Este tema já foi o mesmo de uma Campanha de Evangelização em nossa Igreja no Brasil. Porém, é sempre atual, e talvez hoje, mais do que nunca.
Jesus estava no interior do Templo de Jerusalém, no pátio interno, onde nenhum pagão podia entrar. Pois bem, dois gregos, ou seja, dois pagãos aproximaram-se de Filipe, que certamente estava na parte mais externa, no chamado Pátio dos Gentios, até onde qualquer pessoa podia chegar. Dois gentios, que procuravam com fervor o Deus de Israel, tanto que “tinham subido a Jerusalém para adorar durante a festa”. Com humildade, eles pedem: “Gostaríamos de ver Jesus”! Eles não podiam entrar no Templo, não poderiam ver Jesus a não ser que este saísse e viesse aonde eles estavam. Filipe, então, foi a Jesus e lhe relatou o pedido dos gregos. Jesus, então, afirmou, de modo misterioso: “Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado”! É a reflexão que a Igreja nos propõe neste Quinto Domingo da Quaresma (Jo 12, 2033).
Eis o anúncio do mistério: para que os pagãos (no caso, estrangeiros) vejam Jesus, isto é, para que O contemplem com os olhos da fé, para que nele creiam e nele tenham a vida, é necessário que Jesus seja glorificado pela cruz e pela ressurreição! É necessário que Jesus, grão de trigo que se faz Eucaristia, morra e dê fruto – e este fruto é toda a humanidade, judeus e gentios que nele acreditarão e nele terão a vida eterna: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz fruto”. Jesus entregará ao Pai a sua vida para frutificar em salvação para nós, para que possamos vê-lo, contemplá-lo e experimentá-lo como nossa Luz e nossa Vida.
O Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização tem como um de seus trabalhos justamente o assim chamado “Pátio dos gentios”, que é o diálogo da Igreja com os que não creem. Este é um desafio hodierno: apresentar Jesus ao mundo secularizado de hoje. Seja para aqueles que O procuram, seja indo ao encontro das realidades sofridas de hoje, ou como chama o Papa Francisco, às periferias existenciais.
Neste Evangelho (Jo 12,20-33) Jesus mostra aos que desejam vê-Lo: É o caminho da Cruz, o caminho da obediência a Deus, o caminho da semente lançada à terra, que não fica só, mas, morrendo, produz muito fruto. É chegada a hora de Jesus. Trata-se de sua Paixão, Morte e Ressurreição, pela qual Ele se lança totalmente no plano do Pai e realiza plenamente Sua vontade.
Eis um tema importante para hoje: um grupo de gregos (os estrangeiros à raça judaica), que estavam em Jerusalém para celebrar a Páscoa, pede: “Queremos ver Jesus!”, isto é, conhecê-Lo em profundidade. Não se dirigem diretamente a Jesus, mas aos discípulos. Servem-se de dois mediadores: Filipe e André.
Diz Jesus: “Se o grão, que cai na terra, morre, produzirá muito fruto.” A fecundidade da vida se manifesta na morte. Jesus vai morrer e nascerá a Igreja. O caminho para ver Jesus é a Cruz: “Quando Eu for elevado da terra (na Cruz), atrairei todos a Mim”. É o caminho para todo o discipulado.
“Queremos ver Jesus”! Esse pedido dos gregos é uma linda proposta de vida para todos nós. É anseio de todos nós. Todos queremos ver Jesus! O Doc. de Aparecida nos lembra que “o início do Cristianismo é um encontro de fé com a pessoa de Jesus Cristo” (DA 243). E “a própria natureza do cristianismo consiste em reconhecer a presença de Jesus Cristo e segui-Lo” (244). Seguir Cristo: este é o segredo! Acompanhá-Lo tão de perto que vivamos com Ele, como os primeiros Doze; tão de perto, que com Ele nos identifiquemos: se não colocarmos obstáculos à graça, não tardaremos a afirmar que nos revestimos de Nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 13,14).
Ao ser pregado na Cruz, Jesus é o sinal supremo de contradição para todos os homens! “Cristo, Senhor Nosso, foi crucificado e, do alto da Cruz, redimiu o mundo, restabelecendo a paz entre Deus e os homens. Jesus Cristo lembra a todos: “quando Eu for elevado da terra, atrairei todos a Mim” (Jo 12,32), se vós Me puserdes no cume de todas as atividades da terra, cumprindo o dever de cada momento, sendo Meu testemunho naquilo que parece grande e naquilo que parece pequeno, tudo atrairei a Mim. O Meu reino entre vós será uma realidade” (Cristo que Passa, 183). Cada cristão seguindo Cristo há de ser uma bandeira hasteada, uma luz colocada no candeeiro: bem unido pela oração e mortificação à Cruz, em cada momento e circunstância da vida, há de manifestar aos homens o amor salvador de Deus Pai.
Os gregos quiseram ver Jesus! Encontraram Filipe e André que os conduziram ao Mestre. Tendo-O encontrado e acreditado n´Ele, Filipe e André guiam outras pessoas para verem Jesus. É a vocação de todos os que queiram seguir a Cristo. Tendo visto Jesus, tendo feito a experiência de Deus em sua vida, tendo se transformado em semente lançada à terra, os cristãos são chamados a conduzirem outras pessoas a Jesus para O verem, para O seguirem, para viverem de Sua vida. Vendo Jesus nos cristãos, essas pessoas também crerão e terão vida em abundância.