Sacerdotes orantes, prudentes, caridosos, acessíveis e no meio do povo!

    Tenho a graça de comemorar, neste dia 22 de setembro de 2015, 53 anos de ministério presbiteral. Quero, ao olhar para a Santíssima Trindade, agradecer a Nosso Senhor Jesus Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote, pela graça que, apesar de minhas limitações, me foi concedida. Uma oração sentida de ação de graças a Dom Justino José de Santana, que me recebeu no Seminário, e a Dom Geraldo Maria de Morais Penido, que me ordenou diácono e presbítero da Igreja. Muitas são as ações de graças que devo dar a Deus por esta graça que recebi e que compartilho com todos os que passaram pela minha vida, quer em Juiz de Fora, como na Diocese de Luz.
    O Papa Francisco tem dado várias demonstrações públicas de como deve ser o sacerdote no dia de hoje. Acho de grande valia a sua fala em retiro recente para os padres em Roma: “O sacerdote, à medida que vai andando no amor com Jesus, sente o carinho de seu Mestre de maneira distinta. E o busca, o comunica e o ama com carícias renovadas. Amem, deixem-se amar, abram o coração a Ele”, disse. “Quando um sacerdote é apaixonado por Jesus se nota, se reconhece, se vê esse amor que é transmitido constantemente”. E não basta contemplar Jesus, disse o Papa, é preciso que os padres se deixem contemplar por Jesus. Às vezes essa pode ser uma tarefa difícil quando os padres estão cansados, com problemas, de forma que podem até acabar cochilando diante do Sacrário. Mas nesses momentos, disse, Deus olha para os padres como um pai que olha para o filho dormindo. “Se você dorme diante do Santíssimo não se preocupe, mas vá até o Tabernáculo, não deixe de ir”.
    Para ser apaixonado por Jesus devemos ser apaixonados pelos irmãos. E, pelos irmãos mais pobres, mais humildes, mais pecadores, mais fragilizados, mais rejeitados pela sociedade. A Igreja não rejeita ninguém. A Igreja não pode excluir ninguém, porque ela é “congregada na escola de Jesus e de Maria” que acolhe a todos. Neste dia, de ação de graças, quero rezar por todos os sacerdotes que, ultimamente, andam perseguidos, atacados, vilipendiados e, caluniados até por homens da Igreja. Um absurdo este comportamento horrendo de quem deveria acolher, santificar, ouvir, corrigir e incluir dentro da Igreja.
    Lembro de um sacerdote, negro e pobre, que se santificou vencendo as humilhações pela sua cor. Que o vigor do Cônego Francisco de Paula Victor, o Campanhense trespontano nas palavras do saudoso Monsenhor José do Patrocínio Lefort, seja um exemplo para mim bispo, para os meus irmãos bispos, para os irmãos presbíteros, e para a Igreja: não julgar e não condenar, como este santo fez em vida, mais acolher a todos e a todos abençoar, santificar e incluir na Mãe Igreja.
    Vemos muitos dignatários da Igreja Católica, infelizmente na contramão do Papa Francisco, buscarem o fausto, a glória e a vaidade, tornando-se não servidores da Igreja, mais servidores de sua ignomínia. Por isso, diante de certos comportamentos megalomaníacos e doentios, dignos de psicopatia, a advertência do Padre Antônio Vieira com o qual encerro meu artigo: “Somos pó. O pó que foi nosso princípio, esse mesmo e não outro é o nosso fim, e porque caminhamos circularmente de um pó para o outro, quanto mais parece que nos afastamos do primeiro tanto mais nos aproximamos do segundo; o passo que nos afasta do primeiro pó e o mesmo que nos aproxima do segundo, esse mesmo passo nos faz chegar; o dia que faz a vida, esse mesmo a desfaz; é como uma roda de moinho que anda e desanda e sempre vai moendo, porque o que somos não passa de pó, na sua origem e no seu fim. Por isso nosso consolo é Cristo, princípio e fim, por que apesar de nossas limitações, Ele é misericordioso e pela fé, comunhão com Ele, nos conserva para a vida eterna”.
    Eu nunca preguei a mim. Eu nunca pedi que me seguissem. Nestes 53 anos eu preguei unicamente a Jesus Cristo morto e ressuscitado que está no meio de nós e anima a Igreja. Sempre fui um bispo simples, pobre, apesar de minhas limitações, que vive coerentemente com o que aprendi de meus pais, superiores e bispos. Consciência tranquilo, invoco a proteção do Beato Padre Victor sobre todos os que me ajudaram e sobre aqueles que eu preciso de rezar. Rezem por mim! Rezem pelo Papa! Rezem pela Igreja, porque muitos de seus homens precisam de purificação, de conversão e abrandar seu coração que dá contratestemunho. “Necessitamos uns dos outros para sermos nós mesmos”. Santo Agostinho (354 d.C.-430 d.C) Eu quero acabar meus dias como os comecei pela simplicidade e austeridade. Que sejamos todos sacerdotes orantes, prudentes, caridosos, acessíveis e no meio do povo!

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