Com muitos fiéis seguindo a recomendação de não ir às missas e celebrações para evitar aglomerações de pessoas, por conta do coronavírus, muitos padres estão improvisando maneiras de levar esperança a quem está em casa. O portal da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) conversou com alguns deles para saber sobre suas experiências.
O pároco da Catedral Nossa Senhora de Belém, da diocese de Guarapuava (PR), padre Jean Patrik Soares, por exemplo, percorreu diversas ruas do centro da cidade, em carro aberto, levando o Santíssimo em procissão. No primeiro momento, ele afirmou ter se sentido solitário, pois muitas casas estavam com portas e janelas fechadas. Também afirmou sentir certa rejeição de algumas pessoas. “Elas não entendiam o que estava acontecendo, o que era aquilo”, explica.
O padre contou que percorreu as ruas com um carro de som com músicas de adoração, com o sino tocando. E que foi só depois, aos poucos, que as pessoas começaram a sair nas portas, nas janelas. “Foi um momento de muita emoção. Muitas pessoas se ajoelhavam, choravam, estendiam as mãos como se quisessem pegar”, disse.
Na oportunidade, o padre também passou pela região dos hospitais, onde, de acordo com ele, muitas pessoas acenaram das janelas, das portas. “O retorno principal eu tive depois com as redes sociais, nós tivemos mais de duas mil pessoas, acompanhando ao vivo, a ação”, contou.
Ele explica que o retorno foi positivo, pois muitas pessoas mandaram fotos e mensagens dizendo que estavam o acompanhando de suas casas. “Ao mesmo tempo em que eu me sentia sozinho ali com Jesus, por outro lado eu tive a alegria de saber que eu não estava sozinho, pois muitas pessoas estavam em sintonia, em conexão comigo, conectados virtualmente, mas principalmente na fé”, finalizou.
Em Natal, no Rio Grande do Norte, o padre Carlos Sávio da Costa Ribeiro, pároco da Paróquia Nossa Senhora dos Impossíveis, percorreu todas as ruas da paróquia com o Santíssimo Sacramento. Ele diz ter ficado emocionado com a comoção das pessoas que estão há um tempo em quarentena. “Quando eu ia passando com o Santíssimo, eu percebia esse desejo, essa vontade de se fazer presente para poder ver e chegar mais próximo da Eucaristia”, conta.
Ele disse que foi encorajado a percorrer as ruas após pedidos dos próprios fiéis que frequentam as missas. “Muitos deles me diziam que estavam com muitas saudades de poder ir à missa, de se encontrar com os irmãos, de comungar, de dar um abraço nas pessoas que gostam e que, de certa forma, convivem com eles”, disse.
O padre levou cinco horas para percorrer as ruas com o Santíssimo em cima de um carro. “As pessoas iam se colocando nas calçadas, muitas delas fizeram altares em suas portas com imagens, alguns prepararam pétalas de flores e quando o carro ia passando iam jogando na rua para acolher o Santíssimo, muitos se ajoelharam, acenaram”, disse.
Para ele, o momento foi muito especial, de muita oração e presença. “Jesus saiu da Igreja e como pastor foi em busca das suas ovelhas”, finalizou.
Em Aparecida, São Paulo, o padre Gustavo Geraldo Pereira Ângelo dos Santos, Vigário da Paróquia de São Roque, também percorreu as ruas da cidade com o Santíssimo Sacramento. “Nós percorremos todas as comunidades, as principais ruas de todas elas. Foi uma experiência muito gratificante, da presença de Deus em nosso meio”, disse. Ainda de acordo com ele, a intenção foi a de justamente fazer com que as pessoas sentissem Jesus andando no meio delas e abençoando suas casas.
Ouça o áudio do padre Gustavo relatando sua experiência
Também o padre Sedemir de Melo, da Paróquia do Divino Espírito Santo, da cidade de Camboriú (SC), contou sua experiência ao motivar as pessoas a saírem em seus portões e janelas, por meio de uma rádio local, para acompanhar a passagem do Santíssimo Sacramento. Ouça o áudio: