“O sacerdote é o amor do coração de Jesus” (SJMV)
Celebramos no dia 4 de agosto de 2025 a memória litúrgica de São João Maria Vianney, ou simplesmente o santo Cura d’Ars, padroeiro de todos os padres. Ele é chamado assim porque foi enviado a esse vilarejo, Ars, que ninguém queria assumir pastoralmente, marcado pelo pecado, com bares, casas noturnas, prostituição, entre outras situações degradantes. Como nenhum sacerdote havia conseguido exercer ali seu ministério com êxito e, como não se acreditava muito nas capacidades de João Maria Vianney, foi ele o escolhido para a missão, na suposição de que logo pediria para deixar o local.
Durante sua formação, São João Maria Vianney foi, de certa forma, desacreditado. Tinha dificuldades com o latim e só falava um dialeto francês, uma linguagem mais simples, menos culta. Ainda assim, foi ordenado sacerdote e, conforme mencionado, enviado a Ars. Ao chegar, encontrou uma cidade mergulhada no pecado. As pessoas haviam abandonado a Igreja e frequentavam bordéis e boates. Com coragem, Vianney iniciou sua missão: ia atrás das pessoas nos bordéis, em suas casas e pelas ruas.
João Maria Vianney passava até doze horas por dia no confessionário e se alimentava basicamente de batatas e água. Foi um pároco zeloso e admirável. Em poucos meses, transformou a realidade da cidade, levando muitos à conversão. Com isso, até mesmo aqueles que duvidavam de sua vocação passaram a reconhecê-lo com admiração.
Peçamos a intercessão de São João Maria Vianney por todos os padres, para que possam se espelhar no exemplo desse grande santo: sejam párocos zelosos, acolham o povo de Deus e busquem a santidade. Rezemos para que nunca faltem padres, pois, sem sacerdotes, não há Eucaristia, e sem Eucaristia, não há Igreja. Confiemos à intercessão de São João Maria Vianney todos os padres privados de seu ministério. A Igreja não pode abandonar os sacerdotes que enfrentam privações.
Neste ano, a memória de São João Maria Vianney será celebrada em uma segunda-feira. Aproveite para cumprimentar o pároco de sua paróquia e agradecê-lo pela dedicação ao ministério e pelo serviço àquela porção do povo de Deus. Além das saudações, reze uma Ave-Maria por ele, pedindo que Nossa Senhora passe à frente e abençoe seu ministério. Lembre-se também dos padres que o batizaram, acompanharam sua primeira comunhão, ouviram sua confissão ou celebraram seu matrimônio. A celebração pelo Dia do Padre pode se estender ao longo da semana, pois a primeira semana de agosto é dedicada ao ministério ordenado.
O mais importante é rezar por todos os sacerdotes, para que Deus os abençoe e os ajude a seguir em frente mesmo diante das tribulações. Muitas vezes, não sabemos o que se passa na vida de um padre — suas lutas, dores e limitações — e, por isso, julgamos atitudes sem conhecer o contexto. Por isso, meus irmãos, não apenas nesta semana, mas durante todo o ano, rezemos pelos padres. E antes de julgar, busquemos entender. Não propaguemos notícias falsas que ferem a honra e o ministério dos sacerdotes. A principal ação que o povo de Deus pode realizar é rezar pela perseverança de seus pastores.
Rezemos, ainda, pelos padres idosos, doentes e por aqueles impedidos de exercer publicamente o ministério, para que Deus lhes dê forças e, mesmo afastados, possam configurar suas vidas à de Cristo e encontrar a verdadeira alegria.
Aproveitemos o mês de agosto, dedicado às vocações, para rezar especialmente pela vocação sacerdotal. Que os jovens de hoje se encantem por Jesus e desejem segui-Lo mais de perto. Que nossos seminários estejam repletos de vocacionados dispostos a doar a vida em favor do povo santo de Deus. Peço, de modo especial, orações pelos seminaristas de nosso Seminário Arquidiocesano São José, que, com a graça de Deus e sob a proteção de Nossa Senhora, serão os futuros sacerdotes de nossa amada Arquidiocese.
O sacerdote deve ter o “cheiro de ovelhas”, como nos recordava o saudoso Papa Francisco. Isso significa que o padre não pode se limitar ao templo ou à casa paroquial; ele deve ir ao encontro do povo, especialmente das ovelhas perdidas e feridas. O trabalho incansável, unido à oração, à Missa diária e à recitação do terço, sustenta a vocação e o ministério do sacerdote.
