A comunidade cristã é sinal do novo céu e da nova terra de que fala a segunda leitura deste quinto domingo da Páscoa. Mas, que tipo de sinal? Em que se pode notar que somos a semente da nova criação? A chave nos é dada pelo Evangelho de João. Jesus está prestes a se despedir de seus discípulos e lhes deixa um mandamento novo, que é como seu testamento. Diz-lhes que se amem uns aos outros como Ele os amou. Este será o sinal pelo qual conhecerão que somos os discípulos de Jesus. Desta forma, o que caracteriza os cristãos não é que nos reunamos aos domingos para celebrarmos a Missa. Nem mesmo o fato de termos uma hierarquia com um Papa, bispos e sacerdotes. Nem sequer é característica nossa que celebremos sete sacramentos. Jesus não desejava que fôssemos conhecidos por nenhuma dessas coisas. Jesus desejava que os que não pertencessem a nossa comunidade nos conhecessem por outro sinal mais humilde, porém importante e muito mais humano: pela maneira como nos tratamos uns aos outros, pelo modo como nos amamos. Jesus queria que nós nos amássemos tal como Ele nos tinha amado.
Esse é o sinal que nos fará mostrar aos que não são cristãos que a comunidade cristã é a semente de um novo mundo. Porque apenas Deus é capaz de dar vida a esse amor fraterno que faz que tudo se compartilhe e que todos vivam mais em plenitude. Quando aqueles que não são cristãos perceberem que nos amamos verdadeiramente, necessariamente hão de pensar que Deus está presente em nossa comunidade, porque as pessoas, por nossas próprias forças, não podemos amar desta forma.
Nós, cristãos somos feitos de outro material? Somos superiores aos outros? De maneira alguma. Somos iguais. Mas a presença de Deus está conosco. E quando o deixamos agir em nossos corações, experimentamos que um amor maior que as nossas forças brotam de dentro de nós. É o amor de Deus. É o amor que é sinal da nova terra e do novo céu. É, por exemplo, o amor com que Madre Teresa de Calcutá amou os doentes e moribundos. É o amor com que muitos pais amam seus filhos. Sem medida, sem tempo, sem limite, com absoluta generosidade
Mas, além de não sermos superiores aos outros que não são cristãos, cometemos erros e, às vezes, fazemos mal uns aos outros. Há uma dimensão do amor que a comunidade cristã deve saber viver de um modo especial. É a dimensão do perdão, da reconciliação. Perdoar aos irmãos – e perdoar-me – é uma forma de amar que reconhece a própria limitação e a supera, porque o amor vai mais além dos limites que marcam a nossa fraqueza. Viver o perdão e a reconciliação na comunidade cristã é a melhor forma de dar testemunho do amor que nos une.