Investigador José Eduardo Franco destaca «ideário» que pode servir de «antídoto contra a guerra e o terrorismo»
Lisboa, 14 jun 2016 (Ecclesia) – A cidade de Coimbra acolhe a partir desta quinta-feira “o maior congresso internacional de sempre” dedicado ao Espírito Santo, um evento que vai passar também por Lisboa e Alenquer e cuja organização reúne diversas universidades, autarquias e confrarias.
Em entrevista concedida hoje à Agência ECCLESIA, José Eduardo Franco, presidente da comissão organizadora do congresso, destacou a relevância deste tema para uma sociedade atual “que precisa de pensar uma nova utopia”.
“E aqui utopia não como um não lugar mas como um lugar possível mas ainda não existente, algo que gere esperança, uma esperança que salve a humanidade”, salientou o investigador da Universidade de Lisboa.
José Eduardo Franco recorda que o tema do Espírito Santo, cuja devoção congrega milhões de portugueses em vários pontos do país e na diáspora, tem na sua génese “a possibilidade de um mundo novo, melhor, mais fraterno, envolvendo toda a humanidade”.
Esta temática apela ainda “para a necessidade de recuperar essa função fundamental do Homem, que é cuidar da Terra e dos outros seres humanos”.
Nesse sentido, prossegue aquele responsável, a reflexão à volta do Espírito Santo pode ser um “antídoto fundamental contra a guerra, o terrorismo, contra o espectro da cobiça e do atual capitalismo selvagem”.
Sobre a importância das festas do Espírito Santo em Portugal, José Eduardo Franco frisa que mais do que uma tradição “popular”, elas representam “um ideário”, um convite à transformação da vida.
“Com os Descobrimentos, Portugal foi o pai da globalização, e esse facto torna-o hoje, no contexto de crise em que vivemos, detentor de um capital de experiência que deve ser valorizado, especialmente esse dinamismo utópico”, complementou.
Profundo estudioso do padre Antônio Vieira (1608-1697), cujas obras completas ajudou a compilar e a traduzir para português, o investigador recuperou a noção de “cidadania global que Vieira já defendia”.
“Só isso pode salvar a humanidade de coisas como o terrorismo, de dramas como o dos refugiados. A construção da cidadania global está inscrita no pensamento utópico português e este congresso chamará a atenção para isso”, concluiu José Eduardo Franco.
A primeira parte do Congresso Internacional do Espírito Santo vai decorrer em Coimbra entre quinta e sexta-feira, período em que vão ser distribuídas relíquias da Rainha Santa Isabel a representantes das várias paróquias nacionais e estrangeiras que têm a Rainha Santa como padroeira.
Depois virá para Lisboa e Alenquer, entre 14 e 18 de setembro, tendo como base a comemoração dos 800 anos da Fundação dos Franciscanos, dos 500 anos da beatificação da Rainha Santa Isabel, da ‘Utopia’ de Thomas More e do primeiro compromisso impresso das Misericórdias, e dos 300 anos da Fundação do Patriarcado de Lisboa.
No programa, que integra mais de uma centena de oradores nacionais e estrangeiros, destaca-se a participação do primeiro-ministro português, Antônio Costa, e de vários responsáveis da Igreja Católica, como o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, o bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, e D. Carlos Azevedo, do Conselho Pontifício da Cultura.
Fonte: Agência Ecclesia