São Joaquim e Sant’ Ana

    No dia 26 de julho, celebramos a memória de Sant’Ana e São Joaquim, pais de Nossa Senhora e avós de Jesus. De Ana, não temos nenhum dado histórico. Seu nome aparece no Protoevangelho apócrifo de São Tiago. São Joaquim tampouco é mencionado no texto sagrado; como Ana, ele aparece pela primeira vez nesse mesmo evangelho apócrifo. Sua festa passou a ser celebrada no Ocidente a partir de 1522.

    Ana e seu marido, Joaquim, já estavam em idade avançada e ainda não tinham filhos, o que, para os judeus da época, era motivo de desgosto e também de vergonha. Os motivos são evidentes: os judeus esperavam a chegada do Messias, como previam as Sagradas Profecias. Assim, toda esposa judia esperava que dela pudesse nascer o Salvador e, para isso, deveria dispor das condições para servir de instrumento aos desígnios de Deus, caso Ele assim desejasse. Por essa razão, a esterilidade causava sofrimento e vergonha, e é nessa situação que encontramos o casal.

    Mas Ana e Joaquim não desistiram. Rezaram por muito tempo, até que, quando já estavam quase perdendo a esperança, Ana engravidou. Pouco se sabe sobre a vida deles, pois só começaram a ser mencionados a partir do século II, e apenas nos escritos apócrifos, que não fazem parte da Bíblia. Esses textos revelam os nomes dos pais da Virgem Maria, que viria a ser a Mãe do Messias.

    No Evangelho, Jesus diz: “Pelos frutos conhecereis a árvore”. Assim, não foram necessários outros elementos para descrever a santidade de Joaquim e Ana, senão o testemunho de vida santa da filha, Maria. Afinal, Deus não escolheria pais sem princípios ou dignidade para fazer deles instrumentos de sua ação.

    Maria, ao nascer no dia 8 de setembro de um ano desconhecido, não apenas retirou dos ombros dos pais o peso de uma vida estéril, como também os recompensou pela fé, ao ser escolhida para, no futuro, tornar-se a Mãe do Filho de Deus.

    A princípio, apenas Santa Ana era comemorada, e mesmo assim em datas diferentes no Ocidente e no Oriente: em 25 de julho pelos gregos e no dia seguinte pelos latinos. A partir de 1584, São Joaquim também passou a ser cultuado, inicialmente no dia 20 de março. Foi apenas em 1913 que a Igreja determinou que os avós de Jesus Cristo deveriam ser celebrados juntos, no dia 26 de julho. Desde 1969, essa data foi fixada oficialmente no calendário litúrgico. Em algumas regiões, seu culto e devoção são muito vivos. Atualmente, há muitas igrejas dedicadas a eles, pois a tradição nos leva a reverenciar os avós de Jesus, que prepararam aqui na terra a Mãe do nosso Salvador.

    Sobre os pais da Virgem Maria, a Bíblia não oferece nenhum dado direto. O Protoevangelho de São Tiago, livro apócrifo do século II, nos transmite uma tradição: nele se narra o nascimento milagroso de Maria, de pais estéreis. Um anjo aparece a Joaquim, após quarenta dias de jejum no deserto, e anuncia que sua oração foi ouvida. Enquanto isso, Ana o espera na Porta Dourada de Jerusalém. Percebe-se que esse relato é inspirado na narrativa da concepção de Samuel (cf. 1Sm 1).

    O papel dos avós na vida das crianças é muito importante. A sabedoria popular costuma dizer que avó é mãe duas vezes, pois é mãe da mãe ou do pai. O mesmo vale para o avô. Na casa dos avós, é comum a transmissão da fé católica. A fé viva dos avós inspira filhos, netos e bisnetos. Isso é graça santificante de Deus, por meio da missão dos vovôs.

    Na sociedade moderna, esses valores correm o risco de se perder, especialmente diante do grande número de divórcios. Cabe àqueles que ainda valorizam a família incutir nos filhos o carinho pelos avós, pois eles podem ter um papel essencial na formação do caráter dos netos, auxiliando os pais. Por isso, rezemos por todos os nossos avós e confiemos sempre na importância da pessoa idosa, por sua santidade e experiência, na vida de todos nós.

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