Procissão do Encontro

    Durante a Semana Santa, acontecem diversas devoções populares que ajudam os fiéis em sua espiritualidade para bem celebrarem a paixão, morte e ressurreição de Jesus. Além da celebração da Missa, acontecem nesses dias essas ações litúrgicas, ações devocionais, atos culturais, etc. Na segunda-feira, em alguns lugares, acontece o Ofício do “Depósito” (levam-se as imagens para os locais de onde sairão); na terça-feira, acontece a procissão do Encontro e, na quarta-feira, acontece a procissão de Nossa Senhora das Dores (ou ofício das trevas e outros). Em muitas regiões do mundo multiplicam-se essas tradições. A partir da quinta-feira, iniciam-se as celebrações do Tríduo Pascal.

    Só temos uma Semana Santa durante o ano todo, a semana maior para os cristãos. É importante que todos os fiéis consigam participar dos momentos litúrgicos previstos para a Semana Santa. Nessa semana ainda, é possível, em muitas igrejas, realizar a confissão auricular sacramental para quem não o fez ainda.

     É bom não deixarmos passar esses momentos e resgatar com alegria esses momentos de fé popular. Muitas paróquias não realizam mais essas celebrações na Semana Santa e muitas oportunidades de evangelização se perdem. Seria importante as paróquias, além de abrirem as suas portas para acolher os fiéis durante essa semana, realizarem esses momentos litúrgicos, para-litúrgicos, devocionais e culturais para resgatar a fé popular e não deixar esses momentos passarem. São celebrações muito ricas e piedosas.

    A procissão do Encontro recorda o momento do encontro de Nosso Senhor dos Passos rumo ao calvário com a sua Mãe, Nossa Senhora das Dores. Normalmente, os homens saem de um ponto da cidade com a imagem de Nosso Senhor dos Passos e as mulheres saem de outro ponto com a imagem de Nossa Senhora das Dores. À medida que caminham, as duas imagens se encontram em frente à paróquia ou em algum espaço maior. Ao se encontrarem o sacerdote profere o sermão da noite, chamado de Sermão do Encontro.

    Após o sermão, as imagens e os fiéis entram na paróquia e acontece o momento de veneração das imagens. As imagens ficarão uma de frente com a outra, pois nesse momento a Mãe contempla o rosto de dor do Filho, e, através dessa troca de olhares entre a Mãe e o Filho, um ajuda o outro a aliviar as suas dores. Jesus diz a sua Mãe para não chorar por Ele, mas sim, por aqueles que permitiram aquele momento de dor d’Ele. Quantas mães nos dias de hoje, não olham para os seus filhos e sentem a dor que eles carregam e querem ajudá-los em seus sofrimentos, quantas mães olham seus filhos ainda jovens morrerem, vítimas da violência, drogas e outras coisas.

    Ao venerar as imagens de Nosso Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores, nesse dia ou nos dias da Semana Santa, podemos lembrar de tantas mães que perderam os seus filhos durante essa pandemia da Covid-19 que há dois anos nos assola, e que ainda não nos permitiu ter esses momentos celebrativos. Peçamos ao Espírito Santo que conforte os corações dessas mães e reaviva a sua fé. Que mães possam ter forças para carregar a sua cruz e os filhos que aqui ficaram e perderam as suas mães, também.

    Quantas mães perderam os seus filhos para o vício, as drogas e uma vida desenfreada? Neste dia elas, reverentemente, pedem pela conversão e mudança de vida de seus filhos.

    A Campanha da Fraternidade desse ano refletiu sobre a importância da educação. Muitas crianças sofrem para poder ter uma educação de qualidade. E tem que a cada dia carregar as suas cruzes para chegar à escola. E ainda, as mães que sofrem para poder levar os seus filhos para a escola. Que possamos a partir do tema da Campanha da Fraternidade dar mais valor à educação, assumindo o Pacto Global de Educação, feliz iniciativa do Papa Francisco, além de reforçar a educação religiosa de seus filhos que, necessariamente, deve começar na família e ser consolidada na vida comunitária eclesial.

    Todos os anos, a família de Nazaré subia a Jerusalém para celebrar a Páscoa. Maria não imaginava que chegaria o momento em que subiria a Jerusalém para celebrar a Páscoa de seu próprio Filho. Nesse momento, iria se concretizar a profecia de Simeão, feita há cerca de trinta anos: “Quanto a ti, uma espada de traspassará a alma” (Cf Lc 2). A dor de Nossa Senhora foi tão grande que é como se fosse uma espada que atravessasse a sua alma. Maria, como sempre, guardava tudo em seu coração, e buscava compreender os planos de Deus para a sua vida.

    Maria acompanhou de perto todo o sofrimento de Jesus. Que dor Ela não deve ter sentido ao ouvir o seu filho ser julgado diante de Pilatos e ainda ouvir o povo aclamar: “crucifica-o, crucifica-o”. Depois, o acompanhou no caminho do calvário até a crucificação e morte de cruz. No momento da morte de Cruz, Jesus entrega Maria como a mãe de todos os viventes, ao entregá-la sob os cuidados de João, o discípulo amado.

    Jesus foi condenado à morte inocentemente, sem ter cometido crime algum. É claro que era necessário que Ele passasse pela cruz para nos salvar. Podemos lembrar nessa celebração de tantas mães que veem seus filhos morrerem inocentemente e choram pela morte de seus filhos. Que Deus e o Espírito Santo as ilumine e conforte os seus corações e, iluminadas pela fé, possam crer na ressurreição final.

    Participemos piedosamente das celebrações da Semana Santa e, em especial, da procissão e sermão do Encontro. Que esses momentos litúrgicos possam reavivar em nós a esperança e a fé na ressurreição. Rezemos por todas as mães e seus filhos, para que Deus possa sempre livrá-los do mal.

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