Encontro reuniu representantes de entidades, congregações e movimentos eclesiais
Dioceses, entidades, congregações e movimentos eclesiais irão articular iniciativas a serviço da vida e do bem comum nas fronteiras da região da Pan-Amazônia. Este é o resultado do Encontro de Igrejas Fronteiriças promovido pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), nos dias 21 e 22 de maio, em Quito, no Equador, com apoio da Catholic Relief Services (CRS).
O objetivo do encontro foi aprofundar o conhecimento da realidade da região e dar encaminhamento à proposta de articulação para a missão da Repam, que consiste em “potenciar de maneira articulada a ação que a Igreja realiza no território Pan-amazônico, atualizando e concretizando opções apostólicas conjuntas, integrais e multiescalares, no quadro da doutrina e das orientações da Igreja”. Tal ação deve acontecer a partir de uma “plataforma de intercâmbio e enriquecimento mútuo e uma confluência de esforços das Igrejas locais, congregações religiosas e movimentos eclesiais com voz profética e a serviço da vida e do bem comum”, como definido na apresentação da Rede.
As conclusões do encontro retificaram a urgência de trabalhar o objetivo estratégico da Repam que envolve as igrejas nas fronteiras como uma prioridade. Esta iniciativa tem como ação principal o mapeamento das igrejas presentes nas fronteiras e seu caminhar em relação à dimensão Pan-amazônica. O evento serviu como um espaço para que pessoas das fronteiras que não se conheciam pudessem se colocar em diálogo e desejassem trabalhar juntas ou iniciar um processo de articulação.
“Uma das propostas é que precisamos tirar as barreiras que existem nas igrejas e nas pessoas. Precisamos trabalhar entre nós, igrejas, congregações e movimentos para criar pontes para que o trabalho seja cada vez mais visível para os povos originários”, explica a assessora da Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, irmã Maria Irene Lopes dos Santos.
No encontro, os participantes concluíram que é necessário conversar, se aproximar, criar pontes e ajudar a destruir as barreiras que os separam de muitas formas. “Os carismas e as ações congregacionais ou da igreja local devem se basear em uma ideia e objetivo conjunto e com um olhar Pan-Amazônico que se nutra dessa realidade, que tem muitas complicações, mas também muitas esperanças”, afirmaram.
Voltado para a compreensão da tarefa das igrejas nas fronteiras na busca de consensos e um “horizonte que integre as distintas perspectivas existentes”, o encontro contou com painéis e partilha de experiências de diferentes carismas e ações eclesiais. Essas intervenções serviram para colocar em debate temáticas sobre aquilo que é necessário dialogar e trabalhar de maneira articulada.
Experiências
Foram abordadas algumas experiências das igrejas fronteiriças da região Pan-Amazônica, como o modelo itinerante da missão; as igrejas-irmãs na fronteira como caminhos para a defesa da vida, das populações indígenas e camponesas mais vulneráveis; a questão do tráfico de pessoas; a mobilidade humana e o refúgio como fenômenos que acontecem nas fronteiras da pan-amazônia; e o desafio da intercongregacionalidade na atenção aos desafios das Igrejas fronteiriças.
“É importante perceber que já existe um trabalho e que precisa ser intensificado. Acredito que o mais importante é tentar tecer a rede entre todas as instituições presentes nessas localidades”, avalia irmã Irene.
Um momento de partilha marcou o encontro. O presidente da Organización Indígena Secoya del Ecuador (OISE), Justino Piaguaje, falou sobre a necessidade de que a Igreja caminhe no entendimento das fronteiras em relação às populações indígenas, que sofreram rupturas e fragmentações em seus territórios e membros. De acordo com os organizadores do encontro, Justino sugeriu uma reflexão nos campos geográfico, político, humano e pastoral, sobre a urgência de se trabalhar em conjunto na defesa dos direitos, dos territórios, “escutando e dialogando para dar respostas adequadas” a estes desafios.
O encontro teve a participação de várias entidades, representantes de povos originários e congregações religiosas da Guiana, Colômbia, Peru e Equador. Do Brasil, esteve presente o comitê brasileiro da Repam, representado pela irmã Maria Irene, e o bispo de Alto Solimôes (AM), dom Adolfo Zon Pereira.
Fonte: CNBB