No antepenúltimo dia da 56ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida, os bispos tem ainda muito trabalho. Continuam com sessões disponíveis para votação de textos e ainda acompanham a apresentação de vários informes importantes a respeito da caminhada da Igreja no Brasil. Entre vários assuntos que serão tratados, destacam-se a palavra do Cardeal Claudio Hummes sobre a Amazônia e as últimas informações sobre a continuidade da Semana Social Brasileira e do Gritos dos Excluídos, celebrado no dia 7 de setembro de cada ano.
Amazônia
A apresentação vai considerar duas linhas de trabalho: as atividades da Comissão Episcopal Pastoral Especial para a Amazônia e a preparação para a Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos que será realizada em outubro de 2019. O Cardeal Claudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, está na coordenação tanto da Comissão da CNBB como do Conselho de preparação para o Sínodo.
Dom Claudio chama atenção para a convocação do papa Francisco para o Sínodo para a Pan-Amazônia a rever os caminhos da Igreja na região. Em entrevista concedida recentemente à Ir. Osnilda Lima, ele enfatizou: “A Igreja precisa rever sua presença, seus caminhos. Formular e construir novos caminhos, não pode ficar sentada, acomodada, numa rotina pastoral e missionária dentro de um certo esquema, precisamos ser capazes de se levantar e ter a coragem de caminhar e aceitar o novo”. Dom Cláudio, lembrou ainda que é preciso ser uma Igreja presente, vizinha que também cuida da natureza, envolvida com a temática ecológica.
Na mesma ocasião, dom Claudio disse: “A Igreja também orienta a humanidade para cuidar da terra, segundo as indicações de Deus. Porém, o mais importante em nossa fé cristã, relativo à terra, é que o Filho de Deus se fez homem para nos salvar da morte e de todos os males. Fez-se homem e tomou o nome de Jesus. O corpo de Jesus, como qualquer corpo humano, é feito dos elementos da terra. Assim, Deus se uniu definitivamente e de modo radical com nosso planeta. Este corpo de Jesus morreu na cruz e depois ressuscitou glorioso e vencedor e está definitivamente junto de Deus. Ora, nesta morte e ressurreição gloriosa a terra toda, presente no corpo de Cristo, toma parte. Assim, há em Cristo uma nova criação e no final dos tempos todo o universo criado de alguma forma misteriosa participará do Reino definitivo de Deus, como nova criação“.
Semana Social e Grito dos Excluídos
A Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora da CNBB é a responsável pela apresentação dos dois temas sociais do dia: a continuidade das Semanas Sociais e o Grito dos Excluídos. Dom Guilherme Werlang, bispo de Lajes (SC) é o presidente da Comissão e deve trazer o assunto para o plenário da Assembleia na companhia dos outros bispos da Comissão, dom Canísio Klaus, bispo de Sinop (MT), dom José Valdeci Santos Mendes, bispo de Brejo (MA), dom André de Witte, bispo de Ruy Barbosa (BA), dom Milton Kenan Júnior, bispo de Barretos (SP) e dom Luiz Gonzaga Fechio, bispo de Amparo (SP) e da Assessoria.
Sobre o Grito dos Excluídos, em outubro do ano passado, dom Guilherme afirmou: “Trabalhamos bastante a questão do Grito dos Excluídos. Nossa Comissão ficou encarregada de fazer uma análise a apresentar novas propostas para aprofundar e melhorar esta ação que já existe há 23 anos e, especialmente, dentro da nova realidade brasileira, ver como realizar sempre melhor o Grito em todo o Brasil“.
Organizadores da última Semana Social Brasileira, a quinta de uma série inciada no século passado, e realizada em Brasília, no mês de setembro de 2013, disseram que o evento tem sempre cinco preocupações sempre presentes em seu contexto, história, motivações e resultados: um diagnóstico da realidade sócio-política e econômica do país; uma mobilização ampla de todas as forças vivas da sociedade (eclesiais e não eclesiais); tomada de posição com relação a alguns compromissos concretos em âmbito global; o protagonismo real e efetivo dos leigos e o caráter propositivo dos debates.
No discurso de abertura da 5ª Semana Social Brasileira, dom Guilherme afirmou: “A Igreja não existe para si mesma mas para o mundo, para a sociedade. É enviada e é missionária, na sua fundação e na sua essência. Por isso, é missão da Igreja discutir o Estado que temos e o Estado que queremos”.
Fonte: CNBB