Andressa Collet – Vatican News
O Papa Francisco, através de um telegrama, já havia feito a sua saudação a delegados e assistentes regionais e diocesanos da Ação Católica Italiana (ACR) em virtude da XVII Assembleia Nacional que começou no último domingo (25), em modalidade on-line, e depois de ser prorrogada por um ano devido à emergência sanitária da Covid-19. Nesta sexta-feira (30), o Pontífice recebeu na Sala Clementina, no Vaticano, um grupo de cerca de 80 pessoas do Conselho Nacional e da Presidência da associação de leigos.
O discurso do Pontífice aprofundou as palavras que compõem o próprio nome da ACR: ação, católica e italiana, em particular, no período atual marcado pela pandemia.
“Ação” do Senhor e com o Espírito, sem armadilhas
Ao começar a reflexão sobre “ação”, o Papa propõe repensar o que significa essa palavra, mas, sobretudo, por quem é realizada a ação. O Evangelho assegura, explica ele, que “o agir pertence ao Senhor”, o que não significa nos livrar da responsabilidade, “mas nos traz de volta à nossa identidade como discípulos-missionários”. Além disso, recorda Francisco, não se deve “nunca perder de vista o fato de que é o Espírito a fonte da missão: a sua presença é causa – e não efeito – da missão”, e ter muito cuidado para não cair “na ilusão do funcionalismo”: porque programas e organogramas são úteis, mas o que faz avançar o Reino de Deus é Espírito:
Dessa forma, os próprios percursos de formação da Ação Católica devem escutar e acolher o Evangelho, com uma forte ligação entre o que se escuta e o que se vive, principalmente, neste período de pandemia que impôs “a cada um de nós de enfrentar o inesperado”. O Papa aconselha “acolher o inesperado, em vez de ignorá-lo ou rejeitá-lo”, com as características que devem permear o serviço da associação de leigos, como: a humildade e mansidão, através de uma “presença fiel, generosa e responsável”; mas, antes de tudo, com a gratuidade.
“O impulso missionário não se coloca na lógica da conquista, mas naquela da doação. A gratuidade, fruto maduro do dom de si, pede a vocês que se dediquem às suas comunidades locais, assumindo a responsabilidade do anúncio; pede que vocês escutem os seus territórios, sentindo as suas necessidades, entrelaçando relações fraternas. A história da Associação é feita de muitos ‘santos da porta ao lado’, muitos!, e é uma história que deve continuar: a santidade é uma herança a ser preservada e uma vocação a ser acolhida.”
“Católica” como a proximidade
Ao abordar a palavra “católica” que qualifica a identidade da associação, o Papa explica que “a missão da Igreja não tem limites”. Assim como aconteceu com os discípulos, a tarefa da Ação Católica também deve ser de estar “com todos e para todos” (cf. Evangelii Gaudium, 273), acrescenta Francisco – e justamente porque vocês são uma associação de leigos, “uma riqueza para a catolicidade da Igreja”.
Além disso, “a experiência associativa de vocês é ‘católica’ porque envolve crianças, jovens, adultos, idosos, estudantes, trabalhadores: uma experiência do povo”, um “caráter popular” que não pode ser perdido e prejudicado pela indiferença e pela frieza, destaca o Papa. De fato, em toda a Itália, eles são convidados a viver e testemunhar o Evangelho no dia a dia, “em família, no trabalho, na escola, no serviço eclesial, no empenho político, cultural e social”, como lembrou o presidente nacional da Ação Católica, professor Matteo Truffelli, ao saudar Francisco na audiência.
“Italiana”: a experiência sinodal com a presença do Espírito
Francisco finaliza o discurso ao Conselho Nacional da Ação Católica refletindo sobre o termo ‘italiana’, uma oportunidade para “ajudar a comunidade eclesial da Itália a ser fermento de diálogo na sociedade”, afinal, “uma Igreja do diálogo é uma Igreja sinodal” que precisa ser “encarnada”, recorda o Papa. E quando se fala em sinodalidade, não significa “fazer um parlamento” só para discutir problemas através acordos para soluções pastorais: “isso é um belo parlamento católico”, mas não é sinodalidade, alerta o Papa, porque falta a presença do Espírito para se tornar uma experiência sinodal: “a oração, o silêncio, o discernimento de tudo o que partilhamos”.