Salah Farah: O muçulmano que deu a vida protegendo cristãos

No último 21 de dezembro, o grupo terrorista islâmico Al-Shabaab emboscou um ônibus de passageiros que seguia para Mandera, uma cidade no nordeste do Quênia. Os militantes tentaram usar o que se tornou uma tática comum do grupo: separar muçulmanos de cristãos para, assim, exterminar os cristãos. Desta vez, surpreendentemente, os passageiros muçulmanos se recusaram a cooperar.

Normalmente, os ônibus que atravessam aquela região do Quênia são escoltados pelo exército ou pela polícia. Infelizmente, naquele dia não houve escolta. Os extremistas bloquearam o ônibus e dispararam rajadas de metralhadoras que estilhaçaram os vidros do veículo. Depois, aos gritos, exigiram que os cerca de 80 passageiros desembarcassem.

Salah Farah, um professor queniano que estava no ônibus, tomou a iniciativa de não permitir a separação entre os passageiros, dizendo “Ou vocês matam a todos nós, ou nos deixem em paz”.

Os terroristas fizeram mais disparos, acertando Farah e ferindo outras pessoas. Mas, mesmo assim, ninguém aceitou se separar. Os passageiros muçulmanos rodearam os cristãos e assim ficaram até que os terroristas partirem, silenciando as armas perante esta inesperada reação.

Salah Farah foi levado para um hospital, submetido a uma operação cirúrgica que acabaria por se revelar fatal. Morreu 29 dias depois da emboscada. Mas o seu gesto não foi esquecido. A polícia do Quênia ajudou a transportar o corpo para Mandera, onde viveu e trabalhou como vice-diretor de uma escola local.

“Ele é um verdadeiro herói”, disse o inspetor geral da polícia do Quênia, Joseph Boinnet. “Farah morreu tentando proteger quenianos inocentes.”

Farah, que é muçulmano, ainda conseguiu dar entrevistas antes da cirurgia que o levaria a morte, ele havia dito que se recusou a sacrificar seus companheiros cristãos de viagem porque acredita que tanto muçulmanos quanto os não-muçulmanos podem viver pacificamente juntos. No ônibus, naquele dia, alguns dos passageiros muçulmanos deram seus lenços de cabeça para os passageiros cristãos, ajudando-os a se disfarçar.

“Somos irmãos”, disse Farah. “É só a religião que é diferente, por isso pedi aos meus irmãos muçulmanos para cuidarem dos cristãos, e assim também os cristãos cuidariam de nós.”

Salah Farah foi postumamente condecorado pelo presidente do Quênia com uma das mais significativas condecorações do país: A Ordem do Grande Guerreiro. Este foi o reconhecimento do país pelo “ato de coragem” deste muçulmano que decidiu fazer frente aos terroristas que pretendiam assassinar inocentes cristãos.

Fonte: AIS

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