A reivindicação de que Jesus é Deus é o tesouro único do cristianismo.
O mais importante que temos de saber sobre Jesus é que Ele é Deus. Como tal, é diferente de qualquer outro grande mestre ou profeta religioso e obriga os fiéis a escolherem permanecer com Ele ou contra Ele.
Jesus é homem, mas, acima de tudo, é Deus.
Ainda que muitos tenham tentado destacar a humanidade de Cristo nas últimas décadas, o Pe. Robert Barron, fundador de Word on Fire e criador do documentário Catholocism, afirma que o mais importante que devemos saber sobre Jesus é que Ele é Deus, o Homem-Deus.
Jesus é humano. Isso é correto. Porém, o mais importante a saber é que Ele também é divino.
Nos Evangelhos, observa o Pe. Barron, Jesus também diz: Antes de que Abraão fosse, Eu sou (Jo 8, 58). E o seu Eu sou lembra aquele Eu sou aquele que sou, de Êxodo 3,14, quando Moisés pergunta a Deus Qual é o teu nome? e Ele responde Eu sou aquele que sou.
O sacerdote encontra mais ecos desta reivindicação, quando Jesus diz: Eu sou o Pão da Vida (Jo 6, 35), Eu sou o Bom Pastor (Jo 10, 14), Eu sou a Videira (Jo 15, 5).
No Evangelho de João, Felipe tem um diálogo com Jesus, no qual lhe pede: Senhor, mostra-nos o Pai. E Jesus diz: Felipe, há tanto tempo estou convosco, e não me conheces? Quem me viu, tem visto o Pai (Jo 14,9).
Mas isso também aparece nos outros Evangelhos, ainda que eles utilizem um sistema diferente de símbolos. Assim, vemos, por exemplo, que Jesus cura o homem paralítico e lhe diz: ‘Meu filho, teus pecados estão perdoados’. E os presentes dizem: ‘Quem é este homem? Só Deus pode perdoar os pecados’. E esta é precisamente a questão! Marcos está nos dizendo aqui que esse Jesus é Deus.
Para os judeus do século I, dizer que Jesus é Deus constituía uma reivindicação extraordinária.
Nos Evangelhos, Cristo também diz que Aquele que ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, ou que ama a sua vida mais que a mim, não é digno de mim. O Pe. Barron observa que nenhum outro mestre religioso teria jamais dito isso. O único que poderia fazer semelhante afirmação e dizê-la com coerência é aquele que é, em si mesmo, o sumo Bem.
Outra reivindicação feita por Jesus pode ser vista no Sermão da Montanha, quando Jesus diz: Ouvistes o que se disse… mas eu vos digo…. O Pe. Barron observa que Jesus está se referindo à Torá, que, para um judeu do primeiro século, é a maior autoridade que existe. Porque a Torá é vista como a Palavra de Deus, corretamente.
Quem é esse profeta galileu para dizer ‘Ouvistes o que se disse, mas eu vos digo’, reivindicando uma autoridade inclusive acima da Torá? Quem poderia fazer isso, a não ser aquele que é o autor da Torá? Portanto, nós ouvimos estas palavras, nós as damos por descontado, mas é um tema impactante. Em todos os Evangelhos se ouve esta afirmação.
A proclamação do apóstolo Paulo Jesus é o Senhor é uma reivindicação radical.
Inclusive antes de que os Evangelhos fossem escritos, o apóstolo Paulo havia proclamado a divindade de Jesus repetidamente em suas cartas. Ao longo dos seus escritos, Paulo se refere a Jesus Kyrios, que em grego significa Jesus é o Senhor.
Bem, esta é a chave. Paulo era Shaul, ou seja, Saulo, que estudou aos pés de Gamaliel, o maior rabino da época. Ele conhecia o Antigo Testamento do início ao fim. Uma coisa básica no Antigo Testamento é Adonai, Senhor, um termo usado exclusivamente para Deus.
E por isso, quando Paulo que conhecia perfeitamente esta tradição, estava nos seus ossos, no seu sangue , quando Paulo diz que ‘Jesus é o Senhor’, ele sabe perfeitamente o que está dizendo. E ele sabia quão estanho e radical era esse ‘Jesus é o Senhor’. Isso é o mais importante que sabemos sobre o Senhor, afirmou o teólogo.
Aqueles que ouvem falar de Jesus se veem obrigados a escolher estar com Ele ou contra Ele. Porque ou Ele é Deus, o maior Bem, ou é um homem mau. É preciso tomar uma decisão.
Nenhum outro líder religioso importante na história fez esse tipo de declarações tão radicais sobre ser Deus. O Pe. Barron destaca que Maomé nunca declarou ser Deus, mas que era seu mensageiro. Assim também Moisés, que recebeu a lei de Deus, mas nunca atribuiu a divindade a si mesmo. Buda tampouco declarou ser Deus, senão que afirmou ter encontrado um caminho.
Cristo, no entanto, nunca disse ter encontrado um caminho. O que Cristo disse foi Eu sou o Caminho. É muito estranho! Ele não diz: ‘Eu encontrei a verdade, vou lhes contar’. Ele diz: ‘Eu sou a verdade’. Ele não diz: ‘Existe uma nova forma de viver, que eu descobri, vou compartilhá-la com vocês’. Ele diz: ‘Eu sou a vida’.
Estas reivindicações são um tesouro único do cristianismo. Portanto, como comentei, obrigam a uma escolha. Como o próprio Jesus disse: ‘Ou você está comigo ou está contra mim’.
Se Jesus é quem Ele diz ser, devo dar-lhe toda a minha vida. Ele é Deus, é o maior Bem. Se Ele não é quem diz ser, é um homem malvado. É possível encontrar isso, de fato, na tradição apologética do catolicismo. ‘Aut Deus, Aut Malus Homo’. Isso significa que, ou Ele é Deus, ou é um homem mau, e você tem de decidir.
Ou você reúne comigo ou esparrama. Ou está comigo ou está contra mim. E aí está o Evangelho. O Evangelho é a Boa Notícia sobre este Jesus e obriga quem o escuta a uma decisão, a uma escolha.
Esta resposta está baseada no Faith Clip da série de Word on Fire, recopilado pelo seu fundador, Pe. Robert Barron. O Pe. Barron é um aclamado autor, locutor e teólogo, além de criador do documentário \”Catholicism\”.
Por Karna Swanson,