Silvonei José – Vatican News
Depois de saudar na Sala Paulo VI, no Vaticano, dom Giuseppe Baturi, Secretário Geral da Conferência Episcopal Italiana, e dom Piero Coccia, Presidente da Fundação “Comunicação e Cultura” e da “Rete in Blu”, e todos os que trabalham nesses meios de comunicação da Conferência Episcopal Italiana, Francisco recordou que se passaram dez anos desde o último encontro e muita coisa mudou no cenário da mídia.
A inovação tecnológica transformou a maneira como o conteúdo é produzido, bem como seu uso; e agora a inteligência artificial “também está mudando radicalmente a informação e a comunicação e, por meio delas, alguns dos fundamentos da coexistência civil”.
Nesse turbilhão, – disse Francisco – que parece arrastar não apenas os operadores do setor, mas um pouco de todos nós, há, no entanto, alguns princípios que permanecem fixos, como estrelas para as quais olhar a fim de se orientar e não perder o rumo.
E, mais uma vez, o Papa enfatiza a importância de incorporar a fé na cultura, particularmente por meio do testemunho, contando histórias nas quais a escuridão ao nosso redor não apaga a luz da esperança. É fundamental lembrar e viver esse pertencimento.
Então Francisco indica três palavras para continuar no caminho de trabalho dos comunicadores.
A primeira é a proximidade. Todos os dias, disse – por meio da televisão ou do rádio – vocês estão próximos de muitas pessoas, que encontram em vocês amigos de quem podem receber informações, com quem podem passar um tempo agradável ou descobrir novas realidades, experiências e lugares. E essa proximidade também se estende aos territórios e subúrbios onde as pessoas vivem. Eu os encorajo a continuar a criar redes, a tecer laços, a contar as coisas boas e bonitas de nossas comunidades, a tornar protagonistas aqueles que geralmente acabam como figurantes ou nem sequer são considerados.
A comunicação – nós sabemos disso, frisou o Papa – corre o risco de se achatar a certas lógicas dominantes, de se curvar ao poder ou até mesmo de construir notícias falsas. E a advertência de Francisco: “não caiam na tentação de se alinhar, vão contra-a-corrente, sempre usando as solas de seus sapatos e conhecendo pessoas. Somente assim você poderá ser “autêntico por vocação”, como diz um de seus slogans. E nunca se esqueçam daqueles que estão à margem, os pobres, os solitários, os descartados.
A segunda palavra do Papa é coração. “Nos últimos anos, vocês a encontraram com frequência nas Mensagens para o Dia Mundial das Comunicações”. Pode parecer fora de lugar justapor o coração com o mundo tecnológico, como o mundo da comunicação é agora, mas tudo se origina daí.
“Não se pode observar um fato, não se pode entrevistar alguém, não se pode contar algo, a menos que se parta do coração”. De fato, a comunicação não se resolve na transmissão de uma teoria ou na execução de uma técnica, mas é uma arte que tem em seu centro a “capacidade do coração que torna possível a proximidade”.
Isso torna possível abrir espaço para o outro – afastando-se um pouco de si mesmo -, libertar-se das correntes do preconceito, falar a verdade sem separá-la da caridade. Nunca separe os fatos do coração! E depois, ter coragem. Não é por acaso que “coragem” deriva de cor (coração). Aquele que tem coração também tem a coragem de ser alternativo, sem se tornar polêmico ou agressivo; de ser confiável, sem ter a pretensão de impor seu próprio ponto de vista; de ser um construtor de pontes.
A terceira palavra é responsabilidade. Todos devem fazer sua parte para garantir que todas as formas de comunicação sejam objetivas, respeitem a dignidade humana e estejam atentas ao bem comum. Dessa forma, poderemos consertar as fraturas, transformar a indiferença em acolhimento e relacionamento.
A sua profissão tem o caráter de uma vocação: vocês são chamados a ser mensageiros que informam com respeito e competência, combatendo as divisões e a discórdia. E sempre lembrando que no centro de cada serviço, cada artigo, cada programa está a pessoa.
Prossigam nesse caminho, concluiu Francisco, lembrando-se do que seu patrono, São Francisco de Sales, costumava dizer: “Não é pela grandeza de nossas ações que agradamos a Deus, mas pelo amor com que as praticamos”.