No texto escolhido para a liturgia do terceiro domingo do Tempo Comum, São Paulo mostra quem é quem na comunidade, usando a metáfora do corpo, muitos membros, cada qual com sua função, formam um único corpo. São Paulo não fala só do corpo em sentido físico; ao mesmo tempo, fala também do corpo social. Por corpo social entende-se a comunidade como um todo, cada qual com seu jeito, valores e capacidades. Mediante a diversidade dos membros, chega-se à unidade em Cristo. Foi Ele quem, pelo Espírito, uniu em Corinto pagãos e judeus, escravos e livres, homens e mulheres, ricos e pobres, gente mais culta e gente menos culta. Todos, em Cristo e no Espírito, formam o corpo social, a comunidade cristã.
Por trás da imagem do corpo físico, está a do corpo social: o pé, por exemplo, representa aquelas pessoas na comunidade que fazem as tarefas mais pesadas e menos vistosas
São Paulo esclarece ainda mais, quando afirma que os membros do corpo que nos parecem mais fracos são os mais necessários e aqueles que nos parecem menos dignos de honra são os que vestimos com mais respeito.
Está definido, pois, quem é importante na comunidade: todos são igualmente importantes, cada qual com seu dom. Os dons não conferem valor às pessoas, nem as colocam acima dos outros e nem as credenciam para usar o direito canônico para massacrar a pessoa que se sobressai mais do que muitas cabeças coroadas. O outro, assim como é, é o grande dom de Deus para a comunidade. Se houver necessidade de privilegiar alguém, o pequeno, o pobre, o marginalizado é que deve ocupar o primeiro lugar. Isso porque a comunidade é uma coisa só: forma um todo com todos os membros e com Cristo.
São Paulo apresenta novo elenco de funções. Novamente, o falar em línguas ocupa o último ligar, associado à interpretação das mesmas. No pensamento de São Paulo, a tarefa mais importante e árdua é a da evangelização, do discernimento e da catequese, pois foi assim que a comunidade nasceu e se consolidou.