Santa Teresa de Calcutá dialogou e teve visões de Jesus antes de fundar as Missionárias da Caridade, algo que não se soube até a sua morte, um fato que também era ignorado por um dos seus amigos durante 30 anos, o padre Sebastian Vazhakala.
Em diálogo com o Grupo ACI em 2016, o sacerdote missionário da caridade disse que isto “foi uma grande descoberta”.
Em 1997, dois anos depois de sua morte, foi aberta a causa de canonização da religiosa e foram encontrados diversos documentos nos quais foram relatadas estas locuções e visões que a Madre Teresa teve há muitos anos.
O período desta profunda experiência foi entre o dia 10 de setembro de 1946 e 3 de dezembro de 1947, quando a santa ainda permanecia na congregação das Irmãs de Loreto.
Madre Teresa escreveu que um dia, durante a Comunhão, escutou Jesus dizer: “Quero religiosas indianas, vítimas do Meu amor, que sejam Marta e Maria. Que estejam tão unidas a mim que irradiem Meu amor às almas”.
Nestas locuções o Senhor instruiu a madre Teresa para que fundasse as Missionárias da Caridade. Outra coisa que Jesus lhe disse foi: “Venha, seja Minha luz”, que além disso é o título do livro que o postulador da causa de canonização, padre Brian Kolodiejchuk, publicou com as cartas privadas da santa.
Em outra visão, Jesus Cristo disse a madre Teresa que na nova congregação devia haver “freiras livres cobertas com a Minha pobreza da Cruz. Quero freiras obedientes cobertas com a minha obediência na cruz. Quero freiras cheias de amor cobertas com a minha caridade na Cruz”, disse o padre Vazhakala.
Depois desta época intensa de visões e locuções do Senhor, em 1949, a madre Teresa começou a experimentar uma “terrível escuridão e secura” em sua vida espiritual, uma etapa que duraria 50 anos, quase até o final da sua vida terrena, um período que na vida de fé é chamado de “noite escura”.
Há alguns anos, em uma entrevista concedida a um meio de comunicação espanhol, o padre Brian Kolodiejchuk afirmou que a “noite escura” é um momento “da vida espiritual no qual a pessoa é purificada antes da união íntima e transformante com Cristo”.
Segundo ele, “o que entendemos por noite escura foi vivido” pela santa “quando ainda estava em Loreto, a congregação religiosa onde começou sua entrega a Deus. Os anos 1946-1947 foram de íntima união gozosa e doce com Jesus. ‘Jesus se deu a mim’, diz a Madre em uma das suas cartas. A união da Madre com Jesus foi meio ‘violenta’, profundamente sentida e vivida. Em seguida, ao iniciar a obra com os pobres e a fundação da congregação, veio essa nova e prolongada escuridão, que já não era preparatória de outra etapa espiritual. Esta escuridão ela relata nas cartas aos seus confessores e diretores espirituais”.
“Em 1942, a madre fez um voto de não negar nunca nada a Jesus. Pouco depois foi quando ouviu que Jesus lhe dizia: ‘Venha, seja Minha luz’. No princípio a madre levava a ‘luz’ a lugares inclusive de absoluta escuridão física: muitos pobres não tinham nem janelas. Aceitou sua escuridão interior para levar a luz a outros. O jesuíta Neuner (um de seus confessores) em 1962 explicou que essa escura noite era o ‘lado espiritual de seu trabalho apostólico’”, disse o padre Kolodiejchuk.
No diálogo do padre Vazhakala com o Grupo ACI, o sacerdote recordou que a madre Teresa dizia: “se minha escuridão e secura pode ser uma luz para algumas almas, me deixem ser a primeira a fazer isso. Se minha vida, meu sofrimento, vai ajudar a salvar almas, então prefiro sofrer e morrer desde a criação do mundo até o fim dos tempos”.
O sacerdote lembrou que a religiosa também dizia: “quando eu morrer e for para a casa com Deus, poderei levar mais almas a Ele”.
“Não vou dormir no céu, vou trabalhar mais ainda de outra forma”, afirmava.