A MINHA RESPOSTA À PERGUNTA “QUEM É JESUS?”
Oi, Julián. “A primeira vez que morri”; foi em 1998, quando – pouco antes do nascimento minha filha foi diagnosticada com uma má-formação na espinha dorsal, e os médicos sugeriram enfaticamente um aborto. No decorrer destes anos (agora minha filha tem quinze anos) morri outras vezes; a última foi na sexta-feira, 24 de janeiro, quando minha filha foi internada para passar pela enésima cirurgia, programada, mas estranhamente longa. No fim, tudo correu bem, a não ser por algumas complicações sem gravidade. Este episódio trouxe duas consequências: a primeira foi o grande testemunho que os jovens dos colegiais foram para mim no período de reabilitação, antes e depois da cirurgia. O frescor do encontro com Cristo sem preconceitos levou a uma infinidade de mensagens e encontros com minha filha. Cito apenas uma das mensagens que ela leu para mim: “Não se preocupe, nós rezamos por você e fique certa de que Jesus estará ao seu lado e saberá ajudá-la e cuidar de você”. A segunda consequência diz respeito a mim, à enorme dificuldade que tinha de enfrentar o que estava acontecendo: não tanto e só a dificuldade de um pai que vê sua filha sofrer outra vez, mas algo que vai além e que entra no coração. Tanto que, pela primeira vez, pedi de maneira explícita aos meus amigos para rezarem não só por minha filha, mas também por mim. Será possível, me perguntei, que entre todas as pessoas que têm o mesmo problema de minha filha só ela tenha que passar por essas cirurgias? Ela não se ofereceu voluntariamente a Jesus! Não disse, como qualquer grande santo: “Jesus, faça-me provar um pouco dos teus sofrimentos para salvar o mundo”. No entanto, Deus a preferiu e a prefere também agora. Eu não entendo essa “preferência de Deus” e provavelmente nunca a entenderei. Não consigo agradecer a Deus pelo que aconteceu à minha filha (não seria humano), mas sinto que devo agradecê-lo por essas duas consequências que aquele fato inicial provocou, isto, sim. Minha resposta à pergunta “Quem é Jesus?” é: é uma Pessoa que, neste primeiro período do ano mostrou-me o Seu rosto sofredor no olhar de minha filha assim que acordou da anestesia, mas que (este ainda é um pedido vivo) me revelará também o rosto bom. Adelino, Verona (Itália)
Fonte: Revista Passos
Local: São Paulo