A ousadia é uma virtude que impulsiona as pessoas que acreditam na força da vida. Ousadas são aquelas pessoas que não admitem viver como água estagnada e contaminada: vivem numa constante intranquilidade, sempre na busca do elã vital que move e conduz o ser humano à felicidade plena. Entendem que parar é entrar em processo de decomposição e estado vegetativo, é viver na terra dos mortos vivos.
O “entregar os pontos”, como se diz no ditado popular, nada mais é que, viver dentro de um prazo de validade imaginário, diante da realidade do enfraquecimento da corporeidade. É o incômodo de conviver com os ais e guais das dores, o aumento das queixas e murmurações. Lembranças nostálgicas do passado, o angustiar-se diante das rugas e dos cabelos brancos, da calvície… A dependência dos óculos e dos implantes… Tudo contribui para um sentimento de desânimo e o auto abandono. Tudo em consonância, em letra e música, com a paródia da canção: “Deixa a morte me levar…. Leva eu…”
Contemplando a vida de São José, percebemos o quanto as suas atitudes ousadas e corajosas o ajudaram a enfrentar os desafios da missão que lhe fora confiada. A coragem de crer no apelo do anjo, em diferentes situações na vida de Jesus e de Maria. A ousadia da fuga para o Egito, quando abandonou tudo para aventurar-se por terras estranhas. O retorno após a morte de Herodes e o recomeço do cotidiano de sua vida. Ousadia é ter a coragem de dizer “sim” ao Plano de Deus, em nome da salvação da humanidade.
A obediência de José é algo fascinante que conquista os corações de todos os que passaram a conhecê-lo ao entrar em contato com sua vida e missão. Outro dado marcante de sua personalidade que nos encanta a todos é o seu silêncio, que ficou como uma marca registrada no mundo dos místicos e dos sedentos pela santidade.
O silêncio é fruto da arte de saber escutar. É a atitude de atenção e respeito à voz de Deus, num mundo abarrotado de ruídos, que sufocam o coração humano impedindo-o de respirar e de sentir o amor e a ternura divina. É sentir-se tocado pela graça de ser amado e escolhido a fazer parte do projeto do Reino de Deus.
José foi um cooperador na prodigiosa obra da salvação da humanidade. Seu jeito simples de ser, seu amor e respeito pelas Escrituras Sagradas, cativaram o coração de Maria e de Jesus.
A ousadia é um dom que capacita os seres humanos a enfrentar a vida com fé e coragem e a não esmorecer frente aos desafios e vicissitudes do cotidiano. É uma arma poderosa dos que procuram alinhar a sua vontade e sonhos à vontade de Deus. José com a sua pedagogia de artesão, acompanhou resolutamente o adolescente e jovem Jesus de Nazaré, transmitindo-lhe os valores da dignidade humana e da santidade, e ajudando-o a forjar sua personalidade e caráter.
Jesus deixou-se impregnar pela mística do “jamais esmorecer, aconteça o que acontecer” de seu pai adotivo. A ordem era prosseguir sempre com os olhos voltados para o alto e os pés postos a caminho. Com sua ousadia, São José continua a provocar seus escolhidos e admiradores. Uma vez conquistados por este Santo de Deus, aprendemos a jamais perder a ternura de viver, buscando sempre e em tudo cumprir a Vontade de Deus.
São José não falha! Esse santo é aclamado como o “Santo dos Impossíveis!” Sua atitude de perene silêncio é um exemplo que continua arrastando milhares de devotos no mundo, como verdadeiros discípulos e missionários de Jesus Cristo. Incontáveis são os fiéis e ardorosos devotos, defensores da vida, alicerçados na espiritualidade de comunhão que clamam:
Salve José!, agraciado por Deus, o Senhor é convosco. Bendito sois vós entre os homens, e bendito é o fruto do vosso piedoso coração, Jesus. São Jose, pai adotivo de Jesus, olhai e cuidai de nós agora e na hora de nossa morte santa. Amém.
Pe. Luiz Roberto Teixeira Di Lascio
Arquidiocese de Campinas–SP