A Quaresma são quarenta dias, marcados fortemente pela penitência, pelo jejum e pela oração que nos prepara para a celebração do Tríduo pascal da Paixão, Morte, Sepultura e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, que inicia-se na Quarta-Feira de Cinzas.
A Quarta-Feira de Cinzas abre este tempo propício de conversão e de penitência, fazendo a proposta da observância quaresmal da oração, do jejum e da esmola.
No primeiro domingo da Quaresma vamos refletir sobre as tentações de Jesus no deserto e no segundo domingo da Quaresma a Transfiguração do Senhor.
Jesus é o modelo da vida de penitência dos batizados. O Jesus que jejua, o Jesus que se dedica à oração, deve ser visto à luz do Cristo transfigurado. Toda a caminhada diária de conversão dos batizados só tem sentido à luz da ressurreição pregustada no Tabor.
Nesse ano litúrgico, cujo o Evangelista é São Lucas, a liturgia é centralizada na necessidade da penitência e da misericórdia de Deus com a humanidade em Cristo Jesus. A necessidade de conversão(cf. Lc 13,1-9) no 3º. Domingo da Quaresma; o filho pródigo(cf. Lc 15,1-3.11-32), no 4º. Domingo da Quaresma e a mulher adúltera(cf. Jo 8,1-11) no 5º. Domingo da Quaresma. As leituras apresentam experiências pascais do Povo de Deus na história da salvação.
Na Quaresma iremos refletir muito sobre o nosso batismo, em duas linhas: a primeira que a Páscoa é a festa da celebração do batismo daqueles e daqueles que se prepararam durante a Quaresma. Os catecúmenos caminharam com a Igreja; a comunidade tornou-se catecúmena com os que se prepararam para o batismo. A Igreja gera novos filhos na fé. Mas enquanto ela se torna catecúmena, os cristãos se preparam para renovar os compromissos do próprio batismo. Assim, estamos na segunda linha-força da Quaresma: a penitência e a prática da conversão para viver o batismo ou para renovar as promessas do batismo.
Todo cristão, mesmo batizado, sabe que o processo de sua conversão não chegou ao fim. Ele é um caminhante, consciente do já presente ainda não. Embora justificado e santificado pelo batismo e pela fé, encontra-se ainda a caminho. Além disso, ele tem consciência de que muitas vezes se torna infiel à aliança batismal, à morte libertadora de Jesus Cristo, afastando-se ou negando totalmente sua vocação e missão do batizado.
A Quaresma é tempo oportuno em que a Igreja oferece a confissão, a reconciliação oferecida pela misericórdia de Deus em Cristo Jesus constitui, por sua vez, outra experiência pascal celebrada sacramentalmente na Páscoa.
Quaresma, tempo de oração, de jejum e de esmola, para purificarmos a nossa vida da hipocrisia.
Quando exercitamos a oração, o jejum e a esmola nós estamos completos. A oração nos coloca diante da Santíssima Trindade. O jejum nos educa diante da natureza criada e a esmola nos ajuda a entender e a colaborar com os mais necessitados.
Rezando, jejuando e ajudando ao próximo iremos fazer o bem e nos livrar das escravidões temporais. Por isso, as cinzas que inauguram a Quaresma nos lembram que somos pó e ao pó voltaremos. Todo o orgulho, a prepotência, a arrogância, a disputa de poder, a calúnia e a inveja são vencidas pela oração, pelo jejum e pela caridade. Vivamos bem a Quaresma que se inicia e procuremos uma conversão profunda para ressuscitarmos com Cristo na Páscoa e vivermos a cândida brancura do nosso batismo em atos, palavras e ações, amém!