Domingos Pinto – Lisboa
“Fundamentalmente pedi-lhes para criarem uma mentalidade de respeito por aquilo que é a nossa fonte de vida. Agora a pandemia veio acelerar, de certo modo mostrar como é necessário, de facto, intervir de modo humano e cristão na natureza”.
É desta forma que D. Anacleto Oliveira explica à VATICAN NEWS a nomeação no passado dia 23 julho de uma equipa experimental da ‘Comissão Laudato Si´, que será coordenada por Diana Sofia Fernandes.
Para o prelado, com a pandemia, o Alto Minho “tornou-se um lugar preferido” pela procura pela natureza, elogiando aqui as câmaras municipais que têm tido “um cuidado muito grande, nomeadamente, na proibição da exploração do lítio”, ou seja, “todos os municípios se mostraram contra, com medo que isso venha destruir a beleza natural”.
O bispo de Viana de Castelo considera que a encíclica do Papa Francisco ´Laudato si´ é uma das grandes marcadas deste pontificado, “uma inovação”.
“De princípio deixou algumas pessoas espantadas, mas aos poucos vamo-nos apercebendo da sua atualidade”, porque “começou a alastrar, de facto, uma nova mentalidade com manifestações a favor da natureza, e é possível que o papa tenha dado o seu contributo e tenha despertado muito mais gente para esta necessidade urgente”.
Ao portal da Santa Sé o Bispo de Viana do Castelo alerta ainda para o impacto que a pandemia está a ter na vida dos portugueses.
“Sob o ponto de vista social, sofremos o que sofrem outras pessoas no resto do país, embora aqui não numa dimensão tão grave, mas a verdade é que as pessoas que recorrem ao refeitório social que existe na cidade de Viana duplicou”, sublinha.
“Há mais gente a passar fome, há mais gente a passar mal. Isso é incontornável e é verdade, embora o desemprego não seja tão grave como noutros países”, diz D. Analecto Oliveira.
O prelado não esconde o seu “medo” que o país regresse “aos vícios que tínhamos antes da pandemia, em que a economia está acima de tudo, o bem-estar material está acima de tudo, e voltamos aos mesmos erros, aos mesmos vícios”.
“Isso é que de certo modo me preocupa, nos deve preocupar a todos nós cristãos, e nós na igreja devíamos dar um sinal diferente disso”, diz D. Anacleto Oliveira que elogia o contributo das dioceses e paróquias na resposta à pandemia, sobretudo “no que toca ao respeito pela vida, e, portanto, à observância das regras de isolamento, distância social”.