O compromisso com Nosso Senhor Jesus Cristo e seu projeto de amor, levou Afonso Maria de Ligório a investir no essencial, naquilo que não só humaniza, mas que torna a pessoa segura e convicta, na perseguição do projeto de Deus Pai. Quando alguém é amado por Deus, leva em si mesmo, uma vontade misteriosa de sair do próprio egoísmo e experimentar a alegria servir e de amar os irmãos e irmãs, tendo na mente e no coração o grande sonho de Deus para a humanidade, o da glória futura, sem jamais se esquecer: “Ao Senhor eu peço apenas uma coisa e só isso que eu desejo, habitar na sua casa do Senhor, por toda minha vida, para sentir-me maravilhado diante da sua bondade. Ele me guardará no seu templo e me colocará em sua presença” (Sl 27, 4-5).
Santo Afonso Maria de Ligório viveu deste modo, soube corresponder, com sua inteligência raríssima e privilegiada, com o coração cheio de fé e bondade; primogênito de uma família numerosa, da nobreza italiana, da cidade de Nápoles; recebendo uma esmerada educação e formação, no campo das ciências humanas, línguas clássicas e modernas, pintura e música, conseguindo nos seus estudos rápidos e surpreendentes progressos, tornando-se advogado bem jovem, logo colhendo os frutos no fórum de Nápoles. É importante destacar no jovem uma profunda e intensa vida de oração, fazendo cada ano o seu retiro espiritual. Por sua inigualável sabedoria, também foi considerado o homem das letras, de tal modo que tudo concorre em Afonso Maria de Ligório, para que o amor de Deus cresça, desenvolva e se faça dom não só para si, mas para toda humanidade. Ele quer ser feliz, indo ao encontro de Deus, que se revelou e se manifestou, mas pessoas do seu tempo, em especial, os pobres e sofredores.
Em um determinado momento tomou a firme decisão de abandonar a advocacia e dedicar-se à arte de salvar as almas, a “Arte das Artes”. Estudou Filosofia e Teologia e aos trinta anos foi ordenado sacerdote, vivendo o ministério em profunda coerência com seu lema: “Deus me enviou para evangelizar os pobres”. A partir daí colocou seu rigor intelectual e sua oratória a serviço do reino de Deus, na sua ação vigorosa, como prodigioso escritor, deixando 120 obras publicadas, destacando-se pelo seu tratado de teologia moral, que o transformou num mestre, de sabedoria incomparável. Homem de Deus, pela que sua santidade percebeu a realidade dos empobrecidos, logo surgindo-lhe a ideia das missões populares, com objetivo levar a boa nova da salvação aos que viviam na ignorância, longe do conhecimento da fé e da esperança, reveladas por Nosso Senhor Jesus Cristo. Conhecido como apóstolo do culto à Eucaristia e à Virgem Maria, levando também o povo de Deus à meditação das realidades últimas: morte e juízo, inferno e paraíso. E ainda a vida de oração e a vida sacramental. Imprimiu nas pessoas com quem conviveu a marca indelével do amor de Deus
Santo Afonso fundou a Congregação dos Padres Redentoristas em 1732. Eles são numerosos, com presença no mundo inteiro, homens generosos, que procuram encarnar o Evangelho, sempre sensíveis aos clamores dos empobrecidos, excluídos e marginalizados da nossa sociedade. Aqui em Fortaleza, temos a alegria e a graça de contar com o trabalho e a presença dos religiosos da referida congregação, de importância incomensurável. Santo Afonso Maria de Ligório viveu uma longa vida, morrendo com mais de noventa anos de idade (1696-1787), deixando-nos um grande legado. Como mestre dos bons costumes, da ética e da moral, pensou e desejou que sua mensagem, herança inestimável e inquestionável, deixada para a humanidade, chegasse, enquanto possível, a todas as pessoas do planeta, através do Evangelho, anunciado pelos os seus filhos, os missionários redentoristas, sempre sensíveis ao clamor de uma multidão de gente, que vive em busca da vida, da vida e vida em abundância (cf. Jo, 10, 10).
Escutar com o coração significou para Afonso Maria de Ligório deixar de lado seus projetos e intenções pessoas; significou mergulhar em toda sua plenitude no excelso mistério do Filho de Deus, do qual hauriu ou sorveu, tornando-se sua fonte inesgotável. Faz-nos recordar o Livro Sagrado: “O Senhor colocou nos seus lábios palavras seguras e sábias, deu-lhe o espírito de sabedoria e inteligência e o revestiu de glória” (cf. Sl 36, 31-32). Nomeado bispo dos Godos em 1762; já no ano de 1839 foi canonizado; declarado solenemente doutor da Igreja em 1871; pelo seu jeito de viver, em 1950, tornou-se padroeiro dos moralistas e confessores. Nós, povo de Deus do bairro Parquelândia, nesta cidade de Fortaleza, somos gratos ao nosso bom Deus, porque o temos como nosso padroeiro. Deus seja louvado por suas santas criaturas!
*Escritor, blogueiro, colunista, vice-presidente da Previdência Sacerdotal e Pároco de Santo Afonso, Parquelândia, Fortaleza-CE