Não é preciso muito para sentir a nítida presença da “Belle Dame”: até mesmo os corações mais fechados abrem-se aos pés de Nossa Senhora da Salette, Mãe de Reconciliação.
Ninguém chega à Salette por acaso: essa montanha isolada no meio dos Alpes franceses é considerada sagrada pelos peregrinos e moradores dos vilarejos mais próximos.
Ali, 170 anos atrás, Maria apresentou-se a dois pastorzinhos: Melânia e Maximino.
A luz que a envolvia não era própria: uma cruz em seu peito – marcada com um martelo e uma turquês – a tudo iluminava.
“Vinde, não tenhais medo”, disse a Imaculada.
Ela não se apresentou como a mãe do Redentor: disse somente “meus filhos”. Isso bastava para que as crianças soubessem quem era.
Sentada em uma pedra, cabeça baixa entre as mãos, às lágrimas.
Este é o primeiro momento da única aparição, em 19 de setembro de 1846.
Ao se aproximarem, num segundo momento, os pastorzinhos veem Nossa Senhora agora de pé. As lágrimas ainda escorrem.
“Ah se todos rezassem ao menos um Pai-Nosso e uma Ave Maria por dia”, quanta coisa mudaria.
Nossa Senhora então se eleva aos céus, Maximino ainda tenta tocar seus pés, cobertos por rosas, antes que tudo acabe: ou tenha início.
Nessa revelação, a mensagem da Salette segue sempre atual, disse o reitor do Santuário da Salette em São Paulo, Padre Marcos Almeida, em peregrinação na França com um grupo de fiéis.
“Como dizia o Papa João Paulo II, a mensagem da Salette é sempre atual porque não fala algo de um tempo específico, mas ela fala da pessoa humana dentro de todo um contexto com o universo em que vivemos, portanto esta situação é sempre atual”, disse.
Nestes quase dois séculos, os missionários e missionárias saletinos levam a mensagem aos quatro cantos do mundo.
No Brasil, é grande a devoção nos Santuários e paróquias espalhados pelo país.
Os mais devotos fazem questão de subir a montanha sagrada para estar no centro do mistério.
A quase 2 mil metros de altitude, o Santuário Mariano abre somente quando a neve permite.
Entre junho e outubro, os peregrinos chegam em maior número: mesmo assim, nada de multidões intermináveis.
Caminhar pelas trilhas nas montanhas ou rezar junto ao local da aparição torna-se um momento íntimo de contato com Nossa Senhora.
Assim como na procissão do início da noite, quando a imagem deixa a Basílica, que proporciona aos peregrinos um verdadeiro ato de louvor e devoção.
A Basílica abriga um museu em que é possível conhecer detalhes da história da Salette, inclusive ver as roupas conservadas que os pastorzinhos usavam naquele dia.
Um pedaço da pedra onde Nossa Senhora sentou também pode ser visto na Basílica.
Neste aniversário de 170 anos da aparição, tudo fica ainda mais especial.
Como quando um dos mais respeitados corais da França se apresentou no Santuário.
“Nunca assisti a um espetáculo de gospel tão maravilhoso, fiquei encantada”, disse Maria Lea de Paula, de São Paulo.
Assim como ela, o peregrino brasileiro sente-se em casa na Salette.
Muitos dos voluntários são do Brasil, e o reitor é o baiano Padre Manuel Bonfim — que acolhe a todos com muita alegria junto com seus coirmãos.
“É festa o ano inteiro. Começamos em 19 de março e vamos até o dia 13 de novembro com o fechamento da Porta Santa e também o fechamento da Estação do Santuário. Convidamos a todos os brasileiros a conhecer La Salette, esta montanha de graça, de reconciliação, de paz, um Santuário mariano de portas abertas para o Brasil”, disse o reitor.
A celebração dominical também teve a participação do coral para saudar a imagem de Nossa Senhora, agora com a coroa abençoada pelo Papa Francisco em maio.
“Eu chorei o tempo inteiro porque a emoção que a gente traz no coração é muito grande. Nós temos a Nossa Senhora lá, mas aqui parece que tocou mais na gente. A emoção é grande de ver a coroa que o Papa abençoou aqui na Salette. Não dá pra descrever o que acontece aqui nesta montanha. É uma emoção grande, que todos que puderem deveriam vir para pisar neste solo sagrado que, com certeza, Nossa Senhora vai estar sempre do lado”, contou Sônia Maria Dominício Paz, de São Paulo.
Fonte: Rádio Vaticano