Foram dois grandes santos em espírito de oração e dolorosamente dedicados a uma chaga da Paixão de Cristo
O que o místico medieval São Bernardo de Claraval e o moderno monge São Padre Pio têm em comum?
Bem, ambos são santos e compartilham a recompensa eterna que Deus preparou para eles. Mas, além disso, os dois tiveram uma devoção sincera a uma chaga de Cristo.
SÃO BERNARDO DE CLARAVAL, um abade francês e místico que ajudou a renovar a Ordem de Cister, no século 12, relatou uma conversa que tivera com o Senhor que ficou registrada nas Atas do convento de Claraval. Ele orou, perguntando a Jesus qual tinha sido o seu maior sofrimento não registrado pelos homens; e o Senhor lhe respondeu:
“Eu tinha uma ferida no ombro, em que havia carregado a Cruz, e esta ferida era mais dolorosa que as outras. Os homens não fazem menção dela, porque lhes é desconhecida. Honrai-a, pois, e Eu vos concederei tudo o que me pedirdes por sua virtude. Todos aqueles que a venerarem, obterão a remissão dos seus pecados veniais e graças eficazes para alcançar o perdão dos pecados mortais que tiverem cometido”.
SÃO PIO DE PIETRELCINA, frade Capuchinho, padre e místico, morreu em 1968. Padre Pio era conhecido como um confessor e um homem santo que há mais de 50 anos manifestava as chagas de Cristo (os estigmas) em suas mãos e pés.
Em um livro publicado em língua italiana pelo convento de São Pio, intitulado Il Papa e Il Frate, o autor Stefano Campanella informou que o futuro São Pio tinha tido uma conversa muito interessante com Karol Wojtyla, o futuro Papa São João Paulo II.
De acordo com Campanella, Padre Wojtyla perguntou ao Padre Pio qual de seus ferimentos causou mais dor. Padre Wojtyla esperava que Padre Pio fosse dizer que era sua ferida no peito; mas em vez disso Padre Pio respondeu: “É o meu ferimento no ombro, que ninguém conhece e nunca foi curado ou tratado”.
Em 2008, 40 anos após a morte de Padre Pio, o autor Frank Rega escreveu sobre Padre Pio:
Uma vez em Padra [sic] tinha confiado ao irmão Modestino Fucci, agora o porteiro no convento de Padre Pio em San Giovanni Rotondo, Itália, que suas maiores dores ocorreram quando ele mudou de veste. Irmão Modestino, como Padre Wojtyla, pensou que o Padre Pio estava se referindo às dores do ferimento no peito. Então, no dia 04 de fevereiro de 1971, foi atribuído ao irmão Modestino a tarefa de fazer um inventário de todos os itens do falecido padre na cela do convento, e também os seus pertences nos arquivos. Naquele dia, ele descobriu que em uma das vestes do Padre Pio tinha um círculo de mancha de sangue na área do ombro direito.
Nessa mesma noite, o irmão Modestino pediu em oração ao Padre Pio que esclarecesse sobre o significado da camisa manchada de sangue. Ele pediu ao Padre para dar-lhe um sinal se Cristo realmente teve um ferimento no ombro. Em seguida foi dormir, despertando 1 hora da manhã com uma terrível, angustiante dor em seu ombro, como se tivesse sido cortado com uma faca até o osso do seu ombro. Ele sentiu que iria morrer de dor se continuasse, mas durou apenas um curto período de tempo. Em seguida, a sala se encheu com o aroma de um perfume celestial de flores – o sinal da presença espiritual de Padre Pio – e ele ouviu uma voz dizendo: “Isso é o que eu tinha que sofrer!”
São Bernardo de Claraval, depois de receber a mensagem de Cristo sobre a dor que experimentou em seu ombro, procurou promover devoção ao ferimento no ombro de Cristo, e escreveu esta oração:
Oração à Chaga do ombro de Cristo
Ó bom Jesus, Senhor e Redentor meu, que carregastes a pesada Cruz de todos os pecados do mundo e também os meus, pelos méritos da Chaga e dor que tal Cruz rasgou no vosso Ombro, eu Vos peço, humildemente, o arrependimento e perdão de todas as minhas culpas e a graça de morrer sem pecado. E lembrando o auxílio que Vos deu Simão Cireneu, aliviando o peso da vossa Cruz, peço-Vos ainda, em virtude da Chaga do vosso Ombro, que foi a primeira e a mais escondida do vosso sacrifício redentor, que susciteis no mundo muitas almas vítimas, a continuarem nelas a vossa Paixão e, pela generosidade do seu holocausto, suportado com amor heróico, resgagem muitos peadores, salvem muitos moribundos, e atraiam sobre a Terra uma chuva de Caridade e Pureza. Amém.
Fonte: Aleteia