A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) manifestou, em nome de todos os bispos, “sua mais profunda gratidão pelo abnegado serviço” que padre José Weber vem prestando “na música litúrgica e em muitas da ação evangelizadora”. Por ocasião dos 90 anos do missionário da Congregação do Verbo Divino com expressiva contribuição na música e na liturgia, a CNBB recorda algumas de suas contribuições para a ação evangelizadora.
“Por meio de seu trabalho musical, o Brasil tem infinitamente proclamado a boa nova da vida, celebrado a Campanha da Fraternidade e muitos outros momentos importantes na vivência e no anúncio do Evangelho”, afirmaram os membros da Presidência da CNBB em carta enviada ao padre José Weber, que fez aniversário no último dia 23 de setembro.
As Campanhas da Fraternidade e os hinários litúrgicos da CNBB têm muito de suas contribuições, com letras e músicas que marcam há mais de 50 anos a caminhada da Igreja no Brasil. É o caso das músicas “Prova de Amor“, “Eu vim para que todos tenham vida“, “O pão da vida, a comunhão” e “Eis o tempo de conversão”, que desde a década de 1970 se fazem presente nas celebrações em todo o país, a partir da vivência da Campanha da Fraternidade.
Para marcar as nove décadas de padre José Henrique Weber, será realizado, nesta quinta-feira, 29 de setembro, um concerto comemorativo, na Basílica Menor de Sant’Ana, em São Paulo (SP). O assessor de Música Litúrgica da CNBB, o irmão jesuíta Fernando Benedito Vieira, representará a Conferência no evento em homenagem ao nonagenário, que ocupou a função entre 1967 e 1983.
História de doação
O jornal O São Paulo publicou na edição de ontem, 28, uma matéria especial de Roseane Welter sobre o padre José Weber, que atualmente mora na capital paulista, junto dos padres idosos da Congregação dos Missionários do Verbo Divino. Alguns trechos dessa história de doação à Igreja são reproduzidos abaixo com adaptações. Confira aqui o texto na íntegra.
Padre José Henrique Weber completou 90 anos de idade no dia 23 de setembro. O Sacerdote da Congregação dos Missionários do Verbo Divino, Padres Verbitas, é formado em Música pelo Pontifício Instituto de Música Sacra em Roma, com ênfase em canto gregoriano e composição, e especialista em Música pelo Institut Catholique de Paris, na França. Foi ainda assessor de Música Litúrgica da CNBB.
Nascido em Anitápolis (SC), é filho de Samuel Henrique e Benta Matos dos Santos Weber. Na Paróquia São Bonifácio, recebeu os sacramentos do Batismo, Eucaristia e Crisma. Ele recordou que, na sua infância, por causa das distâncias, na sua comunidade eclesial havia missa a cada dois meses, e que, aos domingos, seu pai era quem conduzia a “reza” do Terço e puxava as “cantorias”.
Era desejo de seu pai que um dos nove filhos seguisse a vocação religiosa. Aos 10 anos de idade, José Henrique ingressou no Seminário Menor dos Missionários do Verbo Divino, em Ponta Grossa (PR), onde cursou as etapas do antigo Colegial. Com 16 anos, foi para o Seminário no bairro de Santo Amaro, onde professou os votos religiosos temporários, estudou Filosofia e Teologia e foi ordenado sacerdote em 1959.
No seminário, era responsável por tocar os instrumentos musicais e ensinar aos demais seminaristas. Aos 16 anos, já tocava harmônio e dirigia a banda do seminário, com 25 instrumentos.
“A música é um dom de Deus. Sinto que sou um missionário Verbita que canta a essência da Palavra de Deus unida à Liturgia. Essa é minha missão na Igreja”, afirma.
Recém-ordenado, ele foi enviado a Roma para estudar Música no Pontifício Instituto de Música Sacra, onde se dedicou por oito anos ao Canto Gregoriano e Composição. No mesmo período, por dois anos, foi bibliotecário da Biblioteca de Música do Instituto.
Entre 1967 e 1983, foi assessor de Música Litúrgica da CNBB. Como compositor litúrgico, já musicou todo o Novo Testamento, inclusive a literatura epistolar do Apóstolo Paulo. São de sua autoria músicas para as Campanhas da Fraternidade e do hinário litúrgico, por exemplo.
Padre Weber também se destacou no trabalho intenso que desenvolveu para a tradução dos Salmos e sua posterior musicalização para a edição brasileira da Liturgia das Horas.
Para ele, “o canto litúrgico tem a função de promover a comunhão, a alegria e a esperança. É uma via do encontro de Deus conosco e do encontro pessoal com Cristo”. Frisou, também, que “a música litúrgica expressa a natureza da própria ação sacramental”.
Atualmente, padre Weber se dedica, juntamente com o maestro Delphin Rezende Porto, a convite da Escola de Cantores da Catedral da Sé, em São Paulo, à composição de novas músicas para as antífonas do Missal Romano.
“Estamos procurando fazer o melhor para que a música litúrgica seja a expressão de fé do povo católico”, afirmou recordando o intenso trabalho na Catedral de São Paulo e, também, as gravações e produções musicais que estão em andamento.
Weber ainda destacou em sua entrevista ao O São Paulo que “a música é uma arte construída ao longo dos séculos e que ela não pode ser artigo de museu preso ao passado, mas atualizada ao contexto atual sem perder a essência”. Ele se diz feliz com todo o legado que deixa e com o lançamento de mais um livro “O canto e a música litúrgica no pós-Concílio”.