No domingo dentro da oitava do Natal, celebra-se a Festa da Sagrada Família: Jesus, Maria e José. Assim, neste ano, a Sagrada Família será celebrada no dia 28 de dezembro que será também a conclusão diocesana do Jubileu da esperança. Deus quis manifestar-se aos homens integrado a uma família humana. Ele quis nascer numa família, quis transformar a família num presépio vivo. Pode-se dizer que hoje celebramos o verdadeiro Dia da Família.
Para nós, cristãos, a família é sagrada: nasce do sacramento do Matrimônio, no qual o marido e a esposa recebem a graça de viver como sinal da aliança de amor entre Cristo-Esposo e a Igreja-Esposa. Nascida do matrimônio, a família vai crescendo pela fecundidade do amor humano, consagrado nas águas do Batismo de cada novo membro que nasce; e vai alimentando-se não somente da comida e da bebida da mesa de cada dia, mas, sobretudo, do pão e do vinho, Corpo e Sangue do Senhor, dados e recebidos na Eucaristia. Estejamos atentos a este fato importantíssimo!
A família não é uma realidade simplesmente humana ou sociológica! A família é sagrada: querida por Deus, amada por Deus, criada por Deus, sustentada por Deus! Quem destrói a família peca gravemente contra Deus! E mais ainda: a família, como Deus a pensou — repitamos para que não haja dúvida —, é composta nuclearmente por um esposo, uma esposa e os filhos! Os cristãos não poderão jamais pensar em outros modelos de convivência como sendo uma família nos moldes desejados por Deus!
A liturgia de hoje, na primeira leitura, apresenta-nos como opção somente uma leitura. Assim, pode ser escolhida tanto uma quanto a outra das indicadas.
A Palavra de Deus — Eclo 3,3-7.14-17a — lembra aos filhos o dever de honrar pai e mãe, de socorrê-los e compadecer-se deles na velhice, de ter piedade, isto é, respeito e dedicação para com eles; isto é cumprimento da vontade de Deus.
São Paulo — Cl 3,12-21 — enumera as virtudes que devem reinar na família: sentimentos de compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportar-se uns aos outros com amor, perdoar-se mutuamente, revestir-se de caridade e ser agradecidos. Se a família não estiver alicerçada no amor cristão, será muito difícil a sua perseverança em harmonia e unidade de corações. Quando esse amor existe, tudo se supera, tudo se aceita; mas, se falta esse amor mútuo, tudo se torna sumamente pesado. E o único amor que perdura, não obstante os possíveis contrastes no seio da família, é aquele que tem o seu fundamento no amor de Deus.
No Evangelho — Mt 2,13-15.19-23 — os magos tiveram um encontro pessoal com o Menino Jesus depois de serem atraídos pela estrela. Assim também, quando vislumbramos a “estrela” que nos guia até Belém, temos uma experiência de salvação. A caminho de Belém, isto é, quando buscamos a Salvação, também precisamos estar preparados, pois aí começará a perseguição. O inimigo de Deus está atento e faz todo o possível para nos desviar do caminho que o Senhor traçou para nós. Não precisamos, porém, temer! Assim como fez com José e Maria, o Senhor também nos ordena: “Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito!” Quando nos dispomos a fazer a vontade de Deus, precisamos nos fortalecer em Jesus, com o auxílio de Sua Mãe, Maria, na oração, na penitência, no serviço ao irmão, na meditação da Palavra, dando passos concretos. Não podemos ficar parados e inertes esperando a perseguição chegar. Precisamos nos antecipar e acolher todos os avisos que o Espírito Santo nos dá por meio de suas mensagens. Herodes representa aqui o inimigo de Deus, que não se conforma com a nossa libertação. O Egito é aqui lugar de refúgio ou de dificuldade, conforme o que o Senhor quer para nós. Jesus começou a ser perseguido quando ainda era uma criancinha; nós também seremos perseguidos, mas também amparados.
A família — “Pois bem, o que Deus uniu, não o separe o homem” (Mc 10,9). É uma exortação aos batizados para superar toda forma de individualismo e de legalismo, que se esconde num egoísmo mesquinho e no medo de aderir ao significado autêntico do casal e da sexualidade humana no projeto de Deus. “Neste contexto social e matrimonial bastante difícil, a Igreja é chamada a viver a sua missão na fidelidade, na verdade e na caridade. A Igreja é chamada a viver a sua missão na fidelidade ao seu Mestre, como voz que grita no deserto, para defender o amor fiel e encorajar as inúmeras famílias que vivem o seu matrimônio como um espaço onde se manifesta o amor divino; para defender a sacralidade da vida, de toda a vida; para defender a unidade e a indissolubilidade do vínculo conjugal como sinal da graça de Deus e da capacidade que o homem tem de amar seriamente” (retirado do site A Família e o Sínodo, último acesso em: 20/12/2025).
A família é a forma básica e mais simples da sociedade. É a principal escola de todas as virtudes sociais. É a sementeira da vida social, pois é na família que se praticam a obediência, a preocupação pelos outros, o sentido de responsabilidade, a compreensão e a ajuda mútua, a coordenação amorosa entre os diversos modos de ser. Está comprovado que a saúde de uma sociedade se mede pela saúde das famílias. Esta é a razão pela qual os ataques diretos à família são ataques diretos à própria sociedade, cujos resultados não tardam a manifestar-se.
Maria e José educaram Jesus, em primeiro lugar, com o seu exemplo. Em seus pais, Ele conheceu toda a beleza da fé, do amor a Deus e à sua Lei, assim como as exigências da justiça, que encontra o seu pleno cumprimento no amor (cf. Rm 13,10). Deles aprendeu que, antes de tudo, é necessário realizar a vontade de Deus, e que o laço espiritual vale mais do que o vínculo do sangue. A Sagrada Família de Nazaré é verdadeiramente o “protótipo” de cada família cristã que, unida no sacramento do Matrimônio e alimentada pela Palavra e pela Eucaristia, é chamada a realizar a maravilhosa vocação e missão de ser célula viva não apenas da sociedade, mas da Igreja, sinal e instrumento de unidade para todo o gênero humano.
Que o exemplo da Sagrada Família ilumine, dentro da luz divina que nasce do Natal, todas as famílias, para que sejam santuário da vida e escola de perdão, fraternidade e convivência fraterna!




