A expressão, rico em misericórdia, refere-se a Jesus Cristo, tendo em conta seu modo de proceder e de olhar as pessoas no âmbito da convivência. A riqueza está expressa na sua simplicidade de vida, no agir com os pés no chão, sem triunfalismo infantil e preocupações externas. Jesus anuncia o Reino do Pai, mas totalmente despido de qualquer realidade de aparência e vaidade.
Ele é sinal do Reino de Deus, e realizou sinais com aquilo que era mais simples em sua vida. Sua identidade vai sendo revelada nas coisas simples, como no partilhar o pão com os seus amigos e sua comunidade. A multiplicação dos pães é um ensinamento que nos leva a acreditar na Providência e na Bondade de Deus, sem discriminação.
Ninguém deveria passar fome numa realidade de tanta riqueza, como acontece no Brasil. Somos sinalizadores de grande progresso econômico pela quantidade de grãos que produzimos. Mas ainda sinalizamos miséria, cinturão de pobreza. Tudo isto por não acreditar na Providência divina, que só age quando somos capazes de partilhar.
Corremos o risco de cair no comodismo, numa prosperidade egoísta sem nos dar conta de que o apego ao conforto acumulado impede a riqueza da Misericórdia divina. Só uma oferta generosa em favor da realização do bem maior da população poderá permitir a humanização e a dignidade das pessoas mais carentes.
A prática da vida cristã, que perpassa por tudo aquilo que realizamos na sociedade, deve considerar os valores que contam, para que todos tenham vida, e a tenham em abundância (Jo 10, 10). Essa prática deve ser diferente daquela que orienta a sociedade secularizada e pagã de hoje. O amor fraterno deve ser o valor maior.
Quem tem autêntica experiência de Deus é capaz de agir em favor dos outros e ser mais humano com eles. Normalmente é pessoa mais dócil aos apelos que veem de Deus. É capaz de sair da mesquinharia, do egoísmo e do indiferentismo em relação aos outros. Deixa de ser exploradora e usurpadora dos bens alheios.
Local: Uberaba