As palavras de Jesus “nos colocam em crise diante do espírito do mundo e da mundanidade”, e “tudo o que temos no mundo não sacia a nossa fome de infinito”: foi o que disse o Papa Francisco na alocução que precedeu a Oração Mariana do Angelus neste domingo, 23 agosto.
O Santo Padre recordou nas suas palavras que se concluiu hoje a leitura do sexto capítulo do Evangelho de João, com o discurso sobre o “Pão da vida”, pronunciado por Jesus logo após o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes.
No final desse discurso, o grande entusiasmo do dia anterior se apagou, – sublinhou o Papa – porque Jesus tinha dito ser o Pão que desceu do céu, e que ele iria dar a sua carne como alimento e seu sangue como bebida, aludindo assim claramente ao sacrifício da sua própria vida. Essas palavras provocaram decepção no povo, que julgou indignas para um Messias não “vencedor”. Assim, alguns observavam Jesus como um Messias que devia falar e agir de modo que sua missão tivesse sucesso. Mas precisamente sobre isso erravam – continuou o Papa -, sobre a compreensão da missão do Messias! Até mesmo os discípulos não conseguem aceitar aquela linguagem inquietadora do Mestre. E a passagem do Evangelho deste domingo refere o desconforto deles: “Este discurso é duro; – diziam – quem o pode ouvir”?.
I“Na verdade, eles entenderam bem o discurso de Jesus. Tão bem que não querem ouvi-lo, porque é um discurso que põe crise a sua mentalidade. As palavras de Jesus sempre nos colocam em crise; em crise, por exemplo, diante do mundo, da mundanidade”.
Mas Jesus oferece a chave para superar as dificuldades; uma chave composta de três elementos:
“Primeiro, a sua origem divina: Ele desceu do céu e subirá “para onde estava antes”. Segundo: suas palavras só podem ser compreendidas através da “ação do Espírito Santo”, Aquele “que dá a vida”. Terceiro: a verdadeira causa da incompreensão de suas palavras é a falta de fé: “Entre vocês há alguns que não acreditam””.
De fato, a partir daquele momento, “muitos dos seus discípulos voltaram para trás”. Diante dessas deserções, – destaca o Papa – Jesus não poupa e não atenua suas palavras, ao contrário, obriga a fazer uma escolha precisa: ou estar com Ele ou separar-se d’Ele, e disse aos Doze: “Também vocês querem ir embora?”
Então naquele momento Pedro faz a sua confissão de fé em nome dos outros Apóstolos: “Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna”. Ele não diz “onde iremos?” – sublinha Francisco -,mas “a quem iremos?”.
O problema básico não é ir e deixar a obra iniciada, mas é a quem ir. Daquela interrogação de Pedro, entendemos que a fidelidade a Deus é uma questão de fidelidade a uma pessoa, a quem se liga para caminhar juntos na mesma estrada. E essa pessoa é Jesus.
“Tudo o que temos no mundo não satisfaz a nossa fome de infinito. Precisamos de Jesus, de estar com Ele, de nos alimentar à sua mesa, das suas palavras de vida eterna! Crer em Jesus significa fazer d’Ele o centro, o sentido da nossa vida. Cristo não é um acessório opcional é o “pão vivo”, o alimento essencial. Estar ligado a Ele, em uma verdadeira relação de fé e amor, não significa estar acorrentado, mas profundamente livre, sempre em caminho”.
Em seguida o Papa pediu que cada um se perguntasse:
“Quem é Jesus para mim? É um nome? Uma ideia? É apenas uma figura histórica? Ou é realmente aquela pessoa que me ama, que deu sua vida por mim e caminha comigo. Para você quem é Jesus? Você está com Jesus? Procura conhecê-lo na sua palavra? Lê o Evangelho todos os dias, uma passagem do Evangelho para conhecer Jesus? Carrega um pequeno Evangelho em seu bolso, bolsa, para lê-lo em qualquer lugar? Porque quanto mais nós estamos com ele mais cresce o desejo de permanecer com ele”.
Depois Francisco pediu para que todos fizessem um momento de silêncio e cada um em silêncio, no seu coração, se perguntasse: “Quem é Jesus para mim”. E em silêncio cada um respondesse em seu coração. “Quem é Jesus para mim?”.
Em seguida rezou a oração do Angelus e concedeu a todos a sua Benção Apostólica.
Fonte: Rádio Vaticano