Papa na missa em Skopje: prisioneiros da virtualidade, perdemos o gosto da realidade

Os católicos da Macedônia do Norte se reuniram na capital, Skopje, para um evento inédito: participar da primeira missa celebrada por um Papa no país.

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

Uma homilia profunda marcou a celebração da missa presidida pelo Papa Francisco na Praça Macedônia, em Skopje.

A reflexão do Pontífice foi inspirada no Evangelho de João: “Quem vem a Mim não mais terá fome e quem crê em Mim jamais terá sede” (Jo 6, 35).

“O Senhor veio para dar vida ao mundo e sempre o faz de uma maneira que consegue desafiar a mesquinhez dos nossos cálculos, a mediocridade das nossas expectativas e a superficialidade dos nossos intelectualismos”, afirmou o Papa.

Toda a multidão reunida ao redor de Jesus descobriu que a fome de pão tinha também outros nomes: fome de Deus, fome de fraternidade, fome de encontro e de festa partilhada.

Ao invés, prosseguiu o Papa, “nos habituamos a comer o pão duro da desinformação, e acabamos prisioneiros do descrédito, dos rótulos e da infâmia; julgamos que o conformismo saciaria a nossa sede, e acabamos por nos dessedentar de indiferença e insensibilidade; alimentamo-nos com sonhos de esplendor e grandeza, e acabamos por comer distração, fechamento e solidão; empanturramo-nos de conexões, e perdemos o gosto da fraternidade. Prisioneiros da virtualidade, perdemos o gosto e o sabor da realidade”.

Temos fome, Senhor

Portanto, devemos dizer com força e sem medo: temos fome, Senhor. “Fome de pão, fome de fraternidade, fome de Deus.” Somente esta fome vai nos tirar de nossos fechamentos e solidões, da indiferença e nos abrir para a ternura e a conversão.

Madre Teresa de Calcutá conhecia bem esta fome, a ponto de fundar a sua vida sobre dois pilares: Jesus encarnado na Eucaristia e Jesus encarnado nos pobres! Amor que recebemos, amor que damos. Ela sabia que o “amor de Deus e amor do próximo fundem-se num todo: no mais pequenino, encontramos o próprio Jesus e, em Jesus, encontramos Deus”, disse Francisco, citando a Encíclica Deus caritas est de Bento XVI.

O Pontífice então concluiu: “Encorajemo-nos uns aos outros a levantar-nos de pé e experimentar a abundância do seu amor; deixemos que Ele sacie a nossa fome e sede no sacramento do altar e no sacramento do irmão”.

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