O padre panamenho Ricardo Reyes Castillo, especialista em liturgia e autor do livro O que é a Missa?, no qual explica o verdadeiro significado da celebração eucarística, conversou com a ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, sobre a importância das quatro missas celebradas no Natal.
O padre Castillo disse que tudo começa com um grande movimento. Começa no dia 24 de dezembro com a “missa da vigília ou das vésperas”, na qual se lê a genealogia do Senhor. Depois tem a “missa da noite” na qual se ouve o anúncio dos pastores. No dia 25 tem a “missa do alvorecer” na qual os pastores vão ver a Virgem Maria e finalmente na “missa do dia” é proclamado “o início do Evangelho de São João”.
“Faz-se um caminho da genealogia ao nascimento de Jesus até chegar ao mais teológico com são João Evangelista. É um movimento da noite maravilhosa onde nasce o nosso Salvador”.
O padre Castillo convidou a conhecer “as diferentes leituras das quatro missas, a ver as diferentes orações, através das quais é possível compreender como estes quatro modelos são completamente diferentes e ao mesmo tempo profundamente unidos. Há um ciclo no dia de Natal, uma coisa linda, um movimento de Natal.”
Por que 25 de dezembro?
Segundo o padre Castillo, para compreendê-lo é importante primeiro “entender por que o Natal é celebrado no dia 25 de dezembro”.
“Temos que pensar que nos primeiros séculos não havia uma data precisa e esta variava de acordo com o local. Graças a um documento romano de meados do século IV, pode-se afirmar que já no ano 336 em Roma o Natal era celebrado em 25 de dezembro.”
O padre Castillo disse que esta data coincide “exatamente com a data do solstício de inverno, portanto se estabelece uma relação simbólica bíblica entre a luz e as trevas e assim Cristo aparece como aquele que vence a noite do pecado”.
“Cristo é a nova luz, a partir do dia 22 de dezembro os dias começam a ser mais longos e há mais luz”, disse.
Segundo o padre Castillo, tradição romana começa no Ocidente, embora no Oriente e na Península Ibérica, Espanha, fosse celebrado no dia 6 de janeiro. A mudança para o dia 25 foi introduzida gradativamente.
A origem da missa da vigília de Natal
O padre Castillo disse que foi “o papa Sisto III quem, em agradecimento pelo que foi promulgado em Éfeso em 431, sobre a maternidade de Maria Mãe de Deus, construiu a Basílica de Santa Maria Maior numa colina de Roma chamada Esquilino”.
O papa Sisto III ordenou a construção de uma capela dentro dessa basílica que representava a “gruta da Natividade”. A igreja então recebeu o nome de Santa Maria adpra sepem, que em latim significa “presépio”.
Foi nesta capela que o papa “decidiu transferir o início das celebrações do Natal”. Neste importante templo romano ainda hoje se encontra a relíquia da manjedoura onde Jesus nasceu.
Na oração coleta da missa da vigília se pede “contemplar sem medo a chegada de Deus como juiz”.
“O Natal já anuncia não só o dia seguinte, mas já é um anúncio da Ressurreição. É por isso que em muitos lugares no Natal se diz ‘feliz Páscoa’, porque a Morte e Ressurreição de Cristo já está anunciada”.
O grande anúncio da salvação
As três missas que seguem – a da meia-noite, a do alvorecer e a do dia – “colocam mais ênfase no mistério da encarnação de Jesus Cristo”.
“E este – continua o padre Castillo – é o grande anúncio da salvação: que Deus amou tanto o homem que não o deixou sozinho e enviou o seu próprio filho”.
“Ele assume a nossa carne e a leva para o céu, no Natal já temos o anúncio de todo o Mistério da salvação, que Cristo veio para nos libertar daquela noite, daquelas trevas e nos levar para a verdadeira luz”, concluiu.