Antes de julgar os outros, devemos olhar no espelho para ver como somos. Foi a exortação do Papa na missa matutina na Casa Santa Marta. O Pontífice sublinhou que aquilo que distingue o juízo de Deus do nosso não é a onipotência, mas a misericórdia.
O juízo pertence somente a Deus; por isso, se não quisermos ser julgados, nós também não devemos julgar os outros. Concentrando-se na leitura do Evangelho do dia, o Papa observou que ‘todos nós queremos que no Dia do Juízo, o Senhor nos olhe com benevolência, que se esqueça das coisas feias que fizemos na vida’.
Jesus nos chama de hipócritas quando julgamos os outros
Por isso, ‘se você julga continuamente os outros – advertiu – será julgado com a mesma medida’. “O Senhor – prosseguiu – nos pede para nos olharmos no espelho”:
“Olha no espelho… mas não para se maquiar, para que não se vejam suas rugas. Não, não, não é este o conselho… Olha no espelho para ver você mesmo, como é. ‘Por que olha o cisco que está no olho do seu irmão e não percebe a trave que está no seu? Como você pode dizer a seu irmão ‘Deixa eu tirar o cisco do seu olho, enquanto não presta atenção na trave que está no seu olho?’. E como nos define o Senhor, quando fazemos isso? Com uma só palavra: ‘Hipócrita’. Tira primeira a trave do seu olho, e só então, poderá ver direito e tirar o cisco do olho do seu irmão”.
Rezar pelos outros em vez de julgá-los
O Senhor, disse o Papa, podemos notar que “fica um pouco com raiva aqui”, nos chama de hipócritas quando nos colocamos no lugar de Deus”. Isto, acrescentou, é o que a serpente persuadiu a fazer Adão e Eva: “Se vocês comerem isso, vocês serão como Ele”. Eles, disse o Papa, “queriam tomar o lugar de Deus”:
“Por isso é feio julgar. O juízo é só de Deus, somente d’Ele! A nós o amor, a compreensão, rezar pelos outros quando vemos coisas que não são boas, mas também falar com eles: ‘Mas, olha, eu vejo isso, talvez …’ Mas jamais julgar. Nunca. E isso é hipocrisia, se nós julgamos”.
Em nossa opinião falta a misericórdia, só Deus pode julgar
Quando julgamos, continuou, “nós nos colocamos no lugar de Deus”, mas “o nosso julgamento é um julgamento pobre”, nunca “pode ser um verdadeiro julgamento”. “E por que – pergunta-se o Papa – o nosso não pode ser como o Deus? Por que Deus é Todo-Poderoso e nós não?” Não, é a resposta de Francisco, “porque em nosso julgamento falta a misericórdia. E quando Deus julga, julga com misericórdia”:
“Pensemos hoje no que o Senhor nos diz: não julgar, para não ser julgado; a medida, o modo, a medida com a qual julgamos será a mesma que usarão para conosco; e, em terceiro lugar, vamos nos olhar no espelho antes de julgar. ‘Mas aquele faz isso… isto faz o outro…’ ‘Mas, espere um pouco… ‘, eu me olho no espelho e depois penso. Pelo contrário, eu vou ser um hipócrita, porque eu me coloco no lugar de Deus e, também, o meu julgamento é um julgamento pobre; carece-lhe algo tão importante que tem o julgamento de Deus, falta a misericórdia. Que o Senhor nos faça entender bem essas coisas”. (CM-SP)
Fonte: Rádio Vaticano