São João Maria Vianney nasceu em 1786, em Dardilly, na França. Era o quarto de seis filhos de Mateus e Maria. Desde a infância, nutria o desejo de ser sacerdote. Viveu num período difícil, durante a Revolução Napoleônica. Conta-se que sua primeira comunhão foi feita às escondidas, dentro de um celeiro, durante uma Missa clandestina.
Enfrentou a resistência do pai para ingressar na vida religiosa, mas, com a ajuda de seu zeloso pároco, entrou no seminário diocesano de Écully aos vinte anos. Como começou a estudar muito tarde — só foi alfabetizado aos dezessete — teve grandes dificuldades em acompanhar as disciplinas, especialmente filosofia e teologia. Era visto pelos professores como um camponês rude e incapaz de acompanhar os estudos.
Em 1815, foi ordenado sacerdote, mas com a restrição de não poder ouvir confissões. Três anos depois, essa limitação foi suspensa, e ele pôde exercer plenamente o ministério. Foi enviado como pároco para Ars, uma aldeia com má fama, onde reinavam os vícios, a bebedeira e a indiferença religiosa. O envio para lá foi uma forma de colocá-lo num lugar onde, aos olhos dos superiores, “nada daria certo”.
Contudo, Padre Vianney transformou essa realidade. A Igreja passou a encher, e formavam-se filas no confessionário, onde ele chegava a permanecer por até 16 horas. Alimentava-se de batatas e ovos cozidos. Sua missão era clara: levar o perdão e a misericórdia de Deus aos corações.
Sua fama de santidade se espalhou por toda a Europa. Muitos peregrinavam até Ars para vê-lo e confessar-se com ele. João Maria Vianney vivia aquilo que pregava. Por isso, como Jesus, pregava com autoridade. Jejuava e orava, oferecendo sacrifícios pelas almas de seus fiéis. “Vou dizer-lhe qual é a minha receita: dou aos pecadores uma pequena penitência e o resto faço eu no lugar deles”, dizia ele.
Vianney ficou conhecido como o Cura d’Ars porque curou aquela cidade de seu pecado. Viveu 40 anos de vida sacerdotal e faleceu em 1859, aos 73 anos. Foi canonizado pelo Papa Pio XI em 1925, embora já fosse venerado como santo, e proclamado padroeiro de todos os sacerdotes. Desde então, sua festa marca também o Dia do Padre.
São João Maria Vianney era francês. O amado Papa Leão XIV, por ocasião do jubileu dos sacerdotes da província eclesiástica de Paris, escreveu uma mensagem encorajando os padres a radicarem sua vida no amor pessoal por Jesus. Suas palavras merecem destaque:
“Para alcançar este objetivo, nas difíceis — e frequentemente desafiadoras — condições eclesiais e sociais que estão vivendo, eu os convido a radicar a sua vida e o seu ministério num amor sempre mais forte, pessoal e autêntico por Jesus, que os fez seus amigos e os configurou a Ele para a eternidade; e num amor generoso e sem reservas por suas comunidades, um amor marcado pela proximidade, pela compaixão, pela doçura, pela humildade e pela simplicidade, como muitas vezes nos recordou o saudoso Papa Francisco.”
O Papa também pediu aos sacerdotes que cultivem a fraternidade, a caridade e a oração pela unidade da Igreja:
“Deste modo — prossegue o Papa Leão — vocês serão críveis, mesmo que ainda não sejam santos, e tocarão o coração de pessoas distantes, conquistarão sua confiança e as levarão ao encontro com Jesus.”
O convite do Papa é claro: cultivar a fraternidade sacerdotal, manter um elo de caridade com os bispos e rezar incessantemente pela unidade da Igreja. Por fim, invoca o Espírito Santo para que ajude os sacerdotes a renovar todos os dias o dom generoso que fizeram de si mesmos no momento da ordenação.
(Fonte: Vatican News — Acesso em 24 de julho de 2025)
Celebremos com alegria a memória litúrgica de São João Maria Vianney, e peçamos sua intercessão por todos os sacerdotes, para que perseverem em sua vocação e sirvam com alegria e entusiasmo ao povo de Deus. Que possamos respeitar e apoiar todos os padres, pois são eles que nos conduzem mais perto de Deus. Que a Trindade Santa, pela materna intercessão de Nossa Senhora das Alegrias e de São João Maria Vianney, abençoe todos os sacerdotes com saúde, fidelidade e ardor missionário-evangelizador, levando a esperança do Evangelho!