O texto de Isaías apresenta sua vocação, muito semelhante à de Jeremias. Do mesmo modo que ele também foi chamado pelo Senhor, desde o ventre de sua mãe. Nele foi modelado e conhecido pelo Criador.
Ele é chamado para uma missão em favor de Israel, para unir suas tribos e reconduzir os remanescentes. Será feito luz das nações para que a salvação chegue aos confins da terra.
A negação de Pedro e a traição de Judas, temas do Evangelho de hoje, nos mostram a generosidade do primeiro que até jura dar a vida pelo Mestre e, ao mesmo tempo, sua fraqueza que o leva a negar seu Senhor pelo menos três vezes. Mostra também a radicalidade de Judas em querer a restauração de Israel, mas também sua extrema fraqueza de fé no Messias, o que o leva a traí-lo.
O Senhor procura com um gesto de cordialidade, evitar não sua própria morte, mas a queda de Judas. Ele faz tudo até o fim para que Judas, um dos doze, um dos escolhidos não se perca. É o bom pastor cuidando de suas ovelhas. Uma coisa o Senhor não faz, isto é, cercear Judas e tirar-lhe a liberdade de ação.
Também nós, no seguimento de Jesus, deveremos lutar com todas as nossas forças para que nossos irmãos não deixem o rebanho. Mas fazer tudo não significa impedir o outro de ser livre, mas respeitar seu livre arbítrio.
Imaginemos o eu significou para Jesus ser traído por alguém que privava de sua amizade, que partilhava de sua mesa, que ouvia suas palavras, que era um de seus companheiros, um daqueles a quem havia lavado os pés.
Se o Senhor agiu assim, amando, respeitando a liberdade, também nós deveremos agir do mesmo modo com aqueles que “nos têm ofendido”, para sermos irmãos de Jesus e filhos do mesmo Pai.
“A escola da fé não é uma marcha triunfal, mas um caminho em que há sofrimentos e amor, provas e fidelidade na renovação diária”, escreveu Bento XVI.
Cesar Augusto dos Santos, SJ
Fonte: Rádio Vaticano