Os impostos que pagamos

    Na sociedade, pagamos impostos e taxas. Muitos impostos e muitas vezes. Mas, sejamos realistas. Os mais altos impostos não são os que pagamos ao Estado para que este construa estradas melhores, cuide das escolas e da saúde pública, cuide da segurança, ajude os mais necessitados e tantas outras coisas necessárias que apenas o Estado pode e deve realizar. Há muitos outros impostos que não pagamos sob a forma de dinheiro e que são igualmente muito importantes. Quantas vezes, por respeito humano, não nos atrevemos a dizer o que verdadeiramente pensamos, preferindo nos calar, guardar silêncio?
    É então que pagamos um imposto muito alto, vendemos nossa própria autenticidade, nossa liberdade. Tudo isso para que os demais continuem nos aceitando, tudo isso para nos adaptarmos a eles.
    Pagar imposto a César não era apenas dar-lhe a moeda. Era tornar-se servo dele, obediente a suas normas. Significava ser seu escravo. Por isso, Jesus pergunta ironicamente de quem era a efígie que aparecia na moeda. Se fosse de César, então que se devolvesse a moeda a César. Mas, a César devia-se dar apenas o dinheiro, não a vida, nem a honra e nem a liberdade. Tudo isso pertence a Deus e a ninguém mais. A vida, a honra e a liberdade são os dons que Deus colocou em nossas mãos. É nossa responsabilidade devolvê-los a Deus acrescidos, cuidados e elevados a sua plenitude. Este é o imposto que foi preparado para nós por Deus: que levemos nossa vida e nossa liberdade a sua plenitude.
    O Evangelho do vigésimo domingo de Tempo Comum nos coloca uma questão básica: a quem servimos? A quem pagamos os impostos mais valiosos? Não nos referimos aos que pagamos ao Estado. Esses são necessários. Nós os pagamos com dinheiro. Os mais importantes são os que pagamos ao “que dirão de nós os outros” ou ao egoísmo. Esses nós os pagamos com nossa liberdade, renunciando a ela. No final, terminamos como escravos desses senhores. E renunciamos aos melhores bens que Deus nos deu: a liberdade e a vida plena
    Jesus nos pede que não nos esqueçamos de dar a Deus aquilo que é de Deus: a vida que vivemos, a vida de nossos irmãos e a liberdade a que somos chamados. Todos esses dons de Deus pertencem a Ele. E, no final, quando chegar o momento derradeiro, deveremos devolvê-los a Ele, enriquecidos e levados à plenitude: a nossa vida, a de nossos irmãos, a nossa liberdade e a de nossos irmãos.