DUBLIN, (ACI).- Ricos financiadores do aborto poderiam usar o caso da Irlanda como um modelo para mudar as leis pró-vida em outros países católicos, conforme sugere um aparente plano vazado da Fundação Open Society do magnata George Soros, para o período 2016-2019.
“Com uma das leis de aborto mais restritivas no mundo, uma vitória aí poderia impactar fortemente outros países católicos na Europa, tais como a Polônia, e oferecer a prova tão necessária de que a mudança é possível, inclusive em lugares muito conservadores”, lê-se no documento.
O documento vazado também registra o apoio aos esforços pró-aborto no México, Zâmbia, Nigéria e Tanzânia, assim como outros países da América Latina e da Europa. O documento aponta particularmente as proteções constitucionais do direito à vida desde a concepção.
A estratégia da Fundação Open Society, com sede em Nova Iorque (Estados Unidos), para seu Programa de Direitos das Mulheres, estaria incluída entre os documentos publicados pelo DCLeaks.com. O site assegura que os documentos são da influente fundação internacional criada pelo multimilionário financiador George Soros.
Em 2015, a revista Forbes estimou que a riqueza líquida de Soros é de 24,5 bilhões de dólares, colocando-o no posto de 16º homem mais rico dos Estados Unidos.
Um dos três temas do programa é conseguir acesso ao aborto legal, incluindo os esforços para derrogar a Oitava Emenda da Constituição da Irlanda.
A emenda, aprovada em 1983, reconhece “o direito à vida do não nascido e, com a devida consideração ao mesmo direito à vida da mãe, garante em suas leis respeitar e, tanto como seja viável, defender e reivindicar em suas leis esse direito”.
A suposta proposta de estratégia da Fundação Open Society disse que financiará a Campanha do Direito ao Aborto, Anistia Internacional Irlanda e a Associação de Planejamento Familiar Irlandesa “para trabalhar coletivamente em uma campanha para derrogar a emenda constitucional concedendo direitos iguais tanto para um embrião implantado como para a mulher que está grávida”.
Cora Sherlock, vice-presidente do grupo irlandês Pro-Life Campaign (Campanha Pró-vida), advertiu que “se for verdade, estas são notícias devastadoras”.
Em declarações ao Grupo ACI, Sherlock indicou que “uma coisa é certa. Aqueles que impulsionam o aborto na Irlanda têm enormes recursos que não tinham há poucos anos. O dinheiro não está sendo arrecadado dos cidadãos irlandeses comuns. Com certeza”.
Para a líder pró-vida irlandesa, o fato de que uma fundação estrangeira “financie e organize grupos na Irlanda para desmantelar a proteção no país do não nascido representaria uma grave interferência e um total desprezo pelos irlandeses”.
Sherlock lamentou que é “extremamente difícil” para os pró-vida irlandeses enfrentar estas campanhas, pelo financiamento de quem promove o aborto e exigiu que estas organizações se pronunciem sobre o aparente financiamento internacional.
“Não é uma surpresa que os grupos pró-aborto internacionais estejam tentando impor sua agenda na Irlanda”, disse, pois “o excelente histórico da Irlanda quanto à segurança de gravidez de mulheres sem recorrer ao aborto é uma importante fonte de vergonha para os promotores do aborto, já que debilita completamente seu argumento de que o aborto ajuda as mulheres de algum jeito”.
“Milhares de cidadãos irlandeses estão vivos hoje graças a esta lei”, disse Sherlock. Além disso, destacou que “a Irlanda demonstrou que é possível proibir o aborto e ser também um líder mundial na proteção das vidas das mulheres grávidas”.
A aparente estratégia da fundação de Soros para legalizar o aborto na Irlanda destaca que a recente aprovação do chamado casamento gay nesse país oferece “oportunidades valiosas e oportunas para avançar na campanha”.
Nos próximos três anos de atividade, esperam deter, mitigar e reverter a maré de leis de caráter fetal e emendas constitucionais” e gerar “um conjunto robusto de organizações que avancem e defendam os direitos sexuais e reprodutivos e injetem novas ideias/estratégias no campo”.
Um porta-voz da Fundação Open Society consultado pelo Grupo ACI não se referiu ao documento em específico, mas disse que uma quantidade de documentos internos foi publicada “após ser removida de uma comunidade on-line que servia como um recurso para nosso pessoal, diretores e sócios em todo mundo”.
“Em alguns casos, os documentos refletem estratégias panorâmicas para vários anos dentro da rede da Fundação Open Society, que apoia os direitos humanos e o estado de direito em mais de 100 países ao redor do mundo”, indicou o porta-voz.
“A Fundação Open Society trabalha em muitos países para promover os direitos iguais e integrais para as mulheres, incluindo a autonomia sexual e reprodutiva”, assinalou, assegurando que “defendemos nosso trabalho e estamos orgulhosos de apoiar todos os nossos beneficiários”.
A aparente estratégia da fundação de Soros assegura que financiará o grupo pró-aborto ‘O Grupo de Informação em Reprodução Escolhida’ (GIRE), do México, e reconhece que já intervêm na International Women’s Health Coalition, no Centro para os Direitos Reprodutivos, na National Advocates for Pregnant Women e Women on Web.
Embora o programa inclua metas como justiça econômica e fortalecimento de organizações defensoras dos direitos das mulheres, estes objetivos estão fortemente vinculados ao aborto.
“Vemos estas metas como interligadas, porque para que as mulheres assumam plenamente seu lugar como cidadãs, devem ser capazes de controlar seus corpos, ter um nível de segurança econômica que lhes permita a participação pública e ter a capacidade de defender a si mesmas”, indica o documento vazado.
Outros grupos feministas financiados pela fundação do magnata Soros incluem o fundo FRIDA e ‘O Closet da Irmã Joana’, que promove os “direitos sexuais e reprodutivos” de lésbicas e transexuais mulheres.
Alguns peritos de segurança apontaram que DCLeaks.com tem os sinais distintivos da inteligência russa, segundo Bloomberg News. A Fundação Open Society reportou ao FBI uma violação de sua segurança em junho deste ano. Uma investigação de uma assinatura de segurança teria encontrado que a intrusão se limitou ao sistema da Intranet usado pelos diretores da fundação, assim como sua equipe e sócios.
Fonte: Acidigital