Papa à FAO: alimentos não são mercadorias, mas um dom de Deus

Francisco volta a falar de pobreza e fome neste dia 17 de outubro, que também é de abertura do Fórum Mundial da Alimentação. Em mensagem dirigida à Organização para a Alimentação e a Agricultura da ONU, o Papa alertou que os alimentos não devem ser tratados como mercadorias, porque “são frutos da terra”, “dom de Deus”, e nós, “meros administradores”.

Andressa Collet – Vatican News

Uma segunda-feira, esta do dia 17 de outubro, pra se voltar à reflexão de uma conversão econômica tão fortemente exortada pelo Papa Francisco quando encontra públicos capazes de agir para tanto, pensando nos mais pobres e nas injustiças que assolam quem vive em situação de miséria no mundo. Como foi no encontro da manhã com empresários espanhóis no Vaticano, quando o Papa disse da importância de se contribuir no combate “à doença da miséria” com amor, sendo criativo no planejamento do trabalho e dando emprego aos pobres; ou através de uma mensagem enviada durante a tarde para a abertura do II Fórum Mundial da Alimentação da FAO.

A preocupação com as necessidades reais das pessoas

O texto do Pontífice, escrito em espanhol, foi dirigido ao diretor-geral da Organização para a Alimentação e a Agricultura da ONU, Qu Dongyu, mas direcionado a todos os participantes do evento e “àqueles que se comprometem e se esforçam todos os dias para erradicar a fome e a pobreza no mundo”. Na mensagem, o Papa procurou novamente enfatizar sobre o cuidado com o próximo e com a criação:

“A alimentação é fundamental para a vida humana, de fato, participa da sua sacralidade e não pode ser tratada como qualquer mercadoria. Os alimentos são sinais concretos da bondade do Criador e frutos da terra.”

Como disse em mensagens recentes à FAO, lembrou Francisco, “nossa primeira preocupação deve se concentrar no ser humano como tal, considerado em sua integridade e levando em conta suas necessidades reais, em particular aquelas que carecem do sustento básico para a sobrevivência”. Reconhecer e garantir a centralidade da pessoa humana, acrescentou ele no texto, sobretudo neste atual período de crises interligadas, é o desafio proposto pela mensagem de Cristo – inclusive para aqueles que não creem – de não apenas dar de comer a quem precisa, disse o Pontífice, mas de nos entregarmos a serviço dos outros: precisamos “voltar a acreditar na fraternidade e na solidariedade” como inspiração “da relação entre as pessoas e os povos”.

O alimento é dom de Deus

O Papa também citou o exemplo dos avós e “do respeito que tinham pelo pão; eles o beijavam quando o levavam para a mesa e não permitiam que nada fosse desperdiçado. O próprio Cristo, na Eucaristia, tornou-se pão, pão vivo para a vida do mundo (cf. Jo 6,51)”. Francisco, assim, demonstrou confiança nos frutos do Fórum Mundial da Alimentação “para que as iniciativas e decisões que contribuem para o bem e o futuro de toda a humanidade possam aumentar”:

“Respeitar os alimentos e dar-lhes o lugar preeminente que ocupam na vida humana só será possível se, além da preocupação com sua produção, disponibilidade e acesso, bem como com as medidas técnicas do comércio agrícola, tomarmos consciência de que são um dom de Deus do qual somos meros administradores.”

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