São Francisco de Sales entendeu que o crescimento real muitas vezes acontece silenciosamente, nas horas invisíveis, onde o esforço encontra a confiança
Estamos constantemente verificando, atualizando e medindo. Subimos na balança após cada treino, folheamos nossa caixa de entrada em busca da resposta tão esperada ou damos uma olhada em nossa conta bancária na esperança de um avanço. É como se estivéssemos sempre procurando provas de que nossos esforços estão valendo a pena, que nosso trabalho árduo está movendo a agulha.
Mas e se abandonarmos esse hábito? E se nos concentrarmos no trabalho em si, sem a necessidade ansiosa de acompanhar cada centímetro do progresso?
São Francisco de Sales tinha uma abordagem muito particular para esse tipo de paciência: “Tenha paciência com todas as coisas, mas antes de tudo consigo mesmo”. Ele entendeu que o crescimento real geralmente acontece silenciosamente, nas horas invisíveis, onde o esforço encontra a confiança.
Não se trata de desistir de seus objetivos ou ignorar o feedback. Trata-se de resistir ao impulso de pairar sobre suas esperanças, verificando constantemente se há sinais de vida. Afinal, não vemos nossos músculos crescendo em tempo real ou sentimos nossas mentes se aguçando a cada livro que lemos. Essas coisas levam tempo e seu impacto muitas vezes se revela apenas em retrospectiva.
Esta paciência está profundamente enraizada na tradição cristã. O Catecismo da Igreja Católica, ecoando as Escrituras, ensina que “a fé é a realização do que se espera e a prova das coisas que não se veem” (Hebreus 11,1, CIC 146). Este é um lembrete direto de que nem toda coisa boa vem com prova imediata. Às vezes, as sementes que você planta hoje florescem muito depois de você parar de procurá-las.
Considere a vida dos santos, muitos dos quais trabalharam em silenciosa obscuridade, nunca vendo o impacto total de seu trabalho.
Santa Teresa de Lisieux passou sua curta vida em um mosteiro carmelita, em grande parte desconhecido do mundo. No entanto, seu “Pequeno Caminho” de atos humildes e ocultos de amor passou a inspirar milhões, tornando-a uma Doutora da Igreja. Certa vez, ela escreveu: “Não tenho medo da minha fraqueza. Só tenho medo de confiar em minhas próprias forças.” Ela entendeu que nosso valor não é medido por resultados visíveis, mas pelo amor e intenção que derramamos em cada momento.
Viver assim é como ser um fazendeiro. Depois de plantar as sementes, o agricultor não pode apressar a chuva ou comandar o sol. Ele trabalha diligentemente, confiando que o fruto virá em seu próprio tempo. Da mesma forma, somos chamados a fazer nossa parte – plantar, regar e cuidar – sem tentar controlar o que só o tempo e a graça podem trazer.
Então, da próxima vez que você sentir vontade de verificar seu progresso, faça uma pausa. Respire. Confie que o trabalho que você está fazendo, por mais invisível ou não celebrado, está construindo algo bom. Como o agricultor, você está plantando sementes que florescerão em sua estação, mesmo que você nunca veja a colheita completa. E nessa rendição silenciosa, você pode encontrar uma liberdade mais profunda – a liberdade de voar às cegas.