A promessa de Cristo foi maravilhosa:”Eu estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28,20). Garantiu assim sua presença no meio de seus seguidores. Entretanto, antes Ele especificou um momento especial no qual, além de outras ocasiões, estaria junto de seus fiéis. “Lá onde dois ou três estão reunidos em meu nome, eu estou no meio deles” (Mt 18, 20) Proclamou deste modo o valor imenso da oração comunitária. Deu uma garantia, pois o que fosse então solicitado ao Pai Ele concederia. Unidos em oração em seu nome, isto é, à sua pessoa redentora. Ele que, enquanto homem, ressuscitou dos mortos e está glorificado à direita de Deus. Fica então claro que Jesus deve ser o centro convergente dos remidos pelo seu sangue precioso. Eis porque o momento máximo desta união com Ele se dá na participação no Santo Sacrifício da Missa. É quando, mais do que nunca, se apreendem as mensagens dos textos da Bíblia nas leituras tiradas da Escritura e se percebe mais intensamente o quanto é importante o culto de adoração, de agradecimento, de arrependimento das faltas e se sente ao vivo a força das preces dirigidas ao Ser Supremo. É que o Espírito Santo nunca reúne os cristãos fora do nome de Cristo e isto se verifica principalmente na ação eucarística. Se é verdade que a piedade individual é importante por ser cada um uma pessoa que precisa de seu Senhor, contudo, por ser um ente social os batizados juntos fazer subir aos céus um clamor muito mais intenso ainda. Lemos em São João que após a ressurreição os discípulos estavam reunidos no Cenáculo (Jo 20,19) e o mesmo se deu no dia de Pentecostes (Atos 2,1 ss). Quando o Ressuscitado surge diante dos apóstolos ligados em seu nome a saudação de Jesus é sublime: “A paz esteja convosco”. Aí está outro efeito que os que rezam em comum percebem a inundar suas vidas nas quais passam a perceber a realidade da Palavra salvadora. Cristo presente não em espírito, mas pessoalmente como bem ficou expresso na sua promessa: “Eu estarei no meio deles”. A fé de cada um pode ser fraca, mas o fato de Sua presença é uma realidade sublime, pois não depende dos sentimentos humanos, das experiências pessoais, mas da fé que une a todos em torno dele. É esta graça maravilhosa que muitos cristãos que desprezam, por exemplo, a Missa dominical deixam de receber e se engolfam ainda mais nas preocupações materiais. São privados do poder desta verdade da união especial com o Mestre divino. Daí resulta então, inclusive, a responsabilidade dos que se imergem na Presença de Jesus de conduzir os que estão longe dele para receberem sua proteção. Levá-los antes de tudo a valorizar a Missa dominical. Não podemos reduzir a religião a uma doutrina, a uma espiritualidade pessoal, a uma ética a ser proposta. Cumpre, sobretudo, facilitar o encontro com Cristo. Santo Hipólito de Roma, grande teólogo do século III, ensinava que é preciso que os mais fortes sustentem os membros mais fracos da Igreja. Ele se referia à debilidade da fé perante as solicitações perversas do mundo. Pelo exemplo e pela própria oração quantos podem ser trazidos para orar em nome de Jesus, deixando de lado vícios e desregramentos morais. Eis a mais importante ajuda humanitária que se pode fazer a favor dos irmãos. Então se compreende que a presença eminente de Cristo se dá no pão e no vinho da Eucaristia, mas que há uma presença real do Redentor pela luz de seu Espírito no meio da comunidade por parte daqueles que em outras ocasiões se reúnem em seu nome. Esta verdade deve encher o coração de cada um de alegria, audácia e esperança, pois se rezamos juntos temos o mundo em nossas mãos! O cristão verdadeiro se torna, deste modo, a presença misteriosa de Cristo ressuscitado dentro da sociedade. O principal é nunca desanimar, pois, mais dia menos dia, aqueles pelos quais se reza estarão de novo no redil de Cristo. Afirmou Donoso Cortês, notável filósofo francês, que “aqueles que oram fazem mais pelo mundo do que aqueles que combatem, e se o mundo caminha cada vez pior é porque há mais batalhas que orações”. De fato, a oração feita em comum é luz e força, é a própria ação de Deus. Quem ora, dispõe do poder divino. Santa Terezinha do Menino Jesus, que pelas preces no seu convento, converteu milhares de almas asseverou: “A oração, eis aí o segredo de toda a minha força, eis aí as minhas armas invencíveis; mais eficazmente que as palavras, o sei por experiência, têm elas o poder de conquistar os corações […] Como é grande o poder da oração! Dir-se-ia uma rainha que tem sempre livre acesso à presença do rei, e que pode obter tudo o que pede”. Coloquemos, então, em prática o que Jesus falou sobre a prece comunitária e veremos sempre maravilhas em nosso derredor”
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.