. Ele me acompanha desde o início de minha vida como padroeiro de cidades, e, atualmente, está muito presente no coração do clero carioca devido ao seu patrocínio do nosso seminário. Durante a celebração desse dia junto com os seminaristas, formadores e padres, pude recordar a importância da resposta pronta com atos ao Plano de Deus, como foi a de São José e nossa missão hoje.
    São José é padroeiro universal da Igreja Católica presente no mundo inteiro. Por que razão São José se tornou um santo querido e com muita veneração popular? Por que ele foi escolhido pelo Pai Eterno para ser o guarda fiel e providente dos seus maiores tesouros: o filho de Deus e a Virgem Maria. Esta missão ele a cumpriu com muita dedicação e fidelidade.
    A majestade Divina entra no mundo através da Família de Nazaré, cujo guardião era José. Algumas lições podem ser extraídas da vida de José. A primeira lição é a proximidade com o menino Jesus. José carregou Jesus, Filho de Deus, nos braços! Esta proximidade e intimidade com Jesus, do qual é Pai adotivo, marcou-o profundamente. Podemos dizer que a santidade de Jesus contagia José. Hoje, também devemos carregar, não só nos braços, mas no coração, nos lábios e na cabeça, a pessoa de Jesus.
    A segunda lição é do silêncio. José é chamado o santo do silêncio. O evangelho não registra nenhuma palavra dita por ele. Ele respondeu com atitudes. Porém, viveu seu caminho de santidade na simplicidade, na humildade e no silêncio de Nazaré. Necessitamos cultivar a estima pelo silêncio, essa admirável e indispensável condição do espírito. Somos, hoje, assediados por tantos clamores, ruídos e gritos da vida moderna barulhenta e estressante.
    O silêncio de Nazaré ensina-nos o sentido do recolhimento, da interioridade e da disposição para escutar a Deus e aos irmãos.   Assim como nos capacitamos para falar bem, devemos, também, nos capacitar para escutar bem as pessoas. É o que nós chamamos de escuta empática: sentir o que o outro sente.  O Evangelho só nos diz isto dele: Era um homem justo. Sempre sóbrio em palavras, o Evangelho é ainda mais sóbrio do que de costume ao falar de São José. Dir-se-ia que este homem, envolto em silêncio, inspira silêncio. O silêncio é o seu louvor, o seu modo de ser, a sua atmosfera.
    A terceira lição é a vida familiar. Notamos em José uma presença atenta, carinhosa e permanente junto de Maria e do Menino Jesus. Era sua missão: proteger e guardar com fidelidade a Sagrada Família. Foi admirável a coragem de José em deixar tudo e seguir para o Egito, a fim de proteger o Menino Jesus. Ele disse com atos o seu “sim” e foi fiel à sua missão mesmo durante as perseguições e dificuldades.
    Foi uma pessoa de muita fé e coragem! A família de Nazaré nos ensina como deve ser uma família hoje: Uma escola de fé e de amor. Um lugar onde Cristo está presente e é a razão maior de tudo o que está ao redor. O caminho da família hoje passa por esse exemplo: a Família de Nazaré. O mundo necessita ver famílias que assim testemunhem o Senhor presente no seio da vida familiar. Grande parte dos jovens que hoje são vítimas ou algozes não teve um núcleo familiar aconchegante e digno.
    A quarta lição é a responsabilidade no trabalho. Jesus era conhecido como o “filho do carpinteiro”. A identidade de José foi o trabalho. Por isso, é patrono dos Artesãos e daqueles que ganham o pão com o suor do rosto. Este apelido de José nos lembra de que o trabalho é parte da identidade humana. Somos conhecidos também pelo que fazemos.
    O trabalho dignifica o homem e aperfeiçoa a obra criadora de Deus. O amor ao trabalho ajuda moldar o caráter das pessoas. Por isso, precisamos imprimir nas pessoas a cultura do trabalho. Deus criou o homem à sua imagem e semelhança e o colocou no mundo para ser o senhor da criação e administrá-la com seu trabalho. Neste sentido, o trabalho é instrumento de santificação do homem, transformação do mundo e glorificação de Deus.
    Nestes tempos difíceis, lembrai-vos de nós, São José; intercedei com orações junto de vosso Filho adotivo, para que não faltem postos de trabalho e vida para todos!
    Façamos a oração a São José: “Glorioso São José, digno de ser entre os santos com especialidade venerado, amado e invocado, pelo primor de vossas virtudes, eminência de vossa glória e poder de vossa intercessão, perante a Santíssima Trindade, perante Jesus, vosso Filho adotivo, e perante Maria, vossa castíssima Esposa, minha Mãe terníssima. Tomo-vos hoje por meu advogado junto de ambos, por meu protetor e pai, proponho firmemente nunca me esquecer de Vós, honrar-vos todos os dias que Deus me conceder, e fazer quanto em mim estiver, para inspirar vossa devoção aos que estão a meu encargo. Dignai-vos, vo-lo peço, ó pai do meu coração, conceder-me vossa especial proteção e admitir-me entre vossos mais fervorosos servos. Em todas as minhas ações assisti-me, junto de Jesus e Maria favorecei-me, e na hora da morte não me falteis, por piedade. Amém”!