Jovens decepcionados com o Hamas (organização palestina, de orientação sunita, no poder desde 2007) e o Islã tentam levar a Gaza um novo vento de liberdade, para dar dignidade a milhares de pessoas confinadas entre as amarras das sanções israelenses e a “máfia” de islamitas. Esse é o movimento Tamarud Gaza, que nasceu da inspiração do Tamarud egípcio, que, em junho do ano passado, derrubou o presidente Mohamed Morsi. Mas Gaza não é Cairo ou o Egito. Os ataques e as ameaças do governo e da al-Qassam, seu braço armado, obrigaram os jovens a adiar a data da manifestação programada para 11 de novembro, o aniversário da morte de Yasser Arafat. Na condição de anonimato, o líder do Tamarud Gaza declarou a AsiaNews que “a população de Gaza está cansada da opressão do Hamas e deseja uma nova vida’: População acuada “Nossos afiliados — explicam suas lideranças — se articulam principalmente pelo facebook e outras redes sociais. Assim, entramos em contato com os meios de comunicação ocidentais’: Para os jovens palestinos, Gaza é um lugar enclausurado onde 1,5 milhões de pessoas vivem em condições infra-humanas. Falta eletricidade e água potável. As epidemias são frequentes. Entretanto, sem se importar com os problemas da população, o Hamas continua a gastar o dinheiro público para comprar armas e preservar seus efetivos e desfiles militares. “Após o golpe de Estado de 2007 — diz o Tamarud — o terror espalhou-se na Faixa de Gaza. Aumentaram os estupros, os assassinatos e a corrupção. Não há o Estado de Direito. Preceitos islamitas substituíram as leis do Conselho legislativo.
Corrupção e temor, sempre Há décadas, a maioria da população vive graças à ajuda internacional. O governo islâmico distribui recursos escassos aos moradores, e revende muito da ajuda para financiar seus negócios. Ninguém sabe o destino de quase 1,9 milhões de euros — doados nos últimos quatro anos pela União
Europeia e outros organismos internacionais —, que o Hamas dividiu com a Autoridade Palestina. Os Tamarud explicam que a maioria dos fundos é engolida pela corrupção. Mais de 50% da população da Faixa de Gaza está convencida de que o governo só pensa em si mesmo. Após a queda do presidente egípcio, Mohamed Morsi, que aconteceu graças aos Tamarud do Cairo, líderes do Hamas temem a revolta popular, como a que ocorreu no Egito. Há meses, as reuniões dos jovens Tamarud são secretas e apenas em mesquitas. Seus personagens mais em evidência circulam em veículo com vidros escuros para não ser reconhecidos.
Queremos direitos e liberdade Os jovens palestinos confessam que “desde nosso início, gangues contratadas pelo Hamas têm sequestrado e torturado dezenas de pessoas, acusando-as de trabalhar para o nosso movimento. Mas elas só exerciam os seus direitos. Os militares torturam e ordenam-lhes para não participar de nossa ação. O Hamas infiltra seus agentes em manifestações para criar pânico entre a multidão e provocar carnificina. “Queremos ser cidadãos da Faixa de Gaza — o jovem palestino conclui — queremos poder viver com dignidade e gozar de direitos e liberdade, de modo a melhorar as nossas condições de vida e a oferecer aos jovens oportunidades de emprego, como no resto do mundo”.
Fonte: Mundo e Missão