Todos acompanhamos, apreensivos, a situação que envolve diretamente a Petrobras, diante de inúmeras irregularidades constatadas pela investigação policial, que apontam para a existência de amplo processo de corrupção no interior da própria empresa, que aumenta de proporção na medida que avança a investigação.
Diante destas revelações, é imperioso que se faça a apuração completa dos fatos, para levar à identificação dos culpados, e sua rigorosa punição.
Mas, por se tratar de uma empresa do porte da Petrobras, com sua importância estratégica para todo o país, o fato requer algumas providências especiais, que precisam ser tomadas com discernimento e rapidez.
Em primeiro lugar, que todos os dados já apurados sejam publicados, para conhecimento de todos. Isto se torna ainda mais urgente, pelo uso que a investigação está fazendo, da “delação premiada”, como instrumento de averiguação dos fatos. Pois na medida em que pessoas envolvidas no caso apresentam sua versão dos acontecimentos, se torna indispensável que se faça o confronto entre a versão apresentada por alguém que se declara réu confesso, com a versão dos que são citados na dita “delação premiada”.
Este confronto é indispensável, e não pode demorar muito, sob o risco de condenações precipitadas e equivocadas, induzidas por versões que em primeiro lugar são feitas com o objetivo de auto defesa dos autores das delações premiadas. Se não houver logo a contestação, feita pelas pessoas citadas nas delações, corre-se o risco da opinião pública ficar só com a versão parcial dos fatos, produzida pelo interesse dos delatores de se defenderem diante de acusações já comprovadas contra eles.
Mas não é só a lisura da investigação que se requer. E´ preciso sobretudo, ter presente a importância estratégica da Petrobras, para tirar deste episódio lições preciosas, que daqui para a frente precisam ser levadas em conta na administração desta grande empresa, que se tornou símbolo da capacidade do Brasil de ter um projeto próprio e soberano de nação.
Esta importância estratégica da Petrobras não é mencionada, e parece mesmo esquecida, no contexto das insistentes e amplas versões que diariamente se propagam desta situação vivida agora pela empresa que conseguiu se tornar o símbolo da capacidade tecnológica e administrativa conquistada pelo Brasil, pelo acúmulo positivo de enormes avanços levados a efeito pela Petrobras.
Nas discussões e debates decorrentes da investigação em curso, não se fala deste valor inquestionável da Petrobras. Mesmo que resulte claro o indiscutível mérito de desentranhar o perverso processo de corrupção no interior da empresa.
Em momentos de tensão e de crise, como este que estamos vivendo, é necessário recordar as batalhas democráticas e patrióticas, que se expressavam pela afirmação enfática de que “O Petróleo é nosso!”.
Apesar de todos os problemas, e das dificuldades em que mergulhou a administração da Petrobras, não podemos esquecer que ela é um grande patrimônio do povo brasileiro, e que este patrimônio não será, de jeito nenhum, exposto à sanha de quem gostaria ver uma Petrobras debilitada, privatizada e colocada ao alcance dos especuladores.
Em meio à tempestade de roubos e falcatruas, exige-se a punição exemplar de todos os corruptos, e a retomada firme e decidida dos grandes objetivos da Petrobras.
“O petróleo é nosso, a Petrobras é do povo brasileiro!”