Os valores humanos e os valores Divinos

    Deus se manifestou aos homens na maravilhosa obra da criação (Rm 1,19-20). Portanto, bastaria aos ser racional contemplar a natureza para atinar com o Criador de todo. Entretanto, isto nem sempre aconteceu. Através dos tempos o desconhecimento Deus e, até, sua negação com as várias formas de ateísmo mostram que a inteligência humana, por causas diversas, não atinge sempre a Sabedoria eterna do Ser Supremo. Deus, porém, pela revelação dispôs de meios para salvar aqueles que aceitam seus caminhos.  Estes são diferentes dos caminhos humanos. Há, inclusive, uma diferença radical no julgamento dos valores entre os que são do mundo e os que são do Espírito Divino. Aquele que crê passa a possuir critérios contrastantes com o modo ver meramente terreno. A sabedoria divina através da fé mostrou que a salvação reside unicamente em Cristo, o que leva ao conhecimento de Deus. Todas as formas de redenção propostas pela razão nunca satisfizeram os anseios humanos e levam inclusive a erros clamorosos. Todas as vezes que há uma procura da felicidade fora de Cristo a decepção será inevitável. A doutrina do Mestre divino é a bússola a guiar rumo à autêntica ventura. É que o Redentor veio a este mundo para fazer dos homens, verdadeiramente, filhos de Deus, seres novos em condições de se tornarem aptos para estarem um dia na Casa do Pai. Este foi o desígnio soteriológico de Deus. É preciso então uma visão espiritual, pois a segunda vinda de Cristo para o juízo final mostrará definitivamente a superioridades dos valores divinos. Com Cristo o homem se reconcilia com Deus e com a ressureição final ocorrerá a plenitude da salvação. Isto supõe o rompimento com tudo aquilo que vai frontalmente contra os preceitos do Senhor. Estes mandamentos são desprezados e há a exaltação de prazeres efêmeros.  Para muitos há desta forma uma fixação na matéria em oposição ao espírito.  Ora, justamente Cristo veio para libertar o homem da servidão do pecado e da morte para transformar cada um no homem espiritualizado. Dá-se, em consequência, uma ruptura entre a mentalidade do mundo e maneira de ser dos creem na vida eterna.  É só percorrer as oito bem-aventuranças e se percebe logo o abismo que há entre o espírito de Jesus e o espírito do mundo. (Mt 5,2-22). Jesus exalta os desapagados dos bens terrenos os quais o mundo exalta. Haja visto, por exemplo,  o acúmulo assombroso  de dinheiro haurido na corrupção e a ganância em se possuir quantias fabulosas para um luxo desnecessário . Os magnatas ignoram que se deve ater aos bens eternos e não aos que passam. Cristo pregou a mansidão que confronta com as guerras e as crimes mais bárbaros contra a vida humana. O Filho de Deus afirma que são felizes os que choram arrependidos de seus pecados, enquanto as mensagens mundanas exaltam as mais baixas ações cometidas sem o mínimo  temor de Deus e sem remorso algum.  Reina no mundo as injustiças, mas os que são de Jesus abominam toda espécie de desvio moral. O reino de amor de Cristo se opõe à repulsa dos deserdados da fortuna. Cristo chamou os pacíficos de Filhos de Deus, mas o panorama da História apresenta da parte dos filhos das trevas lutas fratricida por toda parte. No trânsito matam, atropelam e, agitados, irradiam a infelicidade.  Ante o espetáculo degradante da mídia através de filmes, novelas pornográficos, perante uma internet poluída com sites imorais uma aclamação: “Bem-aventurados os puros, porque verão a Deus!” Cristo diz que são felizes os que são injuriados, perseguidos, por serem dele e são exatamente os mundanos os protagonistas destas injúrias, perseguições e difamações. Estes se julgam felizes com atitudes tão desumanas, mas o reino dos céus será possuído por aqueles que o mundo despreza e massacra.  A  ética do Evangelho é inteiramente diversa da moral mundana. O poder do Espírito, porém, arrasta multidões que fogem  das seduções   ilusórias de uma falsa ventura que não satisfaz os mais recrescentes anelos do ser racional.    

    *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.