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A preocupação da Santa Sé com uma “possível escalada” da guerra na Ucrânia foi expressa nesta quarta-feira (11) pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, durante uma reunião com a imprensa em Zagreb, por ocasião da sua visita à Croácia para o 30º aniversário do reconhecimento da independência da República Croata pela Santa Sé e para o 25º aniversário da ratificação dos Três Tratados entre o Vaticano e o país balcânico. O purpurado chegou na noite de terça-feira (10) na capital croata.
“Tendo em mente a destrutividade das armas” possuídas hoje, disse ele, um alargamento do conflito seria uma “ameaça à destruição de toda a humanidade”. Ele então lembrou as fortes palavras do Papa Francisco contra a loucura da guerra e a disposição dele de fazer de tudo para contribuir para a paz, oferecendo a mediação do Vaticano e também dizendo que estava pronto para ir a Moscou – uma oferta que até agora não foi acolhida. “Parece que no momento há pouca esperança”, disse Parolin, “de que uma conclusão consensual da guerra possa ser alcançada”, mas a Santa Sé continua disponível para ajudar a terminar com esta guerra o mais rápido possível.
A missa em Zagreb
Dos dramáticos acontecimentos que estão sacudindo a Europa, o cardeal Parolin também falou durante a missa celebrada em Zagreb. Em sua homilia, ele observou que “a escuridão da guerra obscurece até mesmo a luz da razão humana e parece derrotar até mesmo o senso comum. Nos últimos dois anos temos vivido na escuridão da pandemia, sem saber como agir, sem saber o que fazer. Toda tentativa de solução parecia inadequada”.
Após a pandemia veio o conflito na Ucrânia: “em experiências tão ‘escuras’ nos encontramos desorientados”, comentou ele, “mas a luz do Cristo Ressuscitado é mais forte e dá esperança e consolo, também através de suas testemunhas”. Entre eles, ele citou o Beato Alojzije Stepinac: “nestes tempos de guerra na Europa”, concluiu, “vale a pena recorrer à sua intercessão. Hoje, como ele na época, nós somos confrontados com o mal que nasce no coração dos homens e tende a ocupar as mentes e as almas”.
O encontro com os bispos croatas
A visita a Zagreb começou na manhã de quarta-feira (11) com um encontro com os bispos croatas, aos quais trouxe as saudações e a proximidade do Papa. “Ao longo dos séculos”, disse Parolin, “o povo croata sempre demonstrou uma lealdade inegável à Sé Apostólica. Do outro lado, muitos Papas apreciaram o crescimento dos laços estreitos com o povo croata e mostraram inúmeros sinais de benevolência para com esta Igreja e esta terra. Após os anos da ditadura comunista, durante os quais tudo foi feito, através de perseguições sangrentas e sistemáticas, para romper os laços do povo croata com os sucessores de São Pedro, em 25 de junho de 1991, a Croácia, juntamente com a Eslovênia, proclamou independência da então Iugoslávia. Um dos sinais concretos da proximidade da Santa Sé com o povo croata”, sublinhou ele, “foi precisamente o reconhecimento da independência da Croácia em 13 de janeiro de 1992. Como se sabe, a Santa Sé foi uma das primeiras a dar esse passo e, menos de um mês depois, em 8 de fevereiro de 1992, a Santa Sé e a Croácia estabeleceram relações diplomáticas, as primeiras na história mais que milenar da nação croata”.
Nesses 30 anos, acrescentou o secretário de Estado, “o país e a Igreja local deram passos muito importantes, que a Santa Sé seguiu com muita atenção. Alguns anos após a independência, o governo reconheceu o papel histórico e cultural especial da Igreja local, bem como sua posição social, e assinou e ratificou quatro acordos bilaterais com a Santa Sé, entre 1996 e 1998. A Ordem Militar e outras cinco dioceses foram estabelecidas. O ensino religioso nas escolas e o ensino de Teologia nas Universidades Estaduais voltou. A Universidade Católica Croata em Zagreb foi aberta, assim como várias escolas católicas, e numerosas igrejas foram construídas ou renovadas”, afirmou o cardeal Parolin, e assim, “graças a esforços conjuntos, foram estabelecidas boas relações entre a Igreja e o Estado”.