Peregrinações

    Este tempo de jubileus e concessão de indulgências pelo Ano Mariano no Brasil e pelo centenário das aparições da Virgem Maria, em Fátima, é uma maneira de darmos mais espaço para as peregrinações aos Santuários ou às Igrejas Marianas em Geral.

    As peregrinações constituem um fenômeno ligado à própria natureza do homem. Ele se sente um ser a caminho. Sua própria vida é uma caminhada do nascimento para a morte, da juventude para a velhice e, em aspiração mais profunda, uma passagem desta vida efêmera para uma vida mais feliz.

    Por isso, sair de um lugar para buscar outro é próprio do coração humano. O homem é o eterno peregrino, o permanente “procurador” de Deus. Saímos de Deus e estamos em contínua tendência para Aquele que é o nosso princípio e o nosso fim. É daí que o caminhar adquire um sentido especial para o homem. Todos os povos têm seus lugares de peregrinação. É, por assim dizer, o subconsciente universal que está à procura de uma perfeição perdida, o paraíso perdido, na esperança de encontrá-lo, o céu.

    Cícero, um pensador antigo, dizia: “somos intimamente movidos para os lugares onde existem vestígios daqueles a quem amamos ou admiramos”. As peregrinações dos Judeus na época das grandes festas eram objeto de obrigação (temos salmos de peregrinação). E desde que o Templo de Jerusalém figurava como Santuário nacional, lugar privilegiado da presença e da ação de Deus. Diversas missões na História do Povo de Deus foram realmente realizadas com peregrinações. A eleição de Abraão exigiu uma caminhada de Ur para a Terra de Canaã, a libertação do povo de Israel do Egito sob a direção de Moisés, uma travessia do deserto até chegar à terra prometida.

    No Novo Testamento, o nascimento de Jesus está ligado a uma viagem da Galiléia para a Judéia. Temos ainda a fuga para o Egito. E a Sagrada Família de Nazaré cumpria fielmente a lei, conforme nos narra o Evangelho: “seus pais iam todos os anos a Jerusalém na festa da Páscoa. Tendo ele atingido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume de festa” (Lc 2,41-42). Jesus e os Apóstolos também não deixavam de subir a Jerusalém por ocasião das festas anuais (cf. Jo 5 1; 7,1-14).

    A crença cristã, segundo a qual “Deus é um espírito” a ser procurado e achado não especialmente “nesta montanha, nem ainda em Jerusalém”, mas em qualquer lugar em que os verdadeiros adoradores se aproximam dele em espírito e em verdade, poderia parecer à primeira vista destinada a encorajar muito pouco as peregrinações (Cf. Jo 4, 21-25). Portanto, desde o começo a Igreja, ao mesmo tempo em que admitia o perigo dos abusos, e tomando as medidas para preveni-los, aprovou a prática das peregrinações aos lugares santos como uma ajuda poderosa e um incentivo para a vida devota. Favorece a prática também porque reconhece o fato indubitável que Deus tem concedido frequentemente, e ainda concede favores interiores e exteriores, graças e milagres, em lugares ou túmulos, para honrar certos mistérios da vida de Cristo, de Nossa Senhora e dos Santos.

    Desde os primeiros tempos da Igreja formou-se uma corrente contínua de peregrinações que se dirigiam para os lugares santos e para os túmulos dos Apóstolos. Das peregrinações aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo, em Roma, surgiu a palavra Romaria, que depois começou a significar qualquer peregrinação a algum Santuário. No decorrer dos séculos multiplicaram-se os Santuários, e o Brasil não escapou a esta lei.

    Este ano, para nós brasileiros, é muito especial, pois celebramos os 300 anos do encontro da Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida no Rio Paraíba do Sul. É ano de festa e de alegria! É ano de também, se pudermos, ir ao Santuário Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Quantas graças recebemos em ir até lá! Eu mesmo já fui inúmeras vezes e a cada vez que vou, Nossa Senhora, com seu trato materno, tem a graça especial de me tocar e me conduzir ainda mais pelo caminho de seu Filho. Por ocasião da 55ª. Assembleia Geral da CNBB, e na segunda-feira, dia 08 de maio, com a peregrinação do INBRAC e Rede Vida, estive lá em peregrinação e assim rezei: Senhora Aparecida, protege a Santa Igreja em terras brasileiras! Roga pelo clero, pelos religiosos, por todo o povo de Deus! Ajuda-nos, Mãe de Deus-Jesus e Mãe nossa, ajuda-nos a construir um Brasil mais cristão, mais justo, mais pacífico e solidário. Que a paz seja restituída nas amadas terras cariocas e fluminenses… e que, pelas tuas preces maternas, jorre para nós o vinho bom da alegria e sejamos todos, um dia, herdeiros do Reino dos céus. Amém!

    Foi ali em Aparecida que os bispos do estado do Rio de Janeiro, além da carta que enviamos pela Páscoa e além das notas e mensagens da nossa Conferência Episcopal, também quisemos dar um passo a mais, pedindo ao nosso povo que, pelas ruas e praças, caminhando e cantando, rezassem o Rosário pela paz em nossa cidade e estado, e, sem dúvida, pelo Brasil e o mundo.

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