Santa Dulce dos Pobres

    Celebramos nesta quarta-feira, dia 13 de agosto, a memória litúrgica de Santa Dulce dos pobres, uma santa genuinamente brasileira, considerada o anjo bom da Bahia. Além de Santa Dulce temos outros santos brasileiros como por exemplo Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, a Beata Nhá Chica, Madre Assunta, Santa Paulina, o Beato Padre Francisco de Paula Victor entre outros. Dentre esses os que nasceram e viveram no Brasil são Frei Galvão e Santa Dulce e os dois beatos da Diocese da Campanha, a leiga Nhá Chica e o primeiro sacerdote negro do Brasil, o Beato Cônego Victor.

    Santa Dulce dedicou a sua vida aos mais pobres, muitas vezes até incompreendida por pessoas próximas dela. Na verdade, Santa Dulce cumpria aquilo que Deus pedia e que está contido na Palavra, amar a Deus e ao próximo como a si mesmo. Isso cada um de nós também pode fazer, estender a mão para quem mais precisa, e nem necessariamente sermos canonizados pela Igreja, somos chamados por Deus desde o nosso batismo a sermos santos no dia a dia. Mas, é claro Santa Dulce foi canonizada por outras virtudes que possuía e por comprovação dos milagres que a Igreja determina para que uma pessoa seja canonizada.

    Os santos são uma inspiração de virtude para nós e um exemplo que podemos seguir, por isso, ao celebrarmos a memória litúrgica de Santa Dulce, peçamos ao Senhor a graça de sermos um pouco daquilo que ela foi. Ou seja, amemos o próximo sem distinção, estendamos a mão aos necessitados e vivamos aquilo que nos pede o Evangelho. Viver a santidade no dia a dia não é uma coisa difícil, somente para alguns privilegiados, mas todos nós podemos viver a santidade no dia a dia.

    Santa Dulce nasceu em 26 de maio de 1914, em um tempo difícil para a humanidade, pois estava em meio a primeira guerra mundial. Filha de Augusto Lopes Pontes e Dulce Maria de Souza Brito Lopes. Santa Dulce nasceu em uma família bem humilde, por isso mesmo ela toma a atitude de ter um olhar diferente para os mais pobres, pois, além de ser um mandato de Jesus, ela viveu na pele a pobreza.

    Santa Dulce foi batizada com o nome de Maria Rita, ela escolhe o nome de Dulce devido a profissão religiosa. Ela fica órfã de mãe com apenas seis anos de idade. Com dezesseis anos de idade já manifestava dentro de si o desejo de servir os mais pobres. No porão de casa acolhia crianças, adultos e idosos pobres e cuidava deles. Conseguia ajuda de outros membros da família, vizinhos e amigos para suprir a necessidade desses irmãos que precisavam.

    Desde pequena era bem religiosa e tinha uma intimidade com Jesus através da oração, e nutria no coração o desejo se consagrar inteiramente a Deus, como religiosa. Durante os momentos de oração ela pedia um sinal a Deus sobre a sua vocação. Ela pensava que o melhor modo de agradar a Deus era servindo aos mais pobres, isso foi confirmado para ela em suas orações pessoais.

    Santa Dulce ingressou na ordem terceira Franciscana, e, mais tarde conheceu o superior provincial dos Missionários da Imaculada Conceição. Logo que se formou no mestrado que cursava em 08 de fevereiro de 1933, ingressou na comunidade feminina dessa congregação que faz parte da grande família franciscana. Em 15 de Agosto de 1934, fez os votos religiosos e adotou o nome de Dulce, em memória de sua mãe.

    Em 1935 fundou o primeiro movimento operário cristão em São Salvador, o sindicato operário de São Francisco. Em 1937 fundou o clube dos trabalhadores da Bahia. Em 1939 inaugurou o Colégio Santo Antônio, escola pública para trabalhadores e filhos de trabalhadores, no bairro de Massaranduba em São Salvador. No mesmo ano, iniciou-se a acolhida aos doentes em prédios abandonados da cidade. Em 1949 com a permissão da superiora, pôde acolher setenta enfermos em um abrigo obtido no galinheiro adjacente à casa da sua congregação.

    Santa Dulce muitas vezes saía a noite para visitar os doentes e pobres e isso quase causou a sua expulsão do convento. A Madre superiora chamou Irmã Dulce e o Bispo dizendo que se ela não parasse com essas atitudes teria que deixar a ordem religiosa. Mas, a insistência de Irmã Dulce em continuar com a missão gerou resultados e suas preces foram atendidas por Deus.

    Em 1960, foi inaugurado o Asilo Social Suor Dulce, com um estatuto que abarcava todas as suas fundações e enfatizava seu caráter exclusivamente cristão e humanitário. Em julho de 1.979, o Cardeal Arcebispo Dom Avelar Brandão Vilela convidou Santa Tereza de Calcutá a São Salvador para abrir uma casa em Alagados. Um ano depois, houve um encontro importante com o Papa São João Paulo II quanto ele esteve no Brasil. Em 08 de fevereiro de 1983 foi inaugurado o novo hospital Santo Antônio, considerado pelos baianos, mais um milagre da irmã Dulce.

    Anos mais tarde, por volta do ano de 1990, foi a irmã Dulce que ficou doente, sofrendo de problemas respiratórios. Deixou grandes lições para nós e para aqueles que admiravam o seu trabalho e que foram beneficiados por ele. Uma das grandes lições que Irmã Dulce deixou é sempre persistir naquilo que quer e nunca desistir, pois Deus sempre escuta as nossas preces. Um outro legado que ela deixa é cuidar sempre dos mais pobres e servi-los com amor.

    Outro fato importante, ocorreu em 1991 quando o Papa São João Paulo II quis vir ao Brasil e conhecer as obras de irmã Dulce. O Cardeal Dom Lucas Moreira Neves contou que o Santo Padre disse várias vezes: “Este é o sofrimento dos inocentes, igual ao de Jesus”. Ele enfrentou todo o seu sofrimento abandonado nos braços do Senhor.

    Santa Dulce morreu no dia 13 de março de 1992, em sua casa, no convento Santo Antônio. Uma grande comoção tomou conta da cidade, do País e do mundo. Muitos dos que foram beneficiados por ela, foram ao seu velório e sepultamento e já a declaravam Santa, devido ao grande amor que tinha por eles.

    Sua beatificação aconteceu bem depois de sua morte em, 22 de maio de 2011. A celebração reuniu mais de 70 mil fiéis para a coroação da primeira beata nascida na Bahia. Santa Dulce passou a ser conhecida como “Bem-Aventurada Dulce dos Pobres”, tendo o dia 13 de agosto como data oficial de sua celebração litúrgica.

    No dia 13 de outubro de 2019, em missa presidida pelo Papa Francisco, no Vaticano, Irmã Dulce foi declarada Santa. Recebendo o título de “Santa Dulce dos Pobres”, tornando-se a primeira Santa Brasileira.

    Celebremos com alegria a memória litúrgica de Santa Dulce dos Pobres, nessa quarta-feira, dia 13 de agosto, pedindo a Deus, que a exemplo de Santa Dulce tenhamos carinho pelos mais pobres e fragilizados da nossa sociedade, particularmente os doentes, acamados e descartados pela sociedade, em nome de Cristo e da Igreja, e ainda confiemos sempre em Deus, pedindo que Ele atenda as nossas preces.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